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segunda-feira, 19/03/2018
A Escola Que Queremos

Projeto cria cadeia de conscientização na comunidade para uso racional da Água

Projeto Água é desenvolvido desde 2014 em Francisco Morato e trabalha a importância da reutilização do recurso hídrico

Em 1992, a ONU (Organização das Nações Unidas) instituiu a data 22 de março como o Dia Mundial da Água. O recurso natural é essencial para que a vida na Terra se mantenha. Ela traz equilíbrio à natureza e é um patrimônio do planeta. Por isso, a efeméride visa a ampliação da discussão sobre esse tema tão importante. Discussão que já acontece entre os estudantes da E.E. Aparecido Roberto Tonelloti, da DE Caieiras, desde 2014.

Com o “Projeto Água”, desenvolvido pela professora de Língua Portuguesa e Literatura Tatiane Costa dos Santos Carvalho, os alunos e as alunas da unidade escolar, que fica na cidade de Francisco Morato, têm se tornado cada vez mais comprometidos com a preservação do recurso. O que antes era tido como algo comum, agora ganhou importância ímpar.

O projeto prevê que a educação ambiental deve ser multiplicada, continuada, integrada, e de caráter permanente. Com ele, os educandos e a comunidade tomaram consciência e adquiriram valores, habilidades, experiências e determinação que os tornaram aptos a agir – individual e coletivamente – na resolução de problemas ambientais.

Resumidamente, o Projeto Água ensina a economizar e reutilizar o recurso. Mas, a professora Tatiane quer mesmo é que seus alunos se tornem “agentes multiplicadores. Não quero só cartazes colados na escola, quero que ele transforme sua casa, sua comunidade e a escola”, afirma a educadora. “A partir do conhecimento, a gente trabalha as intervenções. Aí colocamos na cabeça do aluno que a água é vital. É um recurso natural que está se esgotando. E tudo com ações simples”, completa.

E as atividades são, de fato, elementares. Tratam-se do levantamento do conhecimento prévio do aluno a respeito da água como elemento vital, ensino de meios de reutilização e economia da água, ações que estimulam o consumo consciente, elaboração de vídeos propagandas, entre outras.

“Com o Fundamental, trabalhamos a construção de propagandas de conscientização na escola, nos comércios, nos postos de saúde, enfim. Eles atingem a comunidade. Criam uma paródia e apresentam para outras turmas. Produzem vídeo ensinando como preservar o Meio Ambiente”, explica Tatiane. “Com o Médio tem pesquisas sobre quantidade de água existente no planeta, no corpo humano, por exemplo. Eles aprendem toda a teoria e depois criam atividades variadas para propagar esse conhecimento”, acrescenta. E o resultado tem sido satisfatório, pois a professora percebe que os alunos estão sendo, pouco a pouco, transformados e também estão transformando a comunidade. “Percebo que está tendo essa transformação. É um trabalho de formiguinha, mas as informações estão sendo absorvidas”, finaliza Tatiane.

Eliana Moreira da Silva Thomaz, professora coordenadora da E.E. Aparecido Roberto Tonelloti, vê “essa evolução como um grande sucesso daquilo que foi buscado. Queremos desenvolver esses alunos com uma visão crítica sobre o mundo. E ver que eles entenderam o recado me faz crer que o trabalho está valendo a pena, que a escola está cumprindo o seu papel”, afirma.

O adolescente Paulo Eduardo Santos Alves, 15, que está na 2ª série do Ensino Médio, está certo de que o Projeto Água desenvolve a consciência dos estudantes. “E nós precisamos transmitir esse aprendizado, pois a água é algo que precisamos para viver”, diz o aluno. Ele explica que em sua casa tinham o costume de usar o recurso sem preocupação. “Agora a gente reaproveita a água para lavar o quintal, lavar o banheiro. A água da roupa lavada serve para jogar no vaso sanitário. Nós temos dois galões em casa, e a gente enche com a água da chuva. Depois a gente usa nestas atividades diárias, rotineiras”, ensina o garoto.

Um pouco mais jovem, a pequena Karine Albarello da Silva, 13, que cursa o 8º ano do Fundamental, entende que todo o aprendizado mudou sua vida, como “o fato de aprender a reutilizar a água, a conscientizar as pessoas do bairro, da escola. Em casa eles me ouvem, entendem que o desperdício é algo negativo para o meio ambiente”, celebra Karine.

Transformando vidas

A professora Tatiane Costa dos Santos Carvalho, além de trabalhar a preservação do Meio Ambiente, iniciou uma campanha para preservar também a humanização da sociedade. Por viver em casa as dificuldades de ter um filho com deficiência física, levou para dentro dos portões da E.E. Aparecido Roberto Tonelloti a iniciativa do voluntariado.

Agora, toda a comunidade escolar tem se juntado para encher 140 garrafas PET com anéis de latas de alumínio. Com essa quantidade, irão trocar o material por uma cadeira de rodas que beneficiará uma criança que não tem condições de comprar o aparelho.

“Os lacres das latinhas são juntados, doados para uma criança com deficiência, que ganha uma cadeira de rodas sobre medidas. E está tendo muita adesão”, vibra a educadora. “Assim que conseguirmos a quantidade necessária, minha pretensão é que os alunos visitem a ONG em questão, indiquem uma criança cadastrada e entreguem essa cadeira de rodas”, conta Tatiane.

Essas atitudes demonstram que a garotada da ‘Tonelloti’ está pensando na sociedade como um todo. “Minha obrigação não é só ensinar português, é formar cidadãos que pensem no próximo. A escola é totalmente comprometida. Estou aqui há 12 anos por acreditar nos meus alunos, na minha escola, na minha comunidade”, finaliza a inspiradora professora de Língua Portuguesa e Literatura.