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sexta-feira, 01/07/2005
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Grupo de escola estadual de Ribeirão Pires se apresenta em Joinville

No início, eram apenas 10 alunos da 7ª série, reunidos por uma professora de Ciências apaixonada por dança. Os ensaios aconteciam nos intervalos das aulas. Cinco anos depois, o grupo […]

No início, eram apenas 10 alunos da 7ª série, reunidos por uma professora de Ciências apaixonada por dança. Os ensaios aconteciam nos intervalos das aulas. Cinco anos depois, o grupo de Dança de Rua da Escola Estadual João Roncon, da cidade de Ribeirão Pires, a 65 quilômetros da Capital, conta com mais de 100 jovens.

Em comum, a atração por movimentos rápidos, pela música tecno, e o orgulho de representar a escola. Afinal, eles fizeram questão de dar o nome dela ao grupo. E agora, ganharam um prêmio empolgante: o convite para se apresentar no Festival de Dança de Joinville, em Santa Catarina. É um dos mais importantes do Brasil, reconhecido pela programação diversificada que promove a troca de experiências entre estudantes e profissionais de dança.

 

 

 

 

 

“Aqui eles estão ocupados, ensaiam bastante, têm disciplina. É uma forma de não ficarem ociosos, no meio da rua”, diz a professora Sonia Aparecida Cabral, idealizadora do grupo. A união é tanta que vários ex-alunos continuam dançando. Das 40 pessoas do grupo principal, com idades entre 13 e 22 anos, oito não estudam mais na escola João Roncon. Outros sete integrantes são da comunidade.

DANÇANDO E APRENDENDO

A história de Thiago da Silva Alves, de 17 anos, reflete bem a transformação que a dança pode fazer na vida dos estudantes. O jovem admite que já aprontou muito. “Me envolvi com pichação, bolava aula, e quase tive contato com drogas”, confessa. “Até que entrei para o grupo de Dança de Rua. Virei outra pessoa. Minhas notas melhoraram muito. Meu comportamento em casa e no colégio também.” Thiago não está mais na escola, mas ainda faz parte do grupo, tornando-se um dos 12 monitores voluntários, responsáveis por ensinar outros jovens. Ainda este ano, Thiago vai prestar exame para faculdade de Administração de Empresas. “Dançando, ocupo a minha cabeça, esqueço as coisas erradas. Mudei bastante… para melhor.”

 

 

 

 

 

Parte da mudança no comportamento dos jovens veio com a chegada da psicóloga Carla Aparecida Nozaki, que trabalha como voluntária do grupo há 5 meses. “Converso com eles em grupo ou individualmente. E tento auxiliá-los para que eles descubram os vários caminhos que existem para seguir”, diz Carla.

FIM DA TIMIDEZ E MAIS SAÚDE

Sempre que pode, a auxiliar de produção Rosângela Dias faz questão de assistir aos ensaios da filha Juliana, de 10 anos, aluna da 5ª série da Escola Estadual João Roncon. “Quando minha filha entrou no grupo, tinha atrofia nas pernas e fortes dores na coluna. O médico recomendou que ela fizesse exercícios”. Em poucos meses, o resultado surpreendeu Rosângela. “As dores acabaram, e hoje ela leva uma vida normal, bem diferente de antes. Sem contar a timidez, que simplesmente foi embora.” E Juliana confirma. “Antes, não falava nada. Agora, falo como um papagaio. Minha mãe precisa até me mandar parar”, diz a menina, entre uma risada e outra.

DISCIPLINA E RECONHECIMENTO

As seis horas de ensaio, duas vezes por semana, trouxeram, além de muitos convites para vários eventos e campeonatos, nada menos que 22 troféus. Melhor figurino, melhor coreógrafo… Os títulos não param de chegar.

 

 

 

 

 

O próximo desafio, marcado para julho, será também a primeira viagem do grupo para fora do Estado. Eles foram selecionados para participar da mostra “Palcos Abertos”, no 23º Festival de Dança de Joinville, incluído na edição 2005 do Guinness como o maior do mundo.

Estar na capital da dança, ainda que seja para se apresentar, sem competir, já é um prêmio e tanto para um grupo que começou informalmente, entre uma aula e outra. “Mais do que o resultado artístico, o que nos importa de verdade é o crescimento de cada um dos participantes como ser humano”, diz a professora que iniciou o trabalho.

A apresentação do Grupo de Dança de Rua EE João Roncon no 23º Festival de Dança de Joinville está marcada para o dia 26 de julho.

Celso Bandarra