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segunda-feira, 22/03/2004
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Voluntário desmistifica música eletrônica em Martinópolis

O voluntário Valdecir Jacometti, 33 anos, ao iniciar suas aulas de dança eletrônica na EE João Gomes, em Martinópolis (cidade vizinha de Presidente Prudente, na região oeste) ampliou os horizontes […]

O voluntário Valdecir Jacometti, 33 anos, ao iniciar suas aulas de dança eletrônica na EE João Gomes, em Martinópolis (cidade vizinha de Presidente Prudente, na região oeste) ampliou os horizontes de jovens que dificilmente teriam acesso a esse estilo. Martinópolis é uma cidade de 22 mil habitantes, com poucas atrações. “A meninada que não tinha aonde ir, não tinha o que fazer aos finais de semana, encontrou na escola uma opção de lazer: aula de crochê, pintura em tecido, informática, vários tipos de dança.

“Cada um escolhe o que quer fazer”, conta a diretora Cecília Maria das Graças Marini, que está na EE João Gomes desde 1999. Valdecir pretende tirar das pessoas a idéia de que “a música eletrônica é um vestido bonito e sem preço numa vitrine chique”. Ou seja, tirar o ar de intimidação que esse estilo musical provoca em muita gente. O que ele quer é que, pelo menos, a pessoa tenha coragem de ir perguntar quanto custa, se a loja parcela, se tem do tamanho dela.

O outro ponto importante defendido por Valdecir é que essa iniciativa de conhecer algo novo, ou de se divertir, venha da própria pessoa sem a necessidade do empurrão de alguma droga: seja álcool, cigarro, e, principalmente, das ilegais. Essa convicção ficou ainda mais firme quando, ao convidar um rapaz para participar das aulas, este respondeu que se “tomasse umas, iria”. Valdecir questionou na mesma hora: “É só sob efeito de algo que se faz as coisas? Comecei a abordar o assunto, e mostrar que coragem não se adquire dessa forma”.

A diretora Cecília aprova essa estratégia: “Na região é fácil as crianças terem contato com drogas – a cidade pequena passa uma falsa idéia de segurança. Essa atitude é importante para que o jovem se conscientize de que um breve prazer proporciona um grande perigo”.

Valdecir está entusiasmado porque as pessoas estão experimentando a música eletrônica. O fundamental para dançar é desenvolver a coordenação motora e a própria sensibilidade. “É uma regra sem regras: é preciso seguir o som, a batida. É estar em sintonia com a música – cada um vai descobrindo seu estilo próprio. Parece que os movimentos são de qualquer jeito, mas é preciso ficar muito concentrado na música porque não se sabe quais serão próximas batidas, já que muitos DJ’s trabalham a música na hora”, conclui Valdecir.

A aula de dança eletrônica atraiu até o público infantil – especialmente para eles, Valdecir criou uma proposta mais lúdica, que tem feito grande sucesso. Para o voluntário, o programa Escola da Família é uma forma inovadora de educar. Ele acredita que agora até ensina melhor, já que cada interessado, com suas dificuldades, o estimulou a constantemente recriar seus métodos. O que mais o atraiu nessa oportunidade foi a chance de democratizar a dança eletrônica, ritmo que Valdecir aprecia desde a adolescência, ao ensiná-la para pessoas de todas as idades e níveis sociais.

Aline Viana