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segunda-feira, 02/10/2017
Especial

Salomão Becker, um dos criadores do Dia dos Professores

Autor da frase “professor é profissão, educador é missão”, o docente se dedicou ao magistério

No dia 15 de outubro se comemora o Dia do Professor, no Brasil. Mas, você sabe porque essa data foi escolhida para homenagear a todos os docentes? Trata-se de uma junção de comemorações que começou lá na época de Dom Pedro I. Em 1827, o Imperador baixou um decreto que criou o Ensino Parlamentar no Brasil. Segundo o documento, todas as cidades, vilas e lugarejos deveriam ter suas escolas de primeiras letras. Era um texto bonito que falava sobre a descentralização do ensino, o salário dos professores, as matérias básicas, entre outras ideias inovadoras que, infelizmente, não saíram do papel.

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Mas, foi somente 120 anos depois que os professores teriam, de fato, um dia para chamar de seu. Em 1947, no Ginásio Caetano de Campos, um grupo de professores resolveu organizar uma parada no segundo semestre para evitar a estafa, tendo em vista que o período letivo era extenso, de 1 de junho a 15 de dezembro. A parada não serviria apenas para o descanso dos mestres, mas para a reorganização de atividades até o final do ano.

Foi então que o professor Salomão Becker sugeriu que houvesse um encontro em 15 de outubro. A data já era motivo de alegrias para Becker, pois em sua cidade natal, Piracicaba, interior de São Paulo, professores e alunos levavam alimentos para uma confraternização na escola. De pronto a sugestão foi aceita e a comemoração teve presença de toda a comunidade escolar. Na ocasião, o professor Becker fez um discurso famoso pela frase “professor é profissão. Educador é missão”. Em sua fala também foi ratificada a ideia de se manter na data um encontro anual.

Daquele dia em diante a celebração, que se tornou um sucesso, se espalhou pelo país até ser oficialmente o feriado escolar (Decreto Federal 52.682, de 14 de outubro de 1963). “Para comemorar condignamente o Dia do Professor, os estabelecimentos de ensino farão promover solenidades em que se enalteça a função do mestre na sociedade moderna, fazendo participar os alunos e as famílias”, diz o texto.

No entanto, o professor Salomão Becker não merece ser lembrado apenas pela ajuda na criação do Dia dos Professores, e sim pela imensa paixão que sentia pela educação. Segundo Sergio Becker, filho do docente, o pai amava o magistério. “Um dia fizemos uma conta por alto de quantos alunos ele teve durante os 49 anos em que se dedicou à profissão e o número passou de 100 mil estudantes”, relata.

A vocação de Salomão Becker

Salomão Becker era filho do imigrante David Becker, que, em 1913, deixou a Moldávia, no Leste Europeu, rumo ao Brasil, indo parar em Piracicaba. Foi lá que Salomão nasceu e passou boa parte da juventude, até decidir estudar Filosofia na USP (Universidade de São Paulo).

Seu primeiro emprego foi no jornal “Folha da Tarde”, durante a Segunda Guerra Mundial. Era uma época difícil para se apurar notícias, devido à enorme quantidade de boatos criados e noticiados. Isso levou Becker a escrever uma nota sobre submarinos alemães avistados no litoral brasileiro. A repercussão da notícia foi enorme. Tanto que, no dia seguinte à publicação, oficiais do Exército foram até a redação para saber como tal informação havia sido obtida. Mesmo verdadeira, ela jamais poderia ter sido veiculada, já que era estratégica. Foi aí que a carreira de jornalista acabou.

Salomão Becker começou, então, a dar aulas em vários colégios da rede estadual paulista. Passou, inclusive, pelo então Colégio Caetano de Campos, hoje sede da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, e pela Escola Estadual Fernão Dias.

Nem a aposentadoria o fez parar. Ele poderia ficar em casa e aproveitar o merecido descanso, mas não o fez. Com mais de 60 anos de idade prestou vestibular e cursou Direito na Universidade Presbiteriana Mackenzie.

O professor Salomão Becker faleceu aos 84 anos de idade, em 2006.