“Era o meu primeiro ano na escola e eu precisava pensar em uma maneira leve de criar um vínculo com os meus alunos, e como eu não os conhecia, eu pensei: bem, pessoas jovens e adultas, nada mais justificável do que falar das coisas que nós lembramos”. E assim se iniciou o projeto “Brincadeiras, Histórias e Cantigas de Infância”, na E.E João Vieira de Almeida, na Zona Norte da Capital. Além de criar uma forte conexão entre alunos da Educação para Jovens e Adultos (EJA) e a professora de Artes, Daniela Del Sole, o projeto ajudou a construir uma nova percepção dos estudantes sobre a arte.
O que conectou os estudantes foi justamente as brincadeiras e cantigas que eram executadas na infância. Recitar um poema, brincar de ciranda, ouvir uma música roda. Essas pequenas ações fizeram com que os alunos percebessem que que por trás de cada letra, de cada acorde e de cada imagem há uma história a ser revelada.
“Eu achava que arte era só desenho, que a gente tinha aquilo de 1ª a 8ª série. Que era só desenhar uma árvore, uma casinha e pronto. Mas com a aula, o meu olhar se abriu, porque eu vi que arte é música, é dança. E é o que eu estou tentando passar hoje para o meu filho. Estou levando ele muito a museus, teatros, estou mostrando para ele que arte também faz bem para a vida”, revelou a aluna Valéria da Guerra.
“Para mim, era uma coisa que não tinha sentido. Eu via esses quadros, que as pessoas falavam e não ligava. E agora percebo que você pode, muito bem, enxergar a poesia em uma criança, em um idoso que já teve uma história de vida. São muitas coisas que a gente deixa passar despercebido”, disse Rosiane Maria dos Santos.
De acordo do a professora, muitos alunos consideravam que a arte nada ou qualquer coisa e que nas aulas que aconteceram em 2017 na unidade, os estudantes puderam desenvolver habilidades diversas, como habilidades de se expressar, de leitura, comunicação e escrita, por exemplo.
Para quem estava de fora da dinâmica, a conexão entre estudantes e professora era ligeiramente notada. “A integração deles foi muito legal, a participação, a cooperação, eles criando essas atividades e, principalmente, no momento de cantar a roda que eles fazem, o momento das brincadeiras, é divertido demais”, disse o professor coordenador da unidade, Douglas do Nascimento.
Daniela espera que os estudantes possam levar o aprendizado e as habilidades desenvolvidas em sala para a vida. “O projeto trouxe dimensões muito variadas que eu diria que eles podem aproveitar para sempre, principalmente uma visão mais sensível da vida. Eu costumo dizer que a arte não é para pessoas especiais, iluminadas, pessoas que nasceram com um dom divino. Porque o pensamento que eu tenho de arte é que arte é para todos”, finalizou.