Rede estadual tem 2,6 mil estudantes cegos ou com visão subnormal. Salas de recursos atendem jovens com materiais adequados e acompanhamento de professores de educação especial
“A sala de recursos já não é mais um simples espaço de lição, já tenho amigos ali, é como se todos fossem uma família”. O aluno Maurílio de Souza, que hoje cursa a 2ª série do Ensino Médio na E.E. Luiz Gonzaga Pinto e Silva, na zona sul da capital, começou a utilizar a sala de recursos da unidade aos sete anos. O aluno, que nasceu cego, hoje sabe como navegar na internet e executar qualquer tarefa em um computador sozinho.
Além da escola da zona sul, outras 72 contam com salas de recursos voltadas especificamente para alunos com deficiência visual. Ao todo, mais de 2,6 mil jovens cegos ou com visão subnormal estudam na rede estadual de ensino. Eles frequentam as aulas regularmente, mas contam também com o espaço equipado com ferramentas específicas para a ampliação de livros, máquinas Braille, computadores com softwares adequados, além de outros equipamentos.
O recurso mais importante, no entanto, é o acompanhamento. No caso da E.E. Luiz Gonzaga Pinto e Silva, a responsável pelo auxilio aos alunos que utilizam a sala especial é feito pela professora Célia Silva. “Meu trabalho é auxiliar na inclusão desses alunos, na adaptação de materiais para que eles tenham acesso ao currículo, na orientação aos pais e na orientação dos outros professores”, explica.
A professora, que leciona na escola há 12 anos, conta que também aprendeu muito durante essa jornada. “Eu aprendi, não só como profissional, mas como ser humano. Eu aprendi a ter respeito ao outro, ao tempo do outro, aprendi que todos têm potencial”, revela. “É importante trabalhar a independência e a autonomia dessas crianças, pois eles são, sim, capazes”, garante.