A professora Marilena Di Domenico, da Escola Estadual Padre Carlos Leôncio da Silva, na cidade de Lorena, é uma das finalistas do concurso promovido pela Academia Brasileira de Letras este ano. Entre os 13 mil inscritos, a professora ficou entre as 100 finalistas e é a única representante do Vale do Paraíba.
“Por que poesia em tempos de indigência?”, esse foi o tema elaborado pelo presidente da Academia Brasileira de Letras, o poeta Ivan Junqueira. Segundo ele, a pergunta proposta foi respondida, na medida em que os professores abordaram a trágica possibilidade de que a poesia pudesse desaparecer no tempo presente.
“Os professores perceberam que, em tempos de miséria intelectual – apesar dela, ou justamente por isso – a poesia se faz mais necessária do que nunca. Os professores defenderam com unhas e dentes todas as possibilidades da língua, em redações muito bonitas, que no conjunto representam uma luta para que a poesia não deixe de existir”, declara Ivan Junqueira.
O poeta destaca que no concurso está sendo defendida a permanência da poesia, e que isso é feito através da língua. Lembra ainda que o fato de a disputa ter sido realizada em âmbito nacional, fez com que 13.117 professores se dedicassem ao tema.
Leia na íntegra a poesia composta pela professora da Rede:
“Por que a poesia em tempos de indigência?”.
Poesia e indigência, indigência e poesia
Uma triste realidade e uma doce fantasia
Indigência é vida, a vida real
Poesia é vida, a vida ideal
Vida real ou vida ideal
Por qual delas optar afinal?
O sonho me faz acreditar numa realidade
A realidade me afasta do sonho na verdade
Vida sonhada, vida vivida
Vida almejada, vida sofrida
Vida que joga o jogo da vida
Vida cansada da vida vivida
Vida de lutas e privações
Num mundo repleto de ambições
Uns querendo tudo do outro
Todos desejando de tudo um pouco
Vida de sonhos e satisfação
Onde não há luta e nem ambição
Amigos sinceros, pessoas leais
Cada um, e todos pelos mesmos ideais
Vida difícil, amarga e dura
No coração muita amargura
Sonho desfeito, esperança perdida
Lágrimas que rolam na face sofrida
Vida alegre segura e sem amargor
No coração muito amor
Sonhos realizados, esperanças renovadas
Lágrimas de alegria, lágrimas abençoadas
Vidas diferentes, vidas oponentes
Antagonismo necessário na vida da gente
Uma vida que machuca, uma vida de carinho
Duas vidas unidas num mesmo caminho
Por que poesia em tempos de indigência?
Onde está sua inteligência?
Não percebeu ainda que a realidade
Precisa da fantasia para amenizar uma verdade?
…e o poeta procura numa ânsia incontida
encontrar no ser humano, a esperança perdida
Marilena Alves Di Domenico