A Educação iniciou uma nova campanha de inclusão de alunos travestis e transexuais nas mais de cinco mil escolas estaduais. Todas as 91 Diretorias de Ensino foram orientadas a oferecer a possibilidade do uso do nome social aos alunos.
Para adoção da nomenclatura de preferência, basta que alunos e todos os servidores informem a decisão à escola ou diretoria de ensino. No caso de estudantes menores de idade, é preciso a autorização dos pais. A alteração pode ser feita por novos alunos e também para aqueles que já frequentavam uma das escolas estaduais em 2014.
Além disso, para aprimorar as políticas inclusivas e de respeito à diversidade, a Educação traçou o primeiro perfil dos estudantes que já adotaram a nomenclatura de preferência. No total, a equipe analisou os dados de 44 estudantes que optaram pela mudança. Deste total, 70% são maiores de 18 anos. O levantamento também identificou que 33 estudam no período noturno. As mulheres transexuais e travestis totalizam 93% das indicações de nome social.
“Os dados preliminares nos mostram que as políticas inclusivas contribuem para resgatar pessoas que, por um conjunto de fatores, estavam afastados da sala de aula. A maior parte dos estudantes com nome social estuda na modalidade da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Agora, por meio do nome social e de outras políticas de inclusão, elas estão acolhidas em nossas escolas”, afirma Andrea Grecco, responsável pelo Departamento de Matrículas da Secretaria.
O projeto de adoção do nome social foi instituído no ano passado e prevê a inclusão do prenome em listas de chamada e diários de classe. O nome civil, aquele que está no RG, será exclusivo apenas nos documentos externos, como transferência e histórico escolar. Neste sentido, a Educação organizou uma campanha informativa com o objetivo de mobilizar ainda mais as escolas e orientar sobre os procedimentos corretos do preenchimento do nome social. Todas as 91 Diretorias Regionais de Ensino foram informadas por meio de um boletim com o passo a passo sobre o cadastro e também foi promovida uma videoconferência informativa. A condutora da mobilização é Paula Beatriz de Souza Cruz, transexual e diretora da escola estadual Santa Rosa de Lima, no Capão Redondo.
Mediadores
Também trabalham com programas de inclusão e respeito ao próximo os professores-mediadores da Educação, um educador treinado para identificar vulnerabilidades nas escolas em que atuam e traçar estratégias preventivas. Pesquisa feita com as unidades escolares participantes identificou que em 81% delas as ações de mediação aumentam a participação da família na prevenção de conflitos como bullying e preconceito.