Evento promovido pela ONG Cidade Escola Aprendiz reuniu especialistas no assunto para comemorar 8 anos de existência da entidade
Nada de grandes mesas, placas com os nomes de cada um, sobriedade nas apresentações. O clima oficial deu lugar à informalidade, e os convidados, sentados em sofás, deram depoimentos conduzidos pelo jornalista Gilberto Dimenstein, vice-presidente da ONG Cidade Escola Aprendiz , no teatro do Colégio Santa Cruz , na Capital.
“A educação não é um problema da escola nem do governo. É da comunidade”, disse o jornalista na abertura do evento. Entre os convidados da conversa em forma de talk show, o secretário de Estado da Educação, Gabriel Chalita, que lembrou o quanto é importante a participação da família. “Se a gente não consegue envolver pai e mãe na história dos filhos, a história por si só não faz milagre.”
Chalita explicou ainda que o papel da escola vai além da formação cognitiva. “A gente não pode reduzir a escola ao aprendizado da leitura e da escrita. Ela também pode ensinar a ser honesto, ético, criativo.”
Escola e comunidade
A realidade da Escola Estadual Rodrigues Alves , na Avenida Paulista, é um bom exemplo da parceria entre os 2 mil e 400 alunos e a comunidade escolar. A diretora, Ivete Mitiko Sinamoto, explicou que poderia estar aposentada há 11 anos, mas decidiu continuar trabalhando para acompanhar as mudanças no ensino. Uma das mais importantes ações envolvendo a comunidade foi o esforço para restaurar o prédio tombado pelo Condephaat , Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado, em 1.985. “Os alunos adoram a escola. Não querem sair por nada”.
ONG Cidade Escola Aprendiz
Criada em 1997 pelo jornalista Gilberto Dimenstein, a Cidade Escola Aprendiz é uma ONG com foco em educação comunitária. É um laboratório no qual são testados e desenvolvidos programas para fazer da escola uma extensão da comunidade e cria um grande espaço educativo: o bairro-escola. Os principais objetivos são construir oportunidades educativas para transformar os potenciais das crianças e jovens em competências para vida, e desenvolver metodologias que façam da cidadania um fim e um meio de aprendizado, que permitam ao jovem e à criança ser agentes e destinatários de transformações sociais. Atualmente a ONG atende 5 62 crianças, 4.523 jovens, 218 idosos, além de registrar 6 4.345 participações indiretas.
Entre as parcerias com a Secretaria de Estado da Educação várias de destacam. O Clube do Saber é a chance para a troca de conhecimento, informações e idéias. Já passaram pelo Clube nomes como Washington Olivetto, João Carlos Martins, Dráuzio Varella, Ana Elisa Siqueira e Nando Reis, entre outros. Já o Movimento sem Tela , em parceria com o Projeto Cinemagia , tem a finalidade de transformar locais públicos em áreas culturais e levar sessões de cinema gratuitas em espaços abertos. O Circo no beco realiza apresentações mensais gratuitas, abertas à comunidade na Praça Aprendiz das Letras. Artistas circenses se encontram semanalmente para troca de conhecimentos, truques e experiências, acompanhados de iluminação e som. O Vitrine Aprendiz é uma parceria com diferentes artistas voluntários da Vila Madalena, que passam seus conhecimentos, técnicas e habilidades para a comunidade, em troca de espaço para exposição e divulgação dos seus trabalhos. As oficinas são abertas à comunidade em geral e são programadas de acordo com as necessidades de cada uma.
Projetos que ajudam crianças e jovens a ir além dos livros e cadernos. “Não dá para enxergar o processo educativo como algo fechado. É preciso ajudar o jovem a sonhar”, disse o secretário Gabriel Chalita.
Celso Bandarra
Fotos: Laércio Marmo
