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terça-feira, 24/04/2018
Foto Divulgação
Boas Práticas

Magnéticos, a equipe de robótica que conquistou a comunidade escolar

As aulas são orientadas por empresa parceira da escola, em Indaiatuba

Com o objetivo de combater a evasão escolar, promover trabalhos interdisciplinares, aumentar o número de alunos com auto desempenho e estimular esses jovens a ingressarem em cursos técnicos ou de graduação relacionados à tecnologia, a escola estadual professora Deolinda Maneira Severo firmou parceria com a empresa John Deere para promover oficinas de robótica com estudantes do Fundamental e do Médio matriculados na unidade de ensino,

A John Deere, empresa norte-americana do ramo de equipamentos industriais, incentiva grupos de alunos a participarem de torneios de robótica. Em Indaiatuba, a parceria se estendeu à comunidade escolar. Com encontros semanais, das 18h às 20h, funcionários da empresa encabeçam aulas voluntárias a alunos e alunas que demonstram interesse sobre a profissão.

A iniciativa já está em seu terceiro ano, e o processo seletivo é bem acirrado. Para participar da equipe Magnéticos, primeiro, os estudantes interessados devem preencher uma ficha de duas páginas, disponível na secretaria da escola, onde respondem algumas perguntas relacionadas ao tema. Depois, os selecionados seguem para a segunda etapa, uma entrevista. A partir daí é fechada a turma que seguirá no projeto até o final do ano. “Tem aluno que fala, ‘olha professora, estou melhorando bastante nos estudos porque ano que vem quero participar da [oficina] robótica’”, comenta satisfeita a professora coordenadora da unidade, Elaine Batajelo.

Inicialmente, a turma era formada por apenas 10 alunos, com idades entre 9 e 16 anos, mas a procura é tamanha que a direção da escola aumentou esse número: agora são 17 estudantes. Os mentores são formados por voluntários da John Deere, do SESI, professores e, também, alunos com mais de 16 anos.

Todo o preparo tem foco no Torneio de Robótica First Lego League, um programa internacional de exploração científica, projetado para fazer com que crianças e jovens se entusiasmem com ciência e tecnologia e adquiram habilidades valiosas de trabalho e de vida. No Brasil, a iniciativa é organizada pelo SESI. O torneio propõe que estudantes sejam apresentados ao mundo da ciência e da tecnologia de forma divertida, por meio da construção e programação de robôs feitos inteiramente com peças desenvolvidas pela marca Lego.

A professora Elaine pondera que a parceria com a John Deere só trouxe benefícios para a escola. Para ela, “o bairro é muito carente e eles [alunos] acabam não acreditando no potencial que têm. E o projeto tem alavancado a auto estima, não só dos alunos, mas da escola num todo, como a comunidade escolar. A gente tem procura de pessoas que querem estudar aqui por conta da robótica”, afirma a coordenadora.

Uma dessas alunas é a pequena Kamily Stefany Martins de Lima. Mineira, de São Sebastião do Paraíso, Kamily conta que foi morar em Indaiatuba após a mãe ler que a cidade era um bom lugar para se viver. “A gente foi em várias escolas do bairro. Umas não tinham vaga, outras não agradavam. Aí minha mãe procurou na internet e achou essa aqui, e viu que a escola tinha ganhado um prêmio de robótica, na época. Aí decidimos vir para cá”, lembra a estudante.

O prêmio referido é, na verdade, uma valorização recebida pela escola, em uma edição do torneio, na categoria “Auto estima”. A unidade compete com outras escolas que trabalham a robótica há muito tempo, algumas há mais de dez anos. Foi por reconhecerem o avanço dos alunos da Deolinda Severo, em tão pouco tempo estudando o tema, que o SESI-SP decidiu ofertar o agrado.

A robótica é dividida em 3 pilares: os valores, a pesquisa e o robô. William Salvador, voluntário e funcionário da John Deere, trabalha com o grupo de alunos responsáveis pelo robô. Segundo William, o projeto é gratificante, apenas pelo fato de “ver crianças que não têm muito acesso a esse tipo de tecnologia, de informação, mexendo e tendo vontade de ir atrás”, afirma.

Um dos objetivos da John Deere, ao trabalhar com estudantes, é melhorar o ambiente onde a empresa se encontra. Gerar capazes que a própria empresa vai desfrutar no futuro. É preparar a sociedade para conseguir entrar no mercado de trabalho. Para William, “despertar um pouco do lado de tecnologia de inovação, despertar aquele lado que as crianças não têm, não sabem como acontece, é trazer um sentido para tudo aquilo [que a empresa busca]”.

William acrescenta que “quando eles saem daqui com uma ideia que eles não tinham sobre tecnologia, sobre o que acontece nas empresas, faz com que eles desejem isso. E isso os torna preparados para estarem numa empresa grande no futuro. E, com isso, a John Deere, ou qualquer outra empresa grande da região, pode aproveitar eles muito bem”, finaliza.

Por ver os avanços, a professora Elaine Batajelo decidiu, certeiramente, que uma das vagas do projeto seria destinada a algum aluno de inclusão. “Ano passado teve o Pedro Henrique Queiroz, que hoje está no 9º ano. Ele participou das atividades e fez uma apresentação na diretoria de ensino, onde falou tudo sobre o projeto de robótica. Ele era tímido, não falava, e hoje ele é uma graça”, comenta Elaine.

A oficina de robótica também leva conhecimento sobre outras áreas do conhecimento. Semanalmente, os alunos trabalham a matemática, física e a robótica educacional, por conta dos cálculos para a elaboração dos códigos; história, diretamente ligada às pesquisas feitas pelos alunos, que têm relação direta com o tema proposto a cada ano pelo torneio; valores éticos, com o intuito de desenvolver competências não cognitivas e habilidades socioemocionais, a exemplo de oratória, trabalho em equipe, autoestima, proatividade, gestão de tempo e recurso; entre outras disciplinas.

Torneio de Robótica

O Torneio de Robótica First Lego League propõe que estudantes sejam apresentados ao mundo da ciência e da tecnologia de forma divertida, por meio da construção e programação de robôs feitos inteiramente com peças da tecnologia LEGO® Mindstorm®.

A competição de robótica pode ser usada no ambiente escolar, mas não é projetada exclusivamente para esse propósito. Reunidos em times de dois a dez integrantes*, que podem estar associados a uma escola, um clube, uma organização ou simplesmente ser formado por um grupo de amigos, desde que liderados por dois técnicos adultos, os jovens usam a imaginação e a criatividade para investigar problemas e buscar soluções inovadoras que contribuam para um mundo melhor.

No Brasil, o Departamento Nacional do Serviço Social da Indústria (SESI) é a instituição responsável pela operação oficial da First Lego League. Desde que passou a operacionalizar a competição, o SESI tem promovido anualmente a organização de torneios regionais e do torneio nacional, a mobilização de novas equipes de robótica, a capacitação de técnicos e avaliadores voluntários, bem como a articulação da competição realizada no Brasil com os operadores internacionais, estimulando a participação de equipes brasileiras em eventos no exterior.

O Torneio de Robótica tem uma temática anual que é baseada em um assunto científico do cotidiano. Os participantes identificam problemas e propõem soluções a curto prazo, bem como constroem e programam robôs autônomos, para cumprir uma série de missões relacionadas ao tema. As equipes celebram a descoberta ao trabalho em grupo, guiadas pelos valores da competição.