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sexta-feira, 18/05/2018
Boas Práticas

Projeto usa grafite para fortalecer cultura hip-hop, prevista no Currículo Escolar

“Back to school” é uma iniciativa que colore o ambiente e dissemina a arte entre os estudantes

Na escola estadual Professora Benedita de Oliveira, em Guarulhos, professores, direção e 10 artistas se juntaram e pintaram as salas de aula. Na verdade, quem pintou foram os grafiteiros, mas durante o processo, os professores puderam reforçar a cultura do hip-hop, que é prevista no Currículo do Estado de São Paulo.

Tudo foi feito sem que os alunos desconfiassem. Numa sexta-feira as crianças e adolescentes foram embora após o período escolar e quando voltaram, na segunda-feira, a surpresa tomou conta do ambiente. A repaginada “faz parte do projeto “Back to school” (De volta à escola), em que grafiteiros retornam às salas com o objetivo de colorir e disseminar a arte entre crianças e jovens”, conta professor coordenador Fábio Porto.

O que se vê é uma verdadeira galeria. O aluno Eduardo Amorim de Araújo relata como se sentiu no momento em que entrou na sala, após a conclusão do trabalho. “No dia que a gente chegou foi inesperado, porque a gente pensou que iria ser só mais um dia [de aula]. Aí nós entramos e tinha essa obra de arte na parede, e ficamos tirando várias fotos”, relembra.

A parceria é ideia do coordenador Fábio Porto com o artista Celio, após eles realizarem uma pintura no muro da casa do educador. Juntos eles convidaram outros nove artistas, que toparam participar da ação sem cobrar nada, a saber: Débora Seiva, Roberto Bieto, Felipe Borges, Marcio Ficko, Katia Suzue, Inea André Coletto, Hélio Marques, Albert Lazarini e João Henrique Valério.

Celio explica que os dez fazem parte de um coletivo com cerca de 30 artistas. “Nos reunimos de segunda-feira, no atelier do Walter Nomura, um dos primeiros grafiteiros, da primeira geração do grafite de São Paulo. Ali a gente discute arte contemporânea”, esclarece. Ele também fala sobre a importância de difundir a arte de rua, pois segundo Celio “existe ética no meio do hip-hop, existe princípio, existem valores. E esse projeto é uma forma de mostrar que o hip-hop ainda é visto como algo marginalizado da periferia. Sim, nasceu na periferia, mas está ganhando seus espaços no centro, em lugares culturais”, completa.

Sobre a importância dessa ação na escola, a diretora da unidade, Fernanda Portugal Canossa, esclarece que o projeto do grafite, o hip-hop e o contexto da arte de rua, já é trabalhado com os estudantes durante um bimestre. “Esse ano, a gente quer juntar com esse grafite feito. E, nessa eu acho que pode sair alguma coisa bacana e diferente”, explica.

Fernanda conta que após o trabalho desenvolvido com os alunos a partir dos grafites, como a importância de não pixar as paredes, talentos foram descobertos. Um aluno, que desenha diversas rosas nas folhas do próprio caderno e as entrega para pessoas que tem maior convívio foi escolhido para desenhar sua arte no banheiro feminino. Esse novo projeto com grafites de rosas ainda não tem data para acontecer, mas a cada dia fica mais próximo de ser concretizado.