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quarta-feira, 07/03/2018
Foto Divulgação
Boas Práticas

Projeto sobre profissões muda a realidade de comunidade escolar, em Ribeirão Branco

Incentivar os alunos sobre que curso universitário escolher aumenta a autoestima e a vontade de estudar

Encontrar uma profissão não é a tarefa mais simples da vida. Isso, na verdade, já é bem difícil para adolescentes que vivem nas grandes metrópoles, como São Paulo, onde as opções profissionais são maiores. Em uma cidade pequena, do interior do estado, por exemplo, essa busca pode ser ainda mais turbulenta, a ponto de muitos estudantes terminarem o Ensino Médio e preferirem trabalhar na roça, ao invés de prestar um vestibular.

Em Ribeirão Branco, na E.E. Papa João Paulo II, que pertence à Diretoria de Ensino de Apiaí, os professores, cansados e preocupados por tanto ouvirem que seus alunos preferiam ir trabalhar na lavoura, ou ser caminhoneiros, entenderam que precisavam esclarecer as profissões para as classes. Ou os docentes incentivavam aquela garotada, ou a maioria veria seus sonhos escorregarem pelos dedos.

Foi então que há alguns anos deram início a um trabalho de conscientização sobre a importância do curso superior, ou técnico, na vida das pessoas. Os professores, durante todo o ano letivo, passaram a separar algumas aulas para debates sobre o que cada um gostaria de trabalhar quando fosse adulto. Durante o bate papo, eles ouviam os alunos e transmitiam a mensagem de que trabalhar na roça, por exemplo, é algo bom, mas dar sequência aos estudos era algo maior e melhor.

“O incentivo aumenta a nossa autoestima e dá mais vontade para a gente estudar. Além das aulas serem excelentes, eles falam que a gente é capaz. Às vezes, não escutamos isso em casa, mas ouvimos na escola. O apoio na Papa João Paulo II, para muitos alunos, é maior do que o da família”, relata a jovem Ana Raquele Moreira, gremista da E.E. Papa João Paulo II.

Com o passar do tempo, e com os resultados cada vez mais à vista, os professores da escola Papa João Paulo II sentiram que era a hora de elaborar um projeto para dar mais força à ação. Foi então que, em 2017, nasceu o “Mundo do Trabalho”. Durante o ano todo, iriam estimular os alunos a conhecerem as diversas profissões na região de Apiaí.

Com isso, os educadores proporcionaram aos alunos uma experiência interativa, na qual foi possível aprender conhecendo a realidade de cada curso. No final do ano, palestras foram organizadas. Mas, os palestrantes não eram qualquer um. Todos, sem exceção, eram ex-alunos da unidade escolar que, após escutarem os professores e compreenderem a importância de uma profissão, se posicionaram com destaque em suas áreas de atuação.

E num local onde, antes, a maioria queria trabalhar na agricultura, agora existem profissionais de diversas áreas de atuação, como Engenharia, Pedagogia, Farmácia, Odontologia, Fisioterapia, Assistência Social e outras. Essas pessoas, agradecidas pela ‘forcinha’ que receberam num passado não muito distante, se prontificaram a falar aos estudantes da escola Papa João Paulo II como funciona o curso de cada área, e também a rotina da profissão.

“Foi bom, pois a partir do momento que a gente conhece a profissão, a gente se identifica e se aprofunda. Aqui na nossa região, a parte mais destacada é a agricultura. Com o projeto, portas se abriram para que pudéssemos ir além, com profissões diferentes”, entende a aluna Beatriz Nunes Amaral, de apenas 16 anos.

A professora coordenadora Cíntia Cristine Sampaio Stach está na unidade há pouco tempo. Quando chegou percebeu que a escola tem algo de diferente, que os alunos são aplicados na questão profissional. Ela afirma que o interessante na unidade é que “vários alunos fazem curso técnico no contra turno, em Itapeva, cidade vizinha. Esse é o diferencial dessa escola”, explica. Em relação ao projeto “Mundo do Trabalho”, ela acrescenta que “alguns alunos tomaram decisões já na fase das palestras. Os que ficaram balançados se decidiram na fase de visitas às universidades”, finaliza.

A vice-diretora Ariane Cristina Feiteira de Almeida comenta que antes escutavam dos alunos que eles iriam parar de estudar. Mas, “de uns quatro anos pra cá a conversa tem sido outra, eles têm anseio pelos estudos, querem mudar o rumo da vida”, explica. E completa, “a maioria sai direto para a faculdade, tanto que nós não encontramos dificuldade alguma para trazer os profissionais. São, inclusive, ótimos profissionais que saíram dessa escola. É o fruto do nosso trabalho, o que a gente faz está dando certo”, comemora Ariane.

Visitar universidades da região foi a parte final de todo o processo. Entre as instituições, estão a Universidade Federal de São Carlos, campus Lagoa do Sino, em Burí; a Unesp, campus de Itapeva; a Fatec de Capão Bonito – Instituto Paula Souza; e a FAIT, uma faculdade particular de Itapeva.