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segunda-feira, 27/06/2005
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Saresp 2004 confirma os efeitos positivos da capacitação permanente dos professores

Resultados globais acabam de ser sistematizados e apontam médias gerais entre 55,5 e 73,2, mas o foco da Secretaria da Educação é promover o desenvolvimento dos alunos que ainda estão […]

Resultados globais acabam de ser sistematizados e apontam médias gerais entre 55,5 e 73,2, mas o foco da Secretaria da Educação é promover o desenvolvimento dos alunos que ainda estão nos níveis de insuficiência.

O investimento maciço em capacitação de professores, aliado a programas de recuperação e aulas de reforço, e ao estímulo à participação dos pais e da comunidade na vida escolar tem surtido efeito na qualidade da escola pública paulista. Resultados globais do Saresp 2004, sistema de avaliação aplicado pela Cesgranrio para medir o desempenho individual de cada um dos quase cinco milhões de alunos do Ensino Fundamental – 1ª a 8ª séries – e do Ensino Médio, apontam médias superiores a 55,5, chegando a 73,2 na 2ª série do Ensino Fundamental. E mais de 60% dos alunos de 5ª a 8ª série do Ensino Fundamental conferiram notas entre 8 e 10 para os seus professores.

“É a avaliação mais completa e mais profunda realizada no Brasil e talvez no mundo”, revela a educadora Nilma Fontanive, da Cesgranrio. Especialista em avaliações, incluindo o Saeb, realizado bienalmente pelo Governo Federal, Nilma não se opõe a avaliações por amostragem, mas elogia a decisão paulista de realizar uma avaliação individual e universal. “É algo inédito, especialmente pela participação direta do professor”, garante. “Além de ser um diagnóstico é também uma avaliação formativa.”

As provas, realizadas em novembro do ano passado, aferiram habilidades de leitura e escrita, incluindo questões objetivas e uma redação. No caso das primeiras séries do Ensino Fundamental as questões foram do tipo aberta. Os resultados individuais foram encaminhados às escolas no início do ano para o planejamento das aulas, indicando ainda a necessidade de reforço. Além da prova foram aplicados questionários a todos ao alunos. Especificamente, os alunos de 5ª a 8ª séries e do Ensino Médio responderam a três questionários distintos: avaliação dos professores, diretores e do ambiente escolar; níveis de participação dos pais e informações socioeconômicas. “O Saresp é um retrato da rede que, ao lado das avaliações sistemáticas que os professores fazem dentro da sala de aula, orienta as intervenções que temos de fazer”, analisa o secretário de Educação, Gabriel Chalita

Embora os números sejam animadores, o maior empenho da Secretaria da Educação é promover o desenvolvimento das habilidades dos alunos que ainda se encontram em níveis de insuficiência. A saída, diz Sônia Maria Silva, coordenadora de Estudos e Normas Pedagógicas da Secretaria (CENP), é uma só: “capacitar, capacitar e capacitar”.

Sônia destaca o sucesso de programas como o Tecendo Leitura , que estimula a leitura de clássicos entre os alunos de 5ª a 8ª série, deficiência diagnosticada em edições anteriores do Saresp. Cita também programas de “sedução” à leitura, dirigidos aos professores, como o Ler e Viver . “O professor que lê mais e gosta de ler estimula mais os seus alunos à leitura”, assegura ela.

Resultados

Os resultados individuais de cada aluno são remetidos às escolas no início do ano, tornando-se um importante instrumento para o planejamento do ano letivo. É um mecanismo adicional para orientar a necessidade de recuperações paralelas, oferecidas durante o ano, de capacitação ampla de professores ou específica para alguma habilidade que possa ter sido pouco trabalhada. A discussão, em reuniões na escola, do desempenho do aluno com o próprio estudante e seus pais é outro fator fundamental. “O Saresp tem de ser aberto a todos para orientar ações eficientes”, diz Sônia.

Além dos resultados globais de desempenho, disponíveis no site da Secretaria da Educação (www.educacao.sp.gov.br), destacam-se os dados sócioeconômicos e culturais que influem positiva e negativamente no aprendizado. Ter idade defasada ao que seria adequado para a série e ter professores faltosos, aliada a condições sociais mais precárias e a pais com baixa escolaridade, são pontos que pesam no desempenho negativo. Na outra ponta, vê-se que a participação dos pais na escola e no incentivo ao estudo, além da dedicação do professor em corrigir lições e aplicar testes variados somam para o melhor desempenho do aluno.

O Saresp 2004 avaliou cerca de 4,5 milhões de alunos, sendo 4.103.270 das 5.422 escolas da rede estadual. O nível de comparecimento às provas – que não são obrigatórias – superou a 90% no Ensino Fundamental e a 80% no Ensino Médio, que inclui período noturno, onde se concentram estudantes que trabalham. Marcou ainda a estréia, por meio de adesão e já com um número significativo, da rede municipal: 138 municípios, somando mais de mil escolas e 362.221 alunos aderiram ao sistema. As escolas particulares tiveram uma participação mais tímida: 30.374 alunos de 98 escolas. Mas a garantia de ausência de rankeamento entre as escolas e os tipos de rede, além das vantagens da avaliação para diagnóstico e planejamento e o baixo custo prova-aluno, que em 2004 foi de R$1,64 per capita para o Ensino Fundamental e de R$1,65 para o Ensino Médio farão crescer essa participação em 2005, quando também será incluída a avaliação de Matemática.

“Acredito que teremos uma adesão ainda maior para 2005”, aposta Chalita, certo de que hoje a maioria dos prefeitos já compreende a importância da avaliação para o planejamento da rede, fundamentalmente, para orientar as políticas de capacitação permanente do professor. “O que melhora a educação não é construir e inaugurar escolas; é investir firmemente na formação do professor”, afirma.

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O Saresp é aplicado desde 1996. Inicialmente, só algumas séries realizavam provas. O sistema foi universalizado em 2003, passando a avaliar todos os alunos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. As provas têm elaboração técnico-pedagógica da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas (CENP) e da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), que também formula o material de apoio para os professores.

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