O clima na pista de corrida do Ginásio do Ibirapuera é de ansiedade. Eliseu de Oliveira, aluno com defciência visual que cursa o Ensino Médio na E.E. Therezinha Sartori, ocupa a raia de número oito. Ao seu lado, o atleta-guia Rodrigo Caetano da Silva que o acompanhará na prova de 400 metros das Paralimpíadas Escolares 2014.
Instantes depois, o abraço na linha de chegada entre guia e paratleta é o sinal de que o primeiro lugar foi conquistado. Eliseu e Rodrigo caminham juntos há um ano quando o estudante começou a treinar. Nas competições, Rodrigo é os olhos do estudante. “Sem ele não tem como correr”, reconhece Eliseu.
A medalha de ouro no peito é o reflexo da rotina de muita disciplina e superação. “Antes de você vencer o outro, você precisa vencer a você mesmo. Precisa dar o máximo para vencer o seu próprio limite, fazer mais do que pensou ser capaz”, afirma o paratleta.
Com Eliseu está um time de 83 jovens da delegação do Estado de São Paulo, sendo 22 estudantes de escolas estaduais. Eles participaram das Paralimpíadas, sediadas em São Paulo, entre os dias 24 e 27 de novembro. Os alunos disputaram as melhores colocações nas modalidades de atletismo, bocha, goalball, judô, natação e tênis de mesa com paratletas de todo o Brasil.
“Sou diferente”, diz atleta
Este é o segundo ano que a aluna da E.E. Professora Maria de Lourdes Barreiros Carvalho, Jéssica Gabriele Soares Giacomelli, deixa a cidade de Itapetininga, no interior do Estado, para competir.
A estudante tem mielomeningocele, deficiência genética que afeta a espinha dorsal, mas não a impediu de praticar sua paixão: o paratletismo. Ela treina todos os dias para atingir cem por cento de aproveitamento nas corridas com cadeira de 100 e 400 metros, e arremesso de dardo. “Às vezes, entro em crise por ser diferente. Mas na hora que estou ganhando a medalha, falo: ‘Eu sou diferente e isso não é um problema. Eu estou ali fazendo o meu trabalho. Eu sou diferente”, diz.
Jogos Paralímpicos de 2016
A competição organizada pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) seleciona jovens com idade entre 14 e 20 anos para integrar a seleção brasileira nos próximos Jogos Paralímpicos em 2016.