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sexta-feira, 01/10/2004
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Parcerias de sucesso transformam realidade de escola estadual na periferia

Resgatar a cidadania, diminuir a evasão escolar e promover a integração social foram as metas conseguidas pela EE Professor Giulio David Leone Alto índice de criminalidade, favelas e carência de […]

Resgatar a cidadania, diminuir a evasão escolar e promover a integração social foram as metas conseguidas pela EE Professor Giulio David Leone

Alto índice de criminalidade, favelas e carência de recursos. Esse é o cenário da comunidade do Jardim Presidente, zona sul da capital, onde está localizada a EE Professor Giulio David Leone.

Marcados pela exclusão social, jovens divididos entre a rotina de trabalho e a escola, hoje, dão exemplo de coragem, determinação e superação.

Resgatar a cidadania, diminuir a evasão escolar e promover a integração social, eram um caminho impensável nesta região. Foi nesse clima de descrença que a atual direção assumiu a escola, há cerca de dez anos.

Em 1994 o quadro era caótico: alunos insatisfeitos, depredação, brigas e assaltos constantes. “Tínhamos de encontrar uma alternativa”, pensou a equipe de direção.

Com um trabalho voltado para a humanização, atividades reflexivas e projetos educativos, a escola começou a ganhar credibilidade.

A vontade de mudar com o apoio da primeira grande parceria de sucesso transformou a expectativa dos jovens. A Associação Educacional Labor, especializada em minimizar o fracasso escolar de crianças em risco social, encontrou a situação ideal na Giulio Leone para atuar. Com o nome de “Cantina Pedagógica” o Instituto C&A de Desenvolvimento Social também ajudou na criação de um espaço reservado aos novos computadores adquiridos e à capacitação dos professores.

O longo caminho percorrido vagarosamente ganhou força. Os parceiros patrocinaram um curso de Pequenos Projetos Didáticos (PPD) aos professores. Com a evolução da metodologia, alunos passam a ser protagonistas do processo educativo. Teoria e prática caminham lado a lado. “Vivenciamos um planejamento participativo e construímos juntos nossa missão”, disse a diretora, Marlene da Luz de Freitas Rodrigues.

As taxas de retenção e abandono baixaram consideravelmente com os índices de 4% e 3%, respectivamente. Surgem alunos e professores voluntários num trabalho de desenvolvimento das potencialidades de educadores conhecido como Projeto Oficinas.

Com o corpo docente todo alterado em 2000, a continuidade dos projetos foi cobrada pelos próprios alunos. Antigos professores viram consultores dos atuais e surgem novos parceiros: Canal Futura e a Brascri.

Atualmente, a escola adota o Lien Ch’I e a meditação. As práticas milenares estimulam a sensibilidade desses jovens. Com uma biblioteca completa, alunos se recolhem no intervalo para apreciar autores novos e tradicionais. A sala de informática novinha foi presente de uma das empresas parceiras e os alunos aproveitam o tempo disponível para conhecer outros mundos pela internet.

Hoje, o empenho de todos se reflete na qualidade de vida dos alunos. O desenvolvimento da auto-estima aumentou as possibilidades desses jovens não só de sonhar; mas de realizar.

Com uma proposta consistente e resultados concretos e positivos, a escola já foi alvo de reportagens nas revistas Nova Escola, Exame e, recentemente, da TV Globo. A equipe da emissora chegou cedo à escola. Entrevistaram alunos, cuja rotina difícil poderia levar à interrupção dos estudos. Poucas horas de sono, longas distâncias entre a casa e o trabalho e muito esforço. Os jovens provaram que a motivação e a força de vontade são as grandes aliadas na construção de um futuro.

Quando viu a repórter se maquiando, Talita dos Santos Vieira, 17, aluna do 3º ano do Ensino Médio, não se intimidou. “Um dia eu vou fazer o mesmo que você”, disse. Com o desejo de ser jornalista, Talita, que estuda no período da manhã e trabalha nos períodos seguintes, tem certeza que vai conquistar seu espaço. A determinação da jovem é também um reflexo da mudança ocorrida na escola Giulio Leone.

“Temos plena consciência dos entraves e complexidades a serem enfrentados, porém acreditamos que a educação é caminho, é a luz necessária aos homens que deixaram de acreditar em um país justo, em uma sociedade sem tantas desigualdades, e em um mundo solidário”, conclui a diretora.

Luciane Salles