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quinta-feira, 17/11/2005
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Projetos sociais inibem a violência nas escolas

Ações envolvendo a comunidade reduzem crimes e preservam o patrimônio   Patrícia Azevedo DA AGÊNCIA ANHANGÜERA patriciap@rac.com.br O sucesso de programas como “A Escola é Nossa” e “SuperAção Jovem” na […]

Ações envolvendo a comunidade reduzem crimes e preservam o patrimônio

 

Patrícia Azevedo

DA AGÊNCIA ANHANGÜERA

patriciap@rac.com.br

O sucesso de programas como “A Escola é Nossa” e “SuperAção Jovem” na redução dos índices de violência e vandalismo nas escolas públicas está levando a Prefeitura e o Estado a ampliarem a abrangências destes projetos nas escolas do município.

A previsão da Prefeitura é a de que até 2008 todas as escolas municipais desenvolvam o “A Escola é Nossa”.

O Estado ampliou de 5 para 34 o número de estabelecimentos que irão desenvolver o “Game SuperAção”, realizado em parceria com o Instituto Ayrton Senna.

Pela segunda vez este ano, dados divulgados pela Secretaria Estadual de Educação e, agora, pelo Instituto Ayrton Senna, apontam que o número de ocorrências policiais registradas nas escolas estaduais da região de Campinas caiu 41 % em decorrência da implantação do programa.,

A redução ocorreu tanto nas ocorrências contra a pessoa, quanto contra o patrimônio. Os dados da pesquisa referem-se a 223 escolas que desenvolveram o programa entre 2003 e 2004.

Na comparação entre o período de setembro de 2002 a fevereiro de 2003, quando o SuperAção Jovem ainda não havia sido implantado, com setembro de 2004 a fevereiro de 2005, as 2.102 escolas que desenvolvem o programa em São Paulo tiveram redução de 55,4% nas ocorrências de agressão física e de 57,3% nas ameaças a professores, alunos ou funcionários feítas por alunos.

Avanço

Os alunos percebem esta mudança na pele. Desde que começou a contar histórias para as crianças da 1 a a 3a séries, a vida do adolescente Marcos Paulo de Oliveira, de 17 anos, mudou. O rapaz afirma que era bastante tímido. Com a experiência, apareceu um jovem comunicativo e seguro de si. “O programa SuperAção Jovem foi uma revolução na minha vida e na escola. A instituição teve melhoras notáveis: os casos de pichação, depredação e uso de drogas diminuíram muito depois que o programa começou”, conta o adolescente.

A afirmativa do aluno da escola Castinauta de Barros Meio e Albuquerque, no Jardim Campineiro, é endossada pela educadora profissional da Escola da Família, a professora Márcia Cristina T. Rocha, e pelos números do Instituto Ayrton Senna.

Marcos, aluno da Castinauta, faz parte de um grupo de jovens que leva crianças para a biblioteca e tenta ensinar o amor pela leitura e pelos livros. “No começo foi difícil, pois eles não queriam ir para a biblioteca. Então começamos a contar histórias e eles se interessaram por ler”, comemora o aluno.

Em Campinas, o SuperAção Jovem atualmente está presente em cinco escolas que desenvolvem o Programa Escola da Família, criado pela Secretaria de Estado de Educação para intensificar a relação escola-comunidade com a abertura das instituições aos finais de semana.

No Estado de São Paulo, o SuperAção Jovem é desenvolvido há dois anos, atingindo mais de 150 mil jovens. Um dos seus instrumentos é o Game SuperAção, onde os adolescen­tes reúnem-se em equipes e elegem um problema a ser enfrentado na escola ou na comunidade, elaboram um projeto e o inscrevem no jogo.

Com o Game SuperAção, cada jovem é estimulado a refle­tir sobre questões sociais e pessoais.

Números de sucesso

Em todo o Estado, o Escola da Família acumulou 140 milhões de participações múltiplas e atingiu a marca de 11 milhões de participações mensais. Todo o projeto envolve 5.306 educadores profissionais, 30 mil educadores universitários, 5.306 diretores ou vice-diretores de escolas, 89 supervisores de ensino, 89 assistentes técnico-pedagógicos, 315 coordenadores de área e 89 dirigentes regionais de ensino. A participação comunitária é notável: são 40 mil voluntários.

‘O adolescente percebe que as pessoas contam com ele’

Pelo menos 29 novas escolas de Campinas já estão se preparando para implantar o Game SuperAção. De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual, estas escolas já estão organizadas para desenvolver o programa. A diretora de ensino da regional Leste, professora Célia Ferreira, conta que, na sua área, o programa será desenvolvido em 17 escolas. “Cada grupo de adolescente organiza uma atividade para desenvolver com a comunidade local. Todos os projetos são idealizados e realizados pelos jovens. Há projetos de horta comunitária; de doação de cestas básicas para entidades beneficentes; de escola de futebol e vôlei”, exemplifica a pro­fessora.

A diretora de ensino conta que os alunos, ao se envolverem com a comunidade, passam a se conhecer melhor e a se importar com outras coisas. “Desenvolvendo estas atividades, os adolescentes se sentem mais responsáveis e percebem que outras pessoas contam com ele e dependem dele”, fala.

Para a educadora Márcia Cristina, a transformação interna leva os adolescentes a mudarem suas atitudes na escola. “Os jovens acabam mudando o comportamento em relação à instituição”, orgulha-se.

O diretor de ensino Admir Schiavo quer implantar o game em 17 escolas da região Oeste. “O projeto nos ajuda a formar nossos jovens”, considera. (PA/AAN)

Plano é envolver toda a rede pública

Secretaria de Educação espera levar o programa a todas as escolas até 2008

Em Campinas, a iniciativa de abrir as escolas aos finais de semana para a comunidade é antiga. O programa “A Escola é Nossa”, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Educação, existe há quatro anos. Atualmente o trabalho está presente em 23 escolas da rede municipal, que desenvolvem atividades extra-classe também durante a semana. Mas a Secretaria de Educação planeja expandir o número de escolas participantes em 2006 até abranger a totalidade de escolas em 2008. Já há recursos destinados para implantar o programa em mais escolas no Orçamento de 2006.

A secretária municipal de Educação, Helena Costa Lopes de Freitas, conta que o plano é aprimorar o programa, construindo uma concepção de escola vinculada com a vida social e cultural da comunidade. “Para isso, queremos centralizar as atividades culturais com a comunidade e os pais nos fins de semana”, diz.

Ela acrescenta que, em 2006, serão investidos R$ 110 mil no programa, número que será mantido nos próximos anos. Helena sustenta que o maior benefício do projeto é proporcionar às crianças e jovens contato com outras dimensões da atividade cultural. “Para as crianças e jovens que freqüentam as escolas municipais, este é o único espaço onde podem encontrar estas atividades. A ausência de programas culturais no Município, em todos os bairros, faz com que tenhamos que centralizar estas atividades no interior das escolas”, ressalta a secretária.

Uma das Emefs que participam do projeto é a Elza Pelegrini Aguiar, que fica no Parque Dom Pedro II. Antes das atividades, os muros e paredes da escola denunciavam o vandalismo.

Hoje, a realidade é outra. Envolvidos na vida escolar, os alunos querem preservar a escola. “Antes tínhamos sérios problemas com vandalismo. Começamos com oficinas de grafite e mudamos isso. Temos um painel de grafite contando isso”, aponta a professora Maria Aparecida Gonçalo, que atua no projeto.

As atividades englobam as oficinas de dança, música, skate e poesia, que conta com a presença de de poetas anônimos e membros convidados da Academia Campinense de Letras. (PA/AAN)