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segunda-feira, 05/04/2004
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Universitária de Osasco se realiza no programa Escola da Família

Quando o Escola da Família começou, em agosto passado, foram oferecidas 25 mil bolsas de estudos para que universitários atuassem no programa aos finais de semana. Débora Oliveira, 19 anos, […]

Quando o Escola da Família começou, em agosto passado, foram oferecidas 25 mil bolsas de estudos para que universitários atuassem no programa aos finais de semana. Débora Oliveira, 19 anos, aluna de Geografia, foi uma das primeiras acadêmicas a aderir ao programa em Osasco. Ela tem uma história de determinação que ilustra o empenho e o benefício proporcionados pelo trabalho dos milhares de estudantes voluntários nas 6 mil escolas da rede estadual.

Estimulada pela adesão de outros colegas, Débora resolveu atuar na EE Glória Azedia Bonetti, da qual é ex-aluna. Por um período, Débora foi a única estudante bolsista da escola. Longe de desanimar, distribuiu folhetos pelo bairro convidando a comunidade a conhecer o programa. No sábado seguinte, cerca de 150 pessoas compareceram à escola. O público pôde definir as prioridades que o programa deveria atender através de uma caixa de sugestões.

A jovem universitária usou seu próprio talento para atender a alguns pedidos: criou um curso de pintura a óleo e aulas de dança do ventre para garotas de 4 a 16 anos. Além disso, ela também aplica aulas de reforço de todas as disciplinas para alunos que estudam até a 5ª série do ensino fundamental.

Sentindo a necessidade de envolver ainda mais a comunidade, Débora desenvolveu cartazes explicando o que é o voluntariado: “O voluntário não é um bobo que perde seu tempo trabalhando de graça. Ele tem um grande retorno ajudando pessoas que precisam, aprendendo com elas, fazendo amigos”, enfatiza. O resultado da conscientização foi positivo: a escola ganhou o apoio de cinco voluntários que dão aulas de capoeira, violão e axé.

Ao notar que o principal público da escola é formado por crianças carentes, Débora passou a preparar desenhos para que elas pintassem na escola. Posteriormente, propôs à equipe do Escola da Família que a verba destinada à escola fosse utilizada para a criação de uma brinquedoteca. Assim, foram comprados bambolês, bolas, além de material de desenho e pintura.

Enquanto as crianças utilizam a brinquedoteca, Débora anima brincadeiras de roda e, por vezes, prepara surpresas, como levar um vídeo infantil. “Por elas o programa iria das nove horas da manhã às sete horas da noite”, comenta. Débora observou também que muitas crianças não avisam aos pais que irão para lá. Por isso, criou uma ficha de participação para aqueles que visitam a escola, na qual constam o nome, endereço e telefone.

Todo esse cuidado com a organização do programa (os universitários identificados e a seriedade dos educadores-profissionais) está conquistando a comunidade: as mães se sentem seguras em mandar seus filhos para a escola – muitas delas, inclusive, aproveitam para fazer cursos de manicure/pedicure e pintura enquanto as crianças participam de outras atividades. A intenção é “fazer jus ao projeto: levar o pai, a mãe…”, como diz Débora.

Hoje, a escola já conta com outros universitário-bolsistas, dos quais Débora cobra o mesmo comprometimento com o projeto. A estudante chega à escola já animada, o que facilita o entrosamento com os colegas e visitantes: “Eu agito, chego de manhã, varro o pátio e ligo o rádio bem alto para despertar o sono e avisar o pessoal que já estamos por lá”. Seus próximos planos são a criação de um grupo de teatro e de uma campanha para conscientização sobre os meios de se evitar a proliferação do mosquito da dengue.

Débora reconhece que o Escola da Família facilitou o acesso de muitas pessoas à faculdade, mas ressalva que não está no programa só pela bolsa. “Sempre quis fazer trabalho voluntário, mas não sabia como e não encontrava uma área que eu gostasse. Eu queria que fosse relacionado com educação. Ao ver que meus amigos se deram bem, resolvi participar. Sou apaixonada pelo projeto, não pensei que fosse gostar tanto”, admite.

Aline Viana