A principal pauta do I Encontro de Formação do GT do Ensino Médio e EPT, que terminou hoje (12) na EFAPE, foi pensar o Ensino Médio. Ao longo de três dias, 150 técnicos, coordenadores, secretários e diretores das 27 secretarias de estado do Brasil – e do Distrito Federal – participaram de dinâmicas, imersões temáticas e palestras. Eles representam os mais de 2,5 milhões de professores de todo o Brasil, sendo a grande maioria – mais precisamente 2,192 milhões, pertencentes à Educação Básica.
Os números são grandes, podem parecer confusos, mas só ajudam a imaginar complexidade e importância da educação no país e em São Paulo. E se uma situação é complexa, ela pode ser vencida por meio da união: trabalho em equipe, processos, organização, metas a serem batidas e flexibilidade para acomodar tantas mentes diferentes em prol de um único objetivo.
A união na Educação se traduz na cooperação entre municípios, Estado e União. Eles precisam caminha juntos para que o Ensino Médio seja abrangente e, ao mesmo tempo, local.
O conteúdo que o jovem aprende na escola em Franca, conhecida pela sua indústria de sapatos, certamente será diferente do conteúdo em São Bernardo do Campo, com suas tradicionais indústrias. Em Cananéia, na Diretoria de Ensino de Miracatu, uma eletiva de pesca ambiental dialoga mais com o aluno do que a mesma matéria em Tupã, por exemplo. Ao mesmo tempo, o jovem de todos os municípios precisa sair preparado para enfrentar a vida de cabeça erguida e também o vestibular das principais universidades da região.
“Trouxemos uma base comum que é a expectativa de todos, o que todos querem, e também ouvimos a especificidade de cada um. Essa dinâmica serve para aprendermos que precisamos respeitar as ideias diferentes, as visões diferentes e as experiências que cada um traz”, explica Anna Penido, especialista em educação e mediadora de todas as atividades no evento da EFAPE.
Atividades lúdicas e dinâmicas dão o tom da reunião
Na segunda-feira, uma dinâmica separou os 150 técnicos em 10 grupos de 15 pessoas. De diferentes estados e cargos, eles precisavam se apresentar e falar o que mais desejavam para o estado que atuavam. Charles Gonçalves, da Seduc de Minas Gerais, tinha como prioridade formar profissionais, jovens que pudessem ir ao mercado de trabalho. Já Maria Souza, vinda de Pernambuco, queria um Ensino Médio mais voltado às questões emocionais.
“Na base da conversa, a gente pode mudar nossa realidade e nosso estado, sempre com um olhar para a aprendizagem”, pontua Maria Souza, articuladora de itinerários na Seduc de Pernambuco. Em outra dinâmica, os técnicos se uniam para jogar um jogo de tabuleiro. Ao jogar um dado, anda-se uma casa e tira uma carta do baralho, com uma tarefa, envolvida na formação de um itinerário formativo para as escolas.
“É interessante, porque eu tenho uma visão de que o Ensino Médio precisa ser mais técnico e racional. A minha colega pensa que o foco é despertar a consciência críticas nos jovens, reforça Flávia Felix Meira, diretora de formação básica da Seduc de Minas Gerais. “Descobrimos que podemos chegar ao mesmo objetivo da mesma maneira, com um itinerário formativo específico”.
O restante das dinâmicas na EFAPE, como palestras, Estações de diagnósticos e imersões temáticas, tiveram esse objetivo bem definido de plantar a sementinha da união ente as pessoas que participam e convivem com os problemas e demandas do dia-a-dia, sem distinção de crachá. “Estadual, municipal e federal precisam estar sempre unidos, pensando numa rede pública que coloque a formação e aprendizagem do jovem em primeiro lugar”, explica Andrei Alcântara, articulador da Seduc de Goiás.
O encerramento do evento, que aconteceu na tarde da quarta, foi mais prático. Cada profissional saiu com uma “tarefa de casa”, que é desenhar uma proposta de composição de grades do Novo Ensino Médio – respeitando a BNCC – para seu estado e cidade. Em São Paulo, essa tarefa precisa estar dentro do Inova Educação, com as eletivas, a matéria de tecnologia e o projeto de vida. No II Encontro, a ser definido, essas tarefas serão coladas numa grande colcha de retalhos que mudará, de forma decisiva, a educação e o papel do cidadão no Brasil.