Expressões, gírias, sotaques são apenas alguns exemplos de variações linguísticas do português falado no Brasil. A grande extensão territorial e os processos imigratórios são grandes responsáveis por transformar e regionalizar o idioma em cada parte do país.
É conveniente aceitar, portanto, que não existe certo ou errado nessa multiplicidade. O que existe são diferentes maneiras de se comunicar uma mesma mensagem, seja de maneira formal ou coloquial.
“A língua portuguesa é como a roupa que usamos, depende de cada ocasião”. Essa é a explicação da professora Maria Aparecida de Andrade Okumura para seus alunos na E.E. Dr. José Pires de Carvalho, em Taquarituba.
Atualmente, a docente é responsável pelo projeto “Fotojornalismo” com jovens do primeiro ano do Ensino Médio. A ideia é fazer com eles se aproximem dessas variações em seu contexto social através do registro fotográfico. Trata-se de revelar a diversidade por meio da visão do aluno na captura da língua oral e escrita em placas, anúncios e letreiros espalhados pela cidade.
Neste ano, contudo, o projeto da professora foi mais além. Os estudantes também desenvolveram um vídeo para mostrar as variantes do idioma em todo país. Regionalismo, gírias e até estrangeirismo foram diálogos interpretados e apresentados pelos próprios alunos no material.
“Não podemos discriminar o sotaque dos outros, porque as palavras variam de região para região. O meu objetivo foi mostrar que existe muita variedade dentro do Brasil”, afirma a docente.
Segundo ela, é necessário explicar aos estudantes que não é proibido ou errado usar a linguagem coloquial, mas é importante também dominar a forma padrão da língua. “Tentei explicar que depende da situação em que eles se encontram, mostrar que não pode misturar a intimidade com o profissionalismo”, completa.
Pensando nisso, Maria também incluiu no vídeo a declamação de poemas clássicos brasileiros que retratam essas pluralidades, como Carlos Drummond de Andrade e Oswald de Andrade. A iniciativa, portanto, é complementar ao conteúdo visto em sala e, sem dúvida, uma forma de tonar o aprendizado muito mais dinâmico.
“Esse é o segundo ano do projeto e teve uma repercussão muito boa dentro da escola. Não adianta ficar só na lousa, tem que envolver o aluno e fazer com que ele se dedique”, ressalta a coordenadora do Ensino Fundamental e Médio da escola, Flávia Andrea de Almeida Carvalho.