Na Escola Estadual Professora Ernestina del Buono Trama, localizada no Jardim São Paulo, as ações de Consciência Negra ultrapassam o mês de novembro, quando as atenções estão voltadas para discussões sobre racismo no país. Estudantes e professores da unidade de ensino da zona leste da capital programaram para a última quinta-feira (4) uma série de atividades com debates sobre racismo estrutural, recreativo, institucional, cultural e comunitário.
O projeto envolve todos os 1.156 estudantes da unidade, matriculados nos anos finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio. São esses alunos que tomaram a frente para o desenvolvimento das ações. Com apoio de seus professores, eles organizaram palestras e discussões e apresentaram aos colegas as diferentes formas de racismo manifestadas pela sociedade.
Os estudantes da escola Ernestina também criaram um grupo de trabalho chamado de Centro de Apoio Ação e Transformação, o Oiaeu. O grupo organizou, para o encontro de hoje, exposição de artes e oficina de tranças.
O combate ao racismo tornou-se, segundo a diretora da unidade, professora Carla Oliveira, parte do cotidiano dos alunos da escola, e não é de hoje. “Nos últimos dez anos, conseguimos fazer com que o tema fosse constantemente abordado e pelo que acompanhamos, o nível de conhecimento e compartilhamento tem se elevado. Esse é um projeto que saiu da área de humanas e se tornou um projeto da escola”, diz a diretora.
Campanha de autodeclaração
Na escola, os estudantes também são protagonistas na realização de pesquisas demográficas que levantaram, entre outros assuntos, a raça, cor e etnia da comunidade escolar. Segundo o diretor da unidade, atualmente há 52% de alunos pardos, 38% de alunos pretos, 8% de alunos brancos, além de 1% de amarelos e 1% de bolivianos e venezuelanos.
Em todas as escolas estaduais de SP está em curso a 1ª Campanha de Autodeclaração das Escolas Estaduais. O objetivo é atingir o máximo de alunos com a ação de reconhecimento da própria identidade. Estudantes a partir de 16 anos de idade podem se autodeclarar, enquanto os com 15 anos ou menos devem ter sua declaração feita pelos responsáveis.
Estudantes interessados em fazer a sua autodeclaração podem procurar a secretaria da sua escola para formalizar o seu pedido. Aqueles com mais de 16 anos de idade, inclusive adultos matriculados na Educação para Jovens e Adultos (EJA), estão aptos a fazer a autodeclaração individualmente. Já alunos com 15 anos de idade ou menos devem estar representados por seus pais ou responsáveis.