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quinta-feira, 26/03/2009
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Governo do Estado de São Paulo inaugura, no centro da capital, espaço interativo dedicado à ciência

O Catavento fica no Palácio das Indústrias, totalmente remodelado, e é fruto de parceria entre as Secretarias Estaduais da Cultura e Educação “Ora, direis, ouvir estrelas…”, escreveu Olavo Bilac para […]

O Catavento fica no Palácio das Indústrias, totalmente remodelado, e é fruto de parceria entre as Secretarias Estaduais da Cultura e Educação

“Ora, direis, ouvir estrelas…”, escreveu Olavo Bilac para iniciar o que viria a ser um dos seus poemas mais famosos. O que para o poeta era um recurso lírico tornou-se realidade no século XXI, no centro da cidade de São Paulo. No Catavento, espaço interativo de artes, ciência e conhecimento que o governador José Serra inaugurou hoje (26/3), no antigo Palácio das Indústrias, é possível não só ouvir as estrelas como tocar um meteorito de verdade, encontrar Gandhi em uma escalada, conhecer o corpo humano por dentro, entender como funciona um gerador de energia ou ainda descobrir que o sol, visto de perto, não é tão redondo como parece quando estamos na praia. O evento conta com a presença do secretário de Cultura João Sayad, da secretária de Educação Maria Helena de Guimarães de Castro e do presidente do Conselho de Administração da OS Catavento Cultural e Educacional, Sérgio de Freitas.

Dizer que o Catavento é um mundo pode soar como lugar comum, mas poucas vezes uma frase feita foi tão bem colocada. Em 8 mil metros quadrados de atrações e 250 instalações diferentes, o visitante se depara com o mundo de fato: aquele que o homem encontrou, digamos, pronto, e aquele que ele forjou com seu engenho e arte. A impressão é de que nada ficou de fora: do átomo ao maior planeta do sistema solar. Do menor inseto aos maiores animais da Terra, das leis da física às transformações químicas, do ecossistema à questão da preservação ambiental. Tudo apresentado didaticamente, de maneira lúdica. Mostrando cuidado com os detalhes, as seções ganham iluminação e sons diferentes, contribuindo para criar uma atmosfera ainda mais envolvente.

São quatro seções: Universo, Vida, Engenho e Sociedade. Em todas, vídeos, painéis e maquetes são utilizados como suporte didático, mas o que surpreende é a interatividade de algumas instalações. Podem ser ideias simples, como forjar o chão da lua com a pisada do astronauta Neil Armstrong: colocar o pé por cima dela é inevitável. Ou, então, apertar uma das estrelas que compõem a bandeira do Brasil e saber qual Estado ela representa: um misto de astronomia e geografia. Girar uma manivela e fazer uma pequena cidade inteira se iluminar, com o funcionamento de uma hidrelétrica em miniatura. Experimentar sensações ópticas numa “casa maluca” ou ainda compreender como funciona a eletricidade estática fazendo os cabelos ficarem, literalmente, em pé.

Algumas das instalações interativas podem ser manipuladas sem ajuda – painéis explicam como fazê-lo. Outras necessitam de guias. São os educadores e monitores que interagem nas atividades: eles organizam os jogos de perguntas e respostas, demonstram experimentos de química, ajudam a manipular as engenhocas que comprovam as leis da física, organizam o cinema 3D, explicam as ilusões de óptica, enfim, complementam a experiência do aprendizado com competência e simpatia. No espaço dedicado à nanotecnologia, por exemplo, são eles que promovem uma verdadeira gincana com a garotada, que vai ao delírio. Os gritos de entusiasmo podem ser ouvidos pelos corredores. Aprender pode ser divertido. E muito.

Uma parceria entre as Secretarias de Educação e Cultura

Inspirado nos principais espaços dedicados à iniciação científica do mundo, o Catavento, inaugurado pelo governador José Serra, teve investimento total de R$ 20 milhões. Fruto de uma parceria entre as Secretarias de Estado da Cultura e da Educação, o espaço será administrado pela Organização Social Catavento Cultural e Educacional, sob a supervisão da Secretaria da Cultura. “Existem muitos museus e espaços voltados para o ensino e divulgação do conhecimento científico no mundo e na América Latina, e no Brasil, o Catavento pretende ser o nosso espaço de referência”, explica João Sayad, secretário de Estado da Cultura.

O espaço fará parte do programa “Cultura é Currículo”, da Secretaria da Educação, cujo objetivo é democratizar o acesso de professores e alunos da rede pública estadual a bens e produções culturais e diversificar situações de aprendizagem. “O Catavento é um espaço social e cultural, rico em objetos e ambientes de aprendizagem interativos e informais. É uma verdadeira escola viva, que ajuda a compreender como as coisas funcionam, não só para as crianças, mas a todos que quiserem entender mais sobre o mundo da Ciência”, afirma Sergio Freitas, presidente do Conselho de Administração da OS Catavento Cultural e Educacional.

A estimativa é de que o Catavento receba, até o final do ano, cerca de 15 mil alunos da rede pública estadual, além dos professores que os acompanharão. O espaço será um precioso complemento às atividades de ensino e os alunos poderão voltar mais de uma vez. Se estiverem estudando biologia, concentra-se a turma na ala em que o tema é abordado. Se é física, o mesmo. E assim por diante. Dessa maneira, o professor poderá “mostrar” aos alunos os conceitos apresentados em aula e gerar uma discussão mais efetiva sobre os temas. “São Paulo ganha espaço único no Brasil, unindo educação e ciência. Os estudantes de todo o Estado têm muito a ganhar. Há atrações para diferentes faixas etárias, sempre com a preocupação de ganho pedagógico”, afirma a secretária de Estado da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro.

Algumas atividades monitoradas – que devem ser agendadas na visita – duram mais de 1 hora. Ou seja, a visita completa pode levar um dia inteiro e, mesmo assim, o visitante fica com a sensação de que faltou ver algo. Todas as seções possuem entradas independentes. Se o desejo for esmiuçar o Universo, o visitante pode ater-se a esta área e voltar em outra oportunidade para conhecer o restante. Se optar pela visita completa, a trajetória garante acesso a áreas livres do Palácio das Indústrias, o que areja o passeio e dá ao visitante a oportunidade de apreciar a arquitetura monumental da construção. O claustro, espécie de jardim interno, abrigará um café – que deve ser instalado até agosto deste ano.

O Catavento contou com o apoio de várias instituições – o Instituto de Astronomia da USP, por exemplo, forneceu materiais e apoio técnico para toda a área do Universo; já a Fundação Faculdade de Medicina entrou com a didática para a explicação das maquetes da instalação “Homem Virtual”, além dos filmes projetados na mesma seção; especializado em educação sexual, o Instituto Kaplan, por sua vez, desenvolveu a instalação sobre gravidez na adolescência e DSTs, enquanto a Escola Politécnica da USP criou o “Passeio Digital”, uma viagem em 3D pelas paisagens do Rio de Janeiro.

Além das instalações, o Catavento possui um auditório com 180 lugares para palestras e cursos e um estúdio de TV. A visita ao espaço é recomendada para crianças a partir dos seis anos, mas é preciso dizer que o Catavento é uma atração para adultos de qualquer idade. Apenas a instalação sobre sexualidade é restrita a adolescentes, a partir de 13 anos. Espera-se que no primeiro ano de funcionamento o espaço receba mais de meio milhão de visitantes de todas as partes do Brasil.

Em tempo: o poema “Ora (direis) ouvir estrelas!”, de Olavo Bilac, pode ser lido na íntegra no Catavento: ilustra a instalação em que o visitante, com fones de ouvido, curte o intrigante som das estrelas. Para conseguir extrair “sons das estrelas”, a radiação eletromagnética, que possui uma freqüência determinada, é transformada em onda sonora, utilizando esta mesma freqüência. Isso pode ser feito para qualquer tipo de objeto celeste. No caso do Catavento, há sons de pulsares (que são estrelas em estágio final de vida), de luas de planetas do Sistema Solar, entre outros sons do Universo.

Alguns destaques do Catavento:

Ø Uma maquete de 1,2m de diâmetro mostra detalhes do Sol. Ao contrário do que percebemos, a superfície do Sol é repleta de rugosidades e estruturas granulares.

Ø Dezenas de fibras ópticas simulam o céu de uma noite estrelada de inverno em São Paulo. Os visitantes se acomodam em pufes e, com a ajuda de monitores, fazem o reconhecimento das principais constelações utilizando uma carta celeste.

Ø Com tecnologia desenvolvida pela Poli/USP, é possível fazer uma viagem aos planetas, às Luas do Sistema Solar e satélites artificiais que orbitam a Terra.

Ø Fragmento de meteorito encontrado na Argentina. Acredita-se que ele caiu na Terra há cerca de 6 mil anos. Foi comprado em Paris, de um especialista no assunto.

Ø O visitante se posiciona em uma marcação e tem a visão do Cruzeiro do Sul conforme a sua altura. Isso mostra que o desenho formado pelas constelações seria diferente se estivéssemos em outro lugar do Universo.

Ø Uma série de botões pode ser acionada na Bandeira do Brasil para que o visitante descubra a qual estrela corresponde àquele Estado.

Ø Uma caverna que reproduz as formações e sons comuns.

Ø Aquários de água salgada, anêmonas, corais e peixes carnívoros e venenosos.

Ø É possível conhecer as estruturas do corpo humano em imagens tridimensionais: projeto realizado pela Faculdade de Medicina da USP.

Ø Instalação com 700 borboletas amazônicas.

Ø Canto dos pássaros: o visitante pode selecionar pássaros em uma tela de computador e escutar, com fones de ouvidos, os respectivos cantos.

Ø Aranhas e escorpiões podem ser observados através de lupas.

Ø Crianças podem observar simultaneamente, com auxílio de um monitor, as estruturas celulares num microscópio com aumento de até 1000 vezes.

Ø Um prisma mostra a decomposição da luz branca nas sete cores que vemos no céu.

Ø O visitante pode entrar numa Bolha de Sabão ou ainda, sem tocá-la, ver uma bexiga estourar.

Ø A instalação “Eletromagnetismo” deixa os cabelos em pé, literalmente!

Ø Na instalação de “Mecânica” é possível ter essa sensação de girar até fica tonto.

Ø Salão Azul – o espaço foi preservado conforme o projeto de restauro realizado por Lina Bo Bardi, em 1992 – e é a parte mais interativa do espaço. Nele há jogos de perguntas e respostas com temas atuais, como aculturação de povos indígenas; o painel Portinari, no qual, com a ajuda de um pincel com sensor infravermelho, o visitante “pinta” a parede, revelando obras do pintor e informações sobre os fatos históricos. A galeria de personagens históricos, na qual o visitante escala uma parede e aproxima-se de retratos de personagens como Gengis Khan, Julio Cesar e Gandhi, que contam suas vidas e aventuras e História das Histórias, um jogo em que cada participante deve tomar decisões estratégicas sobre temas da História Mundial.

Ø O Passeio Digital mostra o Rio de Janeiro em 3D.

Ø Na Nanoaventura, divididos em grupos, os visitantes realizam uma competição de conhecimento e agilidade a respeito de microorganismos e objetos minúsculos.

Ø No Laboratório de Química, monitores e visitantes realizam experiências simples.

Ø No espaço Alertas – conhecer para Prevenir, o jovem visitante apreende sobre a prevenção da gravidez e DSTs. As dinâmicas da sala são realizadas pelo Instituto Kaplan. Reservado a jovens maiores de 13 anos.

SERVIÇO:

Catavento

Onde: Palácio das Indústrias – Parque Dom Pedro II, região central da capital

Quando: De terça a domingo, das 9h às 17h (bilheteria fecha às 16h)

Quanto: R$ 6 e meia-entrada para estudantes e idosos (pagamento só em dinheiro)

Idade mínima para visitação: recomendado para crianças a partir de seis anos

Como chegar: informações no www.cataventocultural.org.br/mapas.asp

Acesso por transporte público: estação de metrô Pedro II e terminal de ônibus do Parque Dom Pedro II

Estacionamento: capacidade para 200 carros. Até 3 horas (somente para visitantes do Catavento): R$ 8

Infraestrutura: acesso para pessoas com deficiência locomotiva; possui ar condicionado