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quinta-feira, 22/04/2004
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Projeto “Ler com Prazer” torna a alfabetização uma experiência divertida

Marlene tem nove anos e está na 3a série de uma escola estadual da Diretoria Regional Sul1, na cidade de São Paulo. Desde meados de março ela é atendida durante […]

Marlene tem nove anos e está na 3a série de uma escola estadual da Diretoria Regional Sul1, na cidade de São Paulo. Desde meados de março ela é atendida durante quatro horas por semana, com outras nove crianças de sua série, por uma educadora capacitada pelo projeto “Ler com Prazer”.

Na terceira semana do curso de reforço a que assiste, Marlene foi convidada pela educadora a escrever uma palavra presente na história que contou ao grupo de crianças da 3a série. A palavra era “visitante”.

Com letras móveis, junto com outra aluna, Marlene escreveu a palavra. Nos dez minutos que se seguiram, enquanto outros nove alunos escutavam uma história lida por um deles, a educadora fez várias sugestões a Marlene evitando sempre “mostrar o certo” e deixando que a aluna chegasse por seus próprios recursos, hipóteses, tempo e percurso ao domínio da leitura e escrita dos sons e sílabas em que antes tropeçava.

Marlene é uma das 480 crianças assistidas pelo piloto do projeto “Ler com Prazer”, uma criação da escritora Mirna Pinsky, que encabeça mais um projeto educacional para o desenvolvimento da alfabetização de crianças das escolas públicas.

O projeto piloto terá a duração de quatro meses e está sendo executado em algumas escolas da Diretoria de Ensino Sul 1, que abrange os bairros de Campo Limpo, Cidade Ademar, Jabaquara, Santo Amaro, entre outros.

O projeto é patrocinado pela Associação George Mark Klabin de Assistência, em parceria com a União Brasileiro Israelita do Bem Estar (Unibes). No mês de fevereiro, 12 educadoras (seis aposentadas e seis estagiárias) foram capacitadas pela pedagoga Lena Bartman, para trabalhar com grupos de 10 crianças, divididas em séries: 2a, 3a, 4a regular e 4a de recuperação de ciclo.

As educadoras foram orientadas a criar um espaço diferenciado dentro de cada uma das escolas atendidas, no qual os alunos trabalhariam com vários materiais de letramento. Entre eles, livros infantis, manuais de brinquedos, letras de música, gibis, rótulos de doces etc. Cada educadora recebeu um kit de 18 livros infantis selecionados pela pedagoga e doados pelas editoras Ática, Scipione e Cosac & Naify.

“A criatividade e o comprometimento das educadoras é algo a ser registrado. No curso de 45 horas/aula dado em fevereiro e início de março, elas receberam instrumental para potencializar recursos próprios a fim de lidar com as dificuldades de alfabetização de seus 40 alunos (divididos em grupos de 10). Cada uma, valendo-se de experiências pessoais anteriores com cultura e educação, vem criando caminhos surpreendentes para ajudar as crianças”, concluiu a escritora Mirna Pinsky.

Cada série recebe quatro horas/aula por semana, de segunda a quinta. Na sexta, as 12 educadoras se reúnem com a orientadora pedagógica. Nesses encontros, cada educadora relata situações que tanto podem ser de dificuldade. As questões que trazem dificuldades são analisadas e servem para a troca de sugestões entre as educadoras e eventualmente de pretexto para, no encontro seguinte, a coordenadora pedagógica retomar pontos trabalhados no decorrer do curso. O acompanhamento da orientadora e os encontros semanais têm também o objetivo de avaliar os avanços/resultados do trabalho. O futuro do trabalho ainda depende dos primeiros resultados.

Luciane Salles