Voltar para a sala de aula pode ter muitos significados. Para uns, é a chance de voltar os estudos e conquistar chances melhores de vida. Para outros, é a motivação que faltava. Mas para Rita, voltar para a escola pelo EJA, Educação de Jovens e Adultos, foi cumprir uma promessa feita há 35 anos.
“Eu amava estudar. O último dia me deixou muito triste, porque eu sabia que não tinha condições de continuar. Tinha 15 anos, tinha que trabalhar e ajudar a criar meus irmãos. Mesmo assim prometi para mim mesma que iria terminar meus estudos”, explica hoje a formada no Ensino Básico. Vinda do interior de São Paulo, ela não pôde concluir os estudos porque teve que ajudar a família a completar a renda.
Depois, veio o casamento e o filho, que ocupou Rita. “Quando meu filho entrou no primeiro ano, pensei: essa é a hora. Voltei e o que mais mudou para minha época foi matemática. Antes era simples, agora tem umas fórmulas complexas. Mas adorei estudar”, explica a agora estudante.
Confira o depoimento completo de Rita
Os cursos da EJA recebem pessoas com características diversificadas, com histórias e experiências de vida singulares. Os motivos para a conclusão dos estudos são variados, mas têm em comum algo: é um momento definidor. “A decisão de retomar os estudos representa uma mudança no projeto de vida das pessoas. É fundamental perceber o quanto esse momento é significativo e crucial para cada um deles. É como se fosse um despertar”, pontua a coordenadora da EFAPE, Cristina Mabelini.
Para a professora de Geografia Rosa Maria dos Santos Silva, do CEEJA de Carapicuíba, o EJA cumpre mais do que o papel de completar o estudo, mas reforça a independência e cidadania de cada indivíduo. “Ajudar essas pessoas a resgatarem sua autoestima e buscarem novas formas de voltar ao mercado me fez notar a força que temos”, afirma.
Como funciona o EJA
Para realizar a inscrição no EJA , o candidato deve apresentar documento de identidade (certidão de nascimento e RG), comprovante de residência e, se houver, o histórico escolar. No caso de alunos com menos de 18 anos, o cadastro deve ser feito por pais ou responsáveis.
Atualmente, são oferecidos dois modelos de cursos de EJA na rede estadual de ensino que atendem aos Anos Finais do Ensino Fundamental e ao Ensino Médio: o curso de presença obrigatória e o curso de presença flexível. “Cada curso é formatado para o cotidiano do aluno. Se a pessoa trabalha e tem afazeres, o curso de presença flexível requer menos tempo em sala e um maior tempo para concluir as atividades”, explica a coordenadora dos grêmios estudantis na Educação, Sônia Maria Brancaglion.
As inscrições podem ser feitas nas escolas da rede estadual de São Paulo.