Desde 1996, o ensino da história e da cultura afro-brasileira são temas obrigatórios no currículo educacional dos brasileiros. Seja na rede pública ou na rede privada, as instituições de ensino devem disponibilizar diferentes materiais sobre o assunto.
Em São Paulo, muitas escolas desenvolvem iniciativas com os alunos que ressaltam a importância das tradições da cultura negra em nossa sociedade. Mais do que isso, elas são responsáveis por desconstruir conceitos e formar jovens mais tolerantes e empáticos.
Palestras
Em Jundiaí, por exemplo, alunos das Escolas Estaduais Coronel Siqueira Moraes e Conde do Parnaíba contaram com uma palestra bastante enérgica sobre a história e a contribuição do negro em nossa realidade. O evento reuniu mais de 420 alunos.
“Em minhas palestras, eu falo sobre o biotipo do negro e as dificuldades que ele enfrenta na sociedade. Por que o cabelo é tão crespo? Por que tem o lábio grosso? Por que a pele é preta? Explico essas questões com base em informações científicas”, afirma o palestrante Natanael dos Santos, historiador e um dos fundadores do Núcleo de Estudo Afro-brasileiro da Unicamp.
Na ocasião, os estudantes puderam entender sobre o quanto os negros contribuíram para a história da humanidade e conhecer de perto sua arte, cultura e tecnologia. Tudo isso feito de maneira lúdica e bastante envolvente.
“São coisas que complementam o que eles estudam na sala de aula. Além de acrescentar para educação, é muito importante para a formação cultural do jovem. Estamos muito satisfeitos com isso”, explica a dirigente regional de ensino de Jundiaí, Maria Ludmila Mendes.
A palestra de Natanael também foi caracterizada por roupas e instrumentos africanos. O encontro rendeu boas músicas e bons esclarecimentos sobre o assunto.
‘Alfabantu’
Com o intuito de facilitar o aprendizado, a professora de Sociologia da E.E. Conselheiro Ruy Barbosa, na zona Norte da capital paulista, desenvolveu um aplicativo de celular voltado para o ensino da língua angolana kimbundu.
“Alfabantu” foi criado por Odara Dèlé e por seu colega, Edson Pereira, professor de História da rede municipal. Os dois viram a possibilidade de aproximar a cultura africana de seus alunos.
“Durante os estudos da cultura bantu e da língua kimbundu na USP (Universidade de São Paulo), eu e o Edson pensamos na possibilidade de juntar um elemento ancestral africano e o celular”, conta a docente.
A plataforma é composta por um glossário, alfabeto kimbundu, números, saudações, partes do corpo, nomes de animais e ainda um quiz. Além da facilidade de acesso, o aplicativo também pode ser utilizado nas disciplinas de Geografia, História, Língua Portuguesa e até Matemática.
A professora ainda conta que, como existem palavras com sonoridades parecidas com o português, os jovens se interessaram mais pelo aprendizado. “É uma forma de mostrar como este idioma contribui com as nossas transformações linguísticas”, completa Odara.
Desde o começo do ano, ele é utilizado por estudantes do Ensino Fundamental. A partir do ano que vem, a unidade pretende levar a novidade para os alunos do Ensino Médio.
“Tudo o que foge do tradicional é importante e o retorno é mais positivo. Com o aplicativo, percebemos que o ensino ficou muito mais interessante”, afirma a diretora da unidade, Simone Galdino.
Por enquanto, a plataforma só está disponível para download na Play Store para celulares com sistema operacional Android. O intuito da professora e da escola é levar a ferramenta para outras unidades de ensino no Estado.