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quinta-feira, 28/05/2020
Coronavírus

Secretário de Educação discute Educação Especial Inclusiva com especialistas e professores da rede

Dificuldades e boas práticas do dia a dia e durante a pandemia foram abordados

O acesso à educação tem sido o maior desafio da Secretaria de Educação do Estado (Seduc-SP) nesta quarentena imposta pela pandemia do coronavírus (Covid-19). A Seduc tem adotado diversos modelos de aulas para conseguir alcançar a maior quantidade possível de alunos, mas consciente de que poderão ocorrer defasagens neste processo, prepara-se para corrigi-las.

Um desafio ainda maior é a Educação Especial, tema que o secretário de Educação Rossieli Soares levou para o Centro de Mídias SP (CMSP), com os professores da rede. Foram convidados a professora Luana Guarani, que trabalha com educação especial desde 2001, Bruno Assami, diretor executivo da Unibes Cultural e remotamente Rodrigo Mendes, fundador do Instituto Rodrigo Mendes que promove a educação de qualidade para pessoas com deficiência.

A professora Luana trabalha atualmente como coordenadora em uma unidade municipal da capital. Ela expôs duas experiências que viveu relacionadas a alunos com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). No primeiro, observou um aluno que gostava de histórias em quadrinhos e propôs uma atividade com gibis, recusada logo imediatamente. Em seguida, ele foi até um computador, abriu um programa e começou a desenhar e a escrever sua própria história em quadrinhos.

“Uma coisa que a educação especial me ensinou é que a gente tem que olhar individualmente para esses talentos porque muitas vezes eles sabem mais do que pensamos. Temos que sempre estar dispostos a aprender com essas interações,” disse.

Ela também contou sobre um outro aluno que gostava muito de desenhos animados. “Apresentei para ele uma animação com a abordagem de fatos históricos. O estudante passou a se aprofundar no conteúdo e um dia foi me mostrar uma pesquisa aprofundada que havia feito sobre a Revolução Francesa, por pesquisa de voz no Google”.

Na educação especial, a Seduc-SP também mantém parceria com o Instituto Rodrigo Mendes, que em uma de suas ações em prol da educação inclusiva mantém um site com boas práticas de todo mundo relacionadas ao tema através do portal Diversa (https://diversa.org.br/).

“A ideia não é oferecer um receituário, até porque isso não existe em educação, mas ampliar o repertório dos professores,” explicou Rodrigo.

A formação do professor para as demandas de educação especial também foi debatida. “São essas formações que nós, gestores públicos, acabamos proporcionado, seja nas universidades, seja inclusive na própria secretaria, que eu acho que precisamos avançar” afirmou o secretário de educação.

“O processo de inclusão no Brasil é muito recente, e nós também nos apegamos a esse discurso de ‘eu não tenho preparo’, mas a relação humana é rica em tempo integral, então você acaba aprendendo muita coisa na prática” exemplificou Luana.

A participação das famílias na educação especial é fundamental, e na pandemia a sua importância passou a ser ainda maior. Para alunos com Transtorno do Espetro Autista, por exemplo, ela avaliou que o estar em casa, que é a zona de conforto, pode ser usado em favor da educação, desde que seja estabelecida uma rotina pela família. “Dentro do trabalho de inclusão, não fazemos isso sozinho […] e eu preciso de um trabalho muito próximo com as famílias. É diferente dos laços que eu tenho com alunos que tem mais autonomia,” explicou Luana.

De acordo com Rodrigo, a participação da família tem que sempre mirar na construção da autonomia do aluno. “Essa conscientização do quanto a família pode ser fundamental na colaboração com a escola é um tema que merece mais aprofundamento na medida em que a família fica com dúvidas e angústias de quais são os seus limites e até onde ela deve apoiar o estudante nas atividades pedagógicas acontecendo distante da equipe,” complementou.

O secretário Rossieli analisou o comportamento geral das famílias no que se refere ao processo educacional na pandemia. “Isso pode ser um legado de tudo de ruim que está acontecendo agora [a doença, o isolamento]. Deve melhorar a percepção da família no processo educacional, do próprio professor na valorização da escola, da instituição escola, dos profissionais da educação, tudo isso são pontos muito positivos.”

A transmissão aconteceu na biblioteca tecnológica da Unibes, onde pessoas com deficiência visual podem utilizar óculos com scanner que convertem em áudio o que está escrito, permitindo o acesso a obras convencionais que não estão em braile.

“O que o livro nos traz de imaginário e nos possibilita de trazer de alcance de visão de mundo é uma coisa insubstituível. Se esse indivíduo está tendo a impossibilidade de vivenciar isso ele já está na verdade sofrendo um grande problema de inclusão,” explicou Bruno sobre a relevância do espaço.

Ele encerrou fazendo uma demonstração do óculos, aprovado pelos professores no chat.
“Óculos excelente, salto na educação especial”, “Muito interessante esse equipamento”.

Os alunos da rede estadual podem visitar este espaço através de convênio que a Seduc-SP mantém com a Unibes Cultural.