Somente duas peças estavam previstas para entrar no palco do Teatro Franco Zampari na tarde desta quinta-feira. O que ninguém previa é que ali estaria um dos destaques do dia.
Em clima de expectativa, antes de entrar em cena, o grupo de 36 alunos da Escola Estadual Maria Ângela Batista Dias, da cidade de Paraguaçu, rezou atrás das cortinas para que mais uma vez a apresentação fosse um sucesso.
O espetáculo começou sob o olhar atento dos observadores como preferiram ser chamados os jurados, Eduardo Silva, Henrique Stroeter, Carolina Fabri, Eduardo Coutinho e Álvaro Pettersen.
Contagiados pela alegria e ritmo dos atores em cena, entra no palco a peça “Auto do alto”. O espetáculo trouxe a magia da história do nascimento do novo rei, fazendo uma alusão ao nascimento de Jesus Cristo e ao folclore da Folia de Reis. Os atores conseguiram trazer ao público a generosidade de Maria e José, a cumplicidade dos dois pastores, a malvadeza do rei Herodes e deu vida ao anjo mensageiro.
Com histórias menos conhecidas, outros personagens se destacaram durante a apresentação, entre eles a garotinha vivida por Talita Cristina da Costa, aluna da 7ª série do Ensino Fundamental. Cheia de sonhos e expectativas, a jovem vive encontros e desencontros durante sua busca para encontrar seus companheiros.
A jovem atriz conquistou o sorriso de todos que acompanhavam a atuação no palco. “Eu sou assim mesmo, como a personagem, converso com todo mundo”, afirmou Talita após o espetáculo.
O personagem vivido por Pablo, estudante do Ensino Médio, deu vida a um dos soldados do malvado rei Herodes.
Envolvido em cenas engraçadas, o jovem ator proporcionou ao público muitas gargalhadas trazendo ao palco ingenuidade e comédia misturadas às malvadezas ordenadas pelo rei.
Após uma hora de espetáculo, a história chega ao fim, com o mesmo ritmo contagiante do grupo musical iniciou a apresentação.
Em sincronia com atuação dos personagens, a banda transmitiu alegria e descontração ao som de sanfona, violão, viola, bumbo, surdo e cavaquinho. O grupo embalou a coreografia das atrizes no palco. “A música pega a gente de um jeito que nos leva ao céu cada vez que ela aparece no espetáculo”, disse encantado Eduardo Silva, ator e observador.
“A execução musical ao vivo é brilhante”, completou Álvaro Pettersen.
O trabalho em grupo que dá a sustentação necessária para a realização de um trabalho de qualidade foi comprovado pelo entrosamento do grupo de atores ao final da apresentação.
“O grupo é que faz a gente crescer”, afirmou Eduardo Coutinho, ator e observador.
A jovem atriz Talita da Costa contou que a escola é o único espaço disponível para aprender teatro, já que a região não dispõe de cursos. A garota já faz parte do grupo há dois anos e falou também que pretende seguir carreira. “É um barato ver seu crescimento como atriz”, disse Henrique Stroeter, sobre a evolução artística de Talita em relação a sua apresentação na Mostra de Talentos no ano passado.
A segunda apresentação foi da peça “Meno Male”, uma comédia da vida urbana com a adaptação do texto de Juca de Oliveira. A história envolve o cotidiano de um político corrupto e a infelicidade conjugal de sua mulher, uma secretária apaixonada, um assessor fofoqueiro, uma adolescente amante do político e filha de um taxista italiano falido. A história mistura situações do cotidiano com uma pitada de riso e crítica. O aluno que representou o assessor trapalhão não esconde a empolgação. “Foram cinco meses de ensaio e eu adorei fazer esse personagem que é engraçado e intermedia todas as situações”, concluiu, Rafael Silva de Paula, do 2º ano do ensino médio.
No final das apresentações do dia, o destaque ficou para a peça “Auto do Alto”, da Escola Estadual profª Maria Ângela Batista Dias, em Paraguaçu. É o segundo ano que o grupo leva o prêmio. Outro troféu merecido foi para o ator destaque. O aluno Caio Rocha recebeu o troféu pela atuação na peça “A crônica do punk”, da Escola Estadual Maisa Theodoro da Silva, em São Sebastião. A atriz destaque foi Karine Ramos, com a peça “Meu Cordel estradeiro”, da Escola Estadual Dr. Gualberto Ramos, em Sorocaba. Os observadores resolveram abrir uma exceção no dia e premiar também a melhor dupla na representação. O prêmio foi para as alunas Júlia Oliveira e Daiane Pedro pela atuação na peça “Auto do alto”.
Os atores e observadores das peças fizeram questão de enfatizar a importância desta iniciativa da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, que está proporcionando a seus alunos aprender e colocar em prática seus talentos com total infra-estrutura e percepção sobre os valores da vida.
Gabriela Ferraz e Luciane Salles