Um grupo formado por seis estudantes da rede estadual paulista viajou para os Estados Unidos no início de 2018. Lá, os representantes brasileiros participaram de ações dentro do Programa Jovem Embaixador. A aluna Ingrid Carolina Soto Escobar Ribeiro foi uma desses alunos e desenvolve um voluntariado que visa melhores condições para as pessoas refugiadas que procuram abrigo no Brasil.
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Atualmente, Ingrid tem 16 anos e cursa a 2ª série do Ensino Médio na E.E. Adoniran Barbosa, na cidade de Valinhos, interior de São Paulo. De forma totalmente independente, a garota mobiliza toda a comunidade para que juntos arrecadem roupas, brinquedos e livros, destinados a famílias inteiras de refugiados.
Mas, tudo começou muito cedo na vida da voluntária. Com apenas 4 anos de idade, já dava indícios de que faria a diferença na vida das pessoas. Sua mãe se recorda que os anseios da filha era ajudar crianças vítimas das guerras que acontecem pelo mundo. “Nessa fase a gente achava fofo, bonitinho. Mas, aos 10 anos, quando ela descobriu que a ONU (Organizações das Nações Unidas) existia, começou a pesquisar no site da instituição e enviou uma mensagem pedindo ajuda para o seu projeto”, lembra Carolina Soto.
No registro de petição, Ingrid deixou o telefone da casa e os nomes dos pais. “Aí ligaram em casa, conversaram comigo e perguntaram se eu sabia da mensagem dela. Eu tomei um susto e disse que não. Como a gente deixava que ela usasse a internet durante uma hora por dia, livremente, pensei que era algum governo, pensei que ela hackeou alguma coisa”, conta aos risos Carolina.
Foi então que nasceu uma parceria entre aquela garotinha e, nada mais, nada menos que a ONU. “É uma história antiga. Eu queria ajudar os adultos a resolverem os problemas que existem. Mandei uma mensagem pra ONU dizendo dos meus anseios. Aí eles responderam minha mensagem e começaram a me apoiar”, relata Ingrid Soto.
Desde então, seu trabalho voluntariado começou a ganhar forma e força. Ingrid promoveu a mudança que tanto buscava, até que decidiu se inscrever no programa Jovens Embaixadores. A iniciativa recruta estudantes com perfis semelhantes, que desenvolvam ações voluntárias, que sejam aplicados nos estudos, frequentes nas escolas e que entendam um pouco de inglês. Sobretudo, o programa prefere que os participantes tenham em si o espírito de liderança.
Weliton Ribeiro é o pai de Ingrid. Ele explica que “se sente muito honrado de fazer parte dessa trajetória. Ela nasceu com esse ímpeto. Muito cedo já demonstrava sinais do que queria, e de uma forma muito simples a gente incentivava sem que ela deixasse de ser criança, para que não virasse algo artificial. Até para não haver algum tipo de frustração”, cita Weliton. O pai coruja acrescenta: “nós temos uma caçula, a Anabell Soto, que já está seguindo os passos da irmã. Onde a gente leva a Ingrid, a irmã faz fotos e vídeos, registra tudo”, conclui.
Após ser escolhida pelo programa Jovens Embaixadores, Ingrid passou alguns dias entre janeiro e fevereiro desse ano nos Estados Unidos da América. Como nunca havia saído do país, aproveitou ao máximo a experiência. Ainda mais por que visitar o país Norte-americano era um antigo sonho. Mas, o que mais a marcou foi ter tido a oportunidade de fazer um trabalho voluntário por lá, ajudar pessoas de algumas comunidades dos EUA.
“Fomos para um dos bairros mais perigosos do país, o Brook Ville, que fica em Chavy Chase, Washington DC. Lá fizemos trabalhos voluntários na ONG Wider Circle. Organizamos móveis e roupas para doação aos moradores do bairro. Também colocamos os móveis e tudo o mais em caminhões para a entrega”, relembra a jovem embaixadora.
Num ambiente cercado por jovens protagonistas, Ingrid ficou mais entusiasmada ao saber que a juventude no mundo todo tem criado ideias que melhoram a vida das comunidades onde vivem. E trazer isso para as escolas brasileiras é como semear a solidariedade.
Ao voltar para o Brasil a vida de Ingrid deu uma grande reviravolta. “Eu comentei com meus amigos sobre o programa, fiz palestras na minha escola, em todos os períodos (manhã, tarde e noite), e pude perceber que todos estão interessados em participar. Muitos já estão fazendo trabalhos voluntários para se adequarem ao programa. Alguns faziam e tinham parado, mas voltaram com suas tarefas. Começaram a estudar mais o inglês, também”, completa.
Sobre o futuro, Ingrid tem grandes projeções. Pretende cursar Relações Exteriores e Psicologia. Com isso, os planos são seguir a carreira diplomática. “Meu sonho é me tornar uma embaixadora da ONU, da UNICEF.”
Ela garante que o programa Jovens Embaixadores lhe concedeu uma nova visão de mundo. “Hoje me sinto mais segura nas ações de voluntariado, e até pessoalmente. Percebi que depois que voltei ao Brasil como jovem embaixadora, muitas portas se abriram com excelentes oportunidades”, diz. Todo jovem embaixador se torna um Alumini, ou iluminado, que recebe oportunidades de bolsas de estudos nos EUA e intercâmbio.
Atividades com refugiados
Há dois ano, a ativista pacifista Ingrid Soto se juntou à Cáritas Arquidiocesana -RJ com o intuito de realizar uma festa a crianças refugiadas. A confraternização foi aberta ao público e promoveu a integração entre a comunidade brasileira e o público alvo. Foram distribuídas centenas de brinquedos arrecadados por meio de uma campanha.
Na ocasião, cerca de 60 voluntários se juntaram para ajudar na promoção de um dia inesquecível para aquelas crianças.
Edgar Ngongo, refugiado da República Democrática do Congo, explica que o país tem passado por muito males, provocados pelas guerras na região. “Nós não aguentamos ficar na nossa terra, pois há muita morte. Então, agradeço a essas pessoas que nos apoiam”, diz o congolês.
Ingrid Soto afirma que essas pessoas já passaram por diversas dificuldades, mas “estão tendo a oportunidade de viverem uma nova vida, pois o Brasil é muito acolhedor. Espero que essa ação inspire outros jovens a fazer a mesma coisa”, finaliza.
Christine Kamba, que também é refugiada da República Democrática do Congo, entende que os brasileiros são boas pessoas. “Eu vim aqui sem roupa, sem nada. Sem dinheiro para comprar comida, para fazer qualquer coisa. Mas, os brasileiros ajudaram a gente!”, explica Christine.