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terça-feira, 04/04/2006
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Piscina, biblioteca, participação da comunidade e disciplina fazem parte do dia a dia em escola estadual de Diadema

Um modelo de gestão participativa que vem dando muito certo, graças ao bom diálogo entre a direção da escola e a APM Os mais de mil alunos que estudam na […]

Um modelo de gestão participativa que vem dando muito certo, graças ao bom diálogo entre a direção da escola e a APM

Os mais de mil alunos que estudam na Escola Estadual Sérgio Buarque de Holanda, no município de Diadema, Grande São Paulo, acham que todos os dias ali são muito bons de viver. Mas um, especialmente, é mais divertido que os outros, quando eles podem usar a sala de informática, a biblioteca (com nove mil títulos) e os menores, de 1ª à 4ª série, podem cair na piscina para ter aula de natação. Isso mesmo, uma piscina onde turmas de 20 crianças (uma média de 850 alunos), ao longo do Dia de Atividades Diferenciadas (DAD), dão suas braçadas ao ar livre, em meio à algazarra que traduz a alegria de quem está numa aula que mais parece hora do recreio. Outra atividade incluída no DAD é a aula de reforço para quem precisa aplicar-se mais na parte pedagógica.

A piscina, construída há cinco anos, é uma das conquistas que confirmam os resultados positivos de uma boa gestão participativa. No caso, a Escola Estadual Sérgio Buarque de Holanda vive na prática o bom diálogo entre a Associação de Pais e Mestres (APM) e a direção da escola, conforme ressalta Carlos Vismara, o diretor que chegou ali há oito anos e encontrou um cenário desolador e até assustador. Sua maior preocupação, naquela época, foi mudar a realidade desagradável, que trazia principalmente insegurança, e convocou a comunidade para firmar uma parceria de ações construtivas, de sucesso, de realização. “Se há uma receita para termos conquistado a comunidade ela se chama trabalho e honestidade. Fomos sinceros com todos, pedimos cooperação e o resultado é esse que temos hoje”.

Além da piscina, vestiários

Além da piscina construída com oito mil reais, a escola vai ganhar agora dois vestiários para os meninos e meninas, que já estão sendo erguidos também com o dinheiro arrecadado pela APM, cerca de R$ 5.500,00. Assim como são da mesma fonte, a APM, os computadores da sala de informática, as cortinas dos vários ambientes, os aparelhos de televisão e videocassete em cada uma das nove salas de aula. Não há qualquer mágica nesse poder de reunir recursos e transformá-los em benfeitorias, explica o diretor Vismara. “O grande momento de fazer dinheiro é com a festa junina, que rende cerca de R$ 10 ou 12 mil reais ao caixa da APM. E olha que a festa acontece num único dia, um sábado, e traz a comunidade para dentro da escola, lotando todos os nossos espaços de uma forma impressionante!”, surpreende-se o diretor. Ao longo do ano, outros eventos, como festas, promoções e também as contribuições espontâneas “fabricam” o dinheiro que gera as melhorias e que pode chegar a aproximadamente R$ 40 mil reais.

Outro segredo para essa gestão de sucesso é montar equipes para atuar nos vários setores da escola. Carlos Vismara explica que essa forma de gerir a administração da escola tem-se mostrado infalível “e mesmo que eu me afaste daqui, tudo vai funcionar maravilhosamente bem”, acredita. São equipes de funcionários que se distribuem entre a biblioteca, a merenda, a manutenção, a secretaria e esses grupos comandam os pais voluntários, cujo trabalho também é fundamental para o bom andamento de tudo o que acontece na unidade escolar. Os pais fazem de tudo na escola, da merenda à limpeza, e zelam por todos os aspectos de segurança na escola.

Depredação não tem perdão

Pulso firme e sentido de responsabilidade são outros recursos que não faltam na administração adotada por Carlos Vismara. E ele tem certeza que essa é uma das razões para a escola ser impecável como é: nenhuma pichação, portas e paredes limpas e bem pintadas, chão de ardósia brilhando, cantina limpinha e a sala de guardar os produtos da merenda perfeitamente organizada. “Se um aluno picha a escola, o pai é chamado e é obrigado a recuperar o que o filho fez”. Depredar a escola é o que Carlos chama de uma ação intolerável, muito diferente de algumas brigas e indisciplinas, tidas como toleráveis.

Em quarenta anos dedicados à educação, prestes a se aposentar, o diretor da Escola Estadual Buarque de Holanda tem certeza que a escola, qualquer escola, tem a cara do diretor e da sua forma de conduzir. “Não há mais espaço para o autoritarismo rançoso do passado. No novo modelo de gestão, é preciso saber ouvir e buscar na comunidade e junto com ela, aquilo que é melhor para todos, especialmente para os alunos e para os seus pais”. Ele acredita também nos valores que o ensino religioso, ministrado quinzenalmente, ajuda a firmar nas cabecinhas jovens e sente que essa iniciativa foi bem acolhida pelos pais dos alunos. Por isso, antes de iniciar o período de aulas, as crianças se colocam de mãos postas e rezam o Pai Nosso. Só depois desse momento de oração é que elas podem ir para a classe ou, como aconteceu na tarde do último dia 23, cair na piscina sob a orientação da professora de natação Roseli dos Santos, que divide os horários com os outros professores, Aguinaldo Fortuna e Antônio Carlos Silva.