Você provavelmente nunca ouviu falar de aquaponia. Os reeducandos do CDP (Centro de Detenção Provisória) III de Pinheiros Rafael Tadeu Toledo e Allan da Silva Oliveira também não sabiam o que era isso até pouco tempo atrás.
“Eu não tinha conhecimento de nada disso. Nunca tinha mexido com terra, hortaliça, flores, nada. A única experiência rural que eu tinha era nos finais de semana, quando eu ia para a chácara dos meus pais”, conta Rafael. Allan também não tinha experiência com jardinagem. “Isso aqui foi uma descoberta gigantesca”, afirma.
O projeto de aquaponia no CPD III de Pinheiros foi ideia do professor de Biologia e Ciências Clemilson Marques Pedrosa, da E.E. Romeu de Moraes. “É um projeto importante, porque, mesmo estando fechado por grades ou muralhas, os reeducandos conseguem desenvolver um trabalho ligado diretamente à natureza”, comenta.
“Isso faz com que eles consigam se desligar por um momento do ambiente em que vivem e consigam ficar mais próximos da natureza, do campo e de coisas que são naturais, que podem trazer para eles uma melhor qualidade de vida”, completa.
Aquaponia é um sistema de criação de peixes associado ao cultivo de hortaliças. As bactérias captam a amônia excretada pelos peixes e a transformam em nitrato e oxigênio, utilizados para fertilizar as plantas. Por outro lado, as raízes das plantas retiram as impurezas da água, permitindo a sobrevivência dos peixes.”O projeto é sustentável. A água se renova, todo o material usado foi reutilizado e as hortaliças são totalmente orgânicas”, destaca Rafael.
Allan ainda lembra que o sabor das hortaliças oriundas da aquaponia é melhor do que o das hortaliças colhidas da terra. “A gente percebe que a alface colhida da terra é um pouco mais densa, a folha é ligeiramente mais volumosa. Já a alface da aquaponia é mais leve, então ela acaba sendo mais saborosa”, diz.