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quarta-feira, 16/10/2019
EJA - Educação de Jovens e Adultos

Klaws não via futuro na escola. Até que as recusas de emprego o fizeram mudar de ideia.

Klaws voltou na escola após ver os amigos se formando na faculdade

A história de Klaws Kinsk dos Santos é igual a de muitos jovens que não vê futuro na escola. Aos 16 anos, ele queria fazer coisas que a maioria das jovens quer: festas, namoros, jogar futebol e ficar com os amigos. Esse espírito fez Klaws abandonar os estudos logo no começo do Ensino Médio, com alguns truques para enganar seus familiares.

“Só ia na escola para conversar com a rapaziada. E aí eu enganava a diretora e minha mãe. Para a diretora, eu passei um número que não existia e falei que era da minha mãe, e para minha mãe, passei outro número inexistente e falei que era da diretora”, conta o jovem.

Como mentira tem perna curta, Klaws foi descoberto logo nos primeiros meses do segundo ano do Ensino Médio. E foi intimado pela mãe. “Minha mãe disse que se eu não quisesse ir na escola, não tinha problema. Apenas eu tinha que arcar com as responsabilidades disso e ser dono do meu futuro. Parei de ir, ficava jogando bola e fui arrumar emprego depois”.

Confira o depoimento inteiro de Klaws aqui

Foi a falta de vagas qualificadas e o crescimento dos colegas de futebol, que começavam a ter empregos e entrar para a faculdade, que fez Klaws despertar. “Eu arrumava empregos de servente de pedreiro, ajudante, vendedor…só trabalho no sol. E meus amigos com terno e gravata, muitos viajando para a Europa. Então eu tinha que voltar para a escola para ter um futuro melhor”, explica.

O início não foi fácil. As matérias do EJA que Klaws menos gosta é química e física. Mas os professores mudaram a visão dele. “No EJA, você percebe que quem tá lá tá com vontade de estudar. Você não pode acordar 5h da manhã para ir brincar. A paciência dos professores está me fazendo aprender e estou cada vez mais empolgado”, conta. Aos 22 anos, hoje Klaws é garçom e aluno do EJA há 7 meses. Em breve ele conclui o Ensino Médio e já tem planos: “Quero ir para a faculdade, ter um futuro cada vez melhor”.

Os cursos da EJA recebem pessoas com características diversificadas, com histórias e experiências de vida singulares. Os motivos para a conclusão dos estudos são variados, mas têm em comum algo: é um momento definidor. “A decisão de retomar os estudos representa uma mudança no projeto de vida das pessoas. É fundamental perceber o quanto esse momento é significativo e crucial para cada um deles. É como se fosse um despertar”, pontua a coordenadora da EFAPE, Cristina Mabelini.

Para a professora de Geografia Rosa Maria dos Santos Silva, do CEEJA de Carapicuíba, o EJA cumpre mais do que o papel de completar o estudo, mas reforça a independência e cidadania de cada indivíduo. “Ajudar essas pessoas a resgatarem sua autoestima e buscarem novas formas de voltar ao mercado me fez notar a força que temos”, afirma.

Como funciona o EJA

Para realizar a inscrição no EJA , o candidato deve apresentar documento de identidade (certidão de nascimento e RG), comprovante de residência e, se houver, o histórico escolar. No caso de alunos com menos de 18 anos, o cadastro deve ser feito por pais ou responsáveis.

Atualmente, são oferecidos dois modelos de cursos de EJA na rede estadual de ensino que atendem aos Anos Finais do Ensino Fundamental e ao Ensino Médio: o curso de presença obrigatória e o curso de presença flexível. “Cada curso é formatado para o cotidiano do aluno. Se a pessoa trabalha e tem afazeres, o curso de presença flexível requer menos tempo em sala e um maior tempo para concluir as atividades”, explica a coordenadora dos grêmios estudantis na Educação, Sônia Maria Brancaglion.

As inscrições podem ser feitas nas escolas da rede estadual de São Paulo.