Se depender dos estudantes da rede estadual, as pessoas terão no seu dia-a-dia brilhantes invenções que facilitarão tarefas simples e até mesmo tarefas quase que impossíveis. Para verem na prática os conteúdos estudados em sala de aula, e ainda colaborar com a comunidade escolar, os docentes têm se dedicado às matérias eletivas de Robótica. Em Taubaté, um exemplo de que o futuro chegou está representado num protótipo que facilita a locomoção de pessoas com deficiência visual, desenvolvido na aula de metodologia ABP (Aprendizagem Baseada em Problema).
Na E.E. Dr. José Marcondes de Mattos, em Taubaté, orientados pelo professor de Física Ednilson Luiz Silva Vaz, três colegas de classe, Marcos Henrique de Souza Toledo, 16, Estefano Enrico Pereira da Silva e Lima, 15, e Sebastião Guilherme Junior, 16, que cursam a 2ª série do Ensino Médio, trabalham no desenvolvimento do Dispositivo Sensorial de Auxílio à Mobilidade, o DSAM. Com o intuito de melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, um dos alunos do grupo, cujo amigo é deficiente visual, propôs o desenvolvimento de um protótipo de óculos que auxiliasse na locomoção das pessoas com deficiência visual.
O DSAM possibilita mais autonomia do deficiente visual nas suas atividades cotidianas, pois identifica objetos localizados acima do solo e emite um sinal sonoro. “O diferencial do trabalho é que ele está sendo testado por um aluno deficiente visual da mesma turma dos estudantes que estão desenvolvendo os óculos”, frisa o educador.
Sebastião Guilherme Junior lembra que junto com seus colegas, recebeu “a proposta de desenvolver alguma coisa que melhorasse a vida de outra pessoa”. O jovem relata que o trio tinha uma ideia de mais ou menos o que fazer, mas não sabia como chegar lá. “A gente se reuniu e começou a pensar, aí acabamos lembrando do sensor de ré de carro e fomos por esse caminho. A gente tinha uma noção básica de como funcionava, e com a orientação do professor a gente foi aprendendo mais sobre o dispositivo”, acrescenta.
Na unidade escolar, o aluno Lincoln Lino Floriano, 17, que nasceu portador de deficiência visual, se prontificou a testar os protótipos. Segundo ele, “os óculos dão total segurança. A bengala não dá. Se eu ando com ele na calçada ele emite um sinal, aí eu estendo a mão e sempre tem um objeto. Eu gostei desse projeto, eles desenvolveram muito bem. É impressionante”, vibra Lincoln. O garoto vai além e acredita que o DSAM tem futuro no mercado. “Tenho certeza que algum investidor vai apostar nesse projeto”, enfatiza.
Estefano Enrico Pereira da Silva e Lima se sente bastante empolgado ao constatar que a locomoção de Lincoln aumentou. “Quando testamos com o primeiro protótipo ele conseguiu se locomover perfeitamente, e sozinho”, diz o cientista que pensa em se tronar um físico teórico.
Os estudantes de Taubaté usaram a Arduino, plataforma aberta de prototipação eletrônica, para a criação do objeto. O projeto será apresentado na 5ª edição da FeCEESP (Feira de Ciências das Escolas Estaduais de São Paulo).