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quarta-feira, 16/10/2024
Ensino Fundamental

Exoesqueleto para reabilitação e tinta de isopor reciclado são finalistas de iniciativa global para alunos cientistas

Finalistas do prêmio Solve for Tomorrow, organizado pela Samsung, foram divulgados na quarta (16); alunos de escolas de Franco da Rocha e São Carlos estão na disputa

Alunos de duas escolas estaduais, localizadas em Franco da Rocha, na região metropolitana de São Paulo, e em São Carlos, no interior, foram anunciados nesta quarta-feira (16) como finalistas do prêmio Solve for Tomorrow, uma iniciativa global da Samsung que busca criações de estudantes que pensam no futuro e propõem soluções para problemas reais, com base na ciência e tecnologia. São projetos finalistas um exoesqueleto de mão para reabilitação criado nas aulas de robótica e uma tinta sustentável, idealizada a partir de isopor reciclado e óleos essenciais.

Estudantes, professores orientadores e parceiros finalistas do Solve for Tomorrow são da Escola Estadual Professora Iraci Sartori Vieira da Silva, de Franco da Rocha, e Escola Estadual Professor Sebastião de Oliveira Rocha, de São Carlos.

As escolas finalistas serão premiadas com um tablet para cada aluno dos grupos selecionados e seus professores com um notebook. Agora, eles concorrem com outras oito escolas, totalizando 10 finalistas, ao primeiro, segundo e terceiro lugares do prêmio e também ao prêmio júri popular, com votação que será aberta no dia 21 de novembro.

Na fase final, todos os estudantes participarão de monitorias com especialistas, organizadas pelo prêmio, e produzirão vídeos para explicar sobre seus projetos. Esses vídeos serão disponibilizados para a votação popular pelo Solve for Tomorrow.

Franco da Rocha: Exoesqueleto de mão para reabilitação

O projeto finalista de Franco da Rocha, batizado de H.E.R (Hand Exoskeleton for Rehabilitation), foi criado com o objetivo de facilitar o processo de reabilitação física de pessoas com dificuldades motoras. Para isso, os alunos desenvolveram um exoesqueleto manual inovador.

O grupo é formado pelos alunos Eduardo da Silva Pimentel, Iago Marinho Galdino Martin, Kassia Regina Pereira Fernandes, Kauã de Oliveira Lino e Rafael Bogos dos Santos, com orientação da professora Elaine Ronconi e parceria da professora Andrea Rodrigues da Cunha.

O estudante Eduardo explica por que ele e seus colegas decidiram criar o exoesqueleto. “A motivação por trás do ‘HER’ surgiu de uma vontade muito forte de ajudar pessoas que enfrentam desafios motores nas mãos. Durante nossas pesquisas e conversas com profissionais da saúde, percebemos o quanto a reabilitação de movimentos pode ser um processo difícil, tanto para os pacientes, quanto para os profissionais que os acompanham. Por isso, desenvolvemos um protótipo que pudesse facilitar essa jornada, trazendo mais esperança e resultados efetivos”.

O exoesqueleto de mão “HER”, segundo Eduardo, foi projetado para auxiliar a reabilitação de pessoas que não têm a coordenação motora fina, seja por consequência de acidente ou doenças neurológicas, como a dispraxia. “O exoesqueleto funciona se adaptando à mão de cada usuário. O que torna o ‘HER’ único é a sua capacidade de personalização. Ele foi desenvolvido para se ajustar às necessidades específicas de cada usuário, oferecendo um processo de reabilitação mais eficiente, com um design ergonômico, podendo ajudar na recuperação da força e da precisão. Nosso sonho é que o exoesqueleto se torne uma ferramenta mais acessível para reabilitação. Imagine poder segurar um copo de água e até mesmo escrever depois de muito tempo sem fazer esse movimento simples? É exatamente esse o impacto   que queremos causar com o projeto”, complementa.

A professora Elaine destacou que o projeto foi desenvolvido a partir das aulas de robótica. “Nossos alunos estão utilizando a robótica para promover mudanças positivas no mundo ao seu redor. Com muita dedicação e inovação, a equipe está provando que a educação pode ser um agente transformador, com impacto direto na sociedade”, comenta a professora Elaine.

Além do exoesqueleto, o grupo de alunos de Franco da Rocha também tem desenvolvido outro projeto de robótica focado em sustentabilidade. Esse outro projeto foi selecionado para a Mostra Nacional de Robótica, marcada para novembro na capital de Goiás, Goiânia.

São Carlos: Tinta feita de isopor reciclado e óleos essenciais

Em 2024, a Escola Estadual Professor Sebastião de Oliveira Rocha, de São Carlos, volta a estar entre as classificadas nas etapas de seleção da premiação Solve for Tomorrow. O projeto finalista, uma tinta sustentável feita a partir de isopor, surgiu a partir da inquietação de estudantes a respeito da reciclagem inadequada desse material no país.

Dessa vez, o grupo é formado exclusivamente por meninas cientistas e leva o nome de “InfoLadies – Sustentabilidade e Nanotecnologia”. Estão na final deste ano as estudantes Ana Beatriz de Barros, Rebeca de Oliveira Silva, Giovana Bezerra dos Santos, Isabela de Paula dos Santos e Julia Yukari Kuriama Feitoza, sob orientação da professora Bárbara Daniela Guedes Rodrigues e parceria da professora Isabel Cristina Santana Kakuda.

A professora Bárbara lidera o projeto InfoLadies, que tem como foco a sustentabilidade, desde 2019. Em 2020, suas alunas descobriram uma maneira de dissolver isopor em óleo essencial de laranja. “As meninas descobriram que o isopor pode ser dissolvido em óleo essencial de laranja, uma alternativa mais sustentável para o descarte desse plástico”, explica.

Em 2022, o grupo avançou nas pesquisas, descobrindo que o isopor também pode ser dissolvido em óleo essencial de cravo, o que rendeu ao projeto um lugar entre os finalistas do prêmio.

A professora Bárbara afirma que a grande inovação veio em 2024, quando uma parceria com a Engenharia de Materiais da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), sob a orientação da professora Alessandra Lucas, que sugeriu a adição de nanocargas de carbono à tinta desenvolvida a partir do isopor. “Essa adição transformou a tinta, permitindo que ela conduzisse eletricidade, o que ampliou suas possíveis aplicações”, diz. Segundo ela, as pesquisas mostraram que a tinta, além de ser útil em isolamento de superfícies, também tem baixo custo e alta condutividade elétrica, com possibilidades de aplicação em blindagens e embalagens.

Um dos diferenciais do projeto é o preço acessível e a sustentabilidade. A tinta desenvolvida pelo clube de cientistas mulheres custa 100 vezes menos do que a disponível no mercado. “Estamos falando de uma tinta condutiva que custa centavos por mililitro, enquanto as comerciais custam dezenas de reais. Além disso, nossa tinta valoriza o isopor, que antes seria descartado, respeitando a cadeia de economia circular”, destaca a professora, frisando a importância de tirar do meio ambiente um material que poderia virar microplástico e contaminar ecossistemas.

Esta é a terceira vez que a Escola Estadual Professor Sebastião de Oliveira Rocha está entre as finalistas do prêmio. A unidade foi a campeã do Solve for Tomorrow em 2021, com um projeto para a produção de biogás e biofertilizante.

Robótica no ensino integral impulsiona habilidades computacionais nos estudantes

Neste ano, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo  adquiriu mais de 13 mil kits de robótica para as unidades do Programa Ensino Integral (PEI) que têm a jornada de nove horas. Para a distribuição de kits, a Educação investiu R$ 8,8 milhões.

“O investimento nos materiais de robótica visa desenvolver habilidades de pensamento computacional, tornando o ambiente escolar mais atrativo e incentivando o protagonismo estudantil por meio de projetos colaborativos e práticos. Além disso, a plataforma de robótica já conta com 117,2 mil estudantes e mais de 256 mil atividades foram concluídas por esses alunos”, afirma o secretário da Educação, Renato Feder.