Atualmente, 246.371 mil alunos da rede são jovens e adultos que voltaram para as salas de aula
“Meu presente de aniversário foi ter passado no Enem. Agora vou fazer faculdade de nutrição”. Uma frase como essa ganha ainda mais força quando descobrimos que quem a pronuncia tem 50 anos. Maria Neci da Silva, moradora da cidade de Taboão da Serra, voltou para a escola aos 47 anos e depois de completar o Ensino Fundamental e Médio decidiu que podia ir além. Prestou o Enem e já está se programando para o início das aulas na faculdade de nutrição.
Atualmente, 246.371 mil alunos da rede estadual são adultos que voltaram para as salas de aula. A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é destinada àqueles que não tiveram acesso à escolarização na idade própria ou cujos estudos não tiveram continuidade no Ensino Fundamental e Médio.
Maria Neci parou de estudar aos 15 anos, depois que a mãe faleceu. Ela só voltou para a escola depois que foi incentivada por um amigo da mesma idade, que também decidira voltar a estudar. “Quando eu pensava em desanimar, meu filho de 23 anos, que já está até na faculdade, não me deixava desistir”, lembra. E valeu a pena. Depois de perder horas de sono estudando, a dona-de-casa conseguiu resgatar seu sonho juvenil e entrar em uma faculdade.
Para o professor de inglês de Maria Neci, que leciona há um ano e meio para jovens e adultos na Escola Estadual Antônio Inácio Maciel, o envolvimento dos alunos é invejável. “Eles levam bastante a sério o estudo porque é um desafio para eles. No começo trabalhamos bastante a autoestima porque eles chegam com medo, achando que não vão aprender, mas depois eles percebem que não é bem assim. Então você consegue ver nitidamente a mudança da pessoa”, afirma o professor Adriano Oliveira.
A proposta pedagógica é adaptada ao perfil do aluno e os cursos se adequam a necessidade do estudante. Existem cursos organizados com a possibilidade de presença flexível e atendimento individualizado, oferecidos nos Centros Estaduais de Educação de Jovens e Adultos (CEEJA), e as classes convencionais instaladas em escolas estaduais com ensino presencial.
“O curso para jovens e adultos tem organização semestral. Uma vez matriculado, o estudante leva dois anos para completar a formação no Ensino Fundamental e um ano e meio para completar a formação no Ensino Médio”, explica Mertila Moraes, diretora do Centro de Educação de Jovens e Adultos (CEJA).
E para quem ainda tem dúvida se vale a pena investir nos estudos na fase madura da vida, aí vai o conselho de Maria Neci: “Eu conquistei muita coisa. Hoje converso de igual para a igual com as pessoas. Sou uma mulher mais esclarecida e muito mais feliz. Aprendi que vida é uma lição, mas a escola é um aperfeiçoamento”, finaliza.
