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quarta-feira, 23/03/2005
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Jovens e Adultos retornam à escola para entender sua própria realidade

“Eles já são formados na vida”, analisa Beatriz Penha Carvalho, 61 anos, professora de turmas Ensino Médio de Telessala desde 1997, sobre os alunos de EJA (Educação de Jovens e […]

“Eles já são formados na vida”, analisa Beatriz Penha Carvalho, 61 anos, professora de turmas Ensino Médio de Telessala desde 1997, sobre os alunos de EJA (Educação de Jovens e Adultos) que atende na EE Prof.ª Maria Cintra Nunes Rocha. Ter uma visão acurada desta necessidade é fundamental para estimular que os alunos prossigam na vida acadêmica.

Por já serem experientes, os alunos da EJA buscam na educação formal as ferramentas para compreenderem melhor seu papel no mundo. O segredo para incentivá-los é “andar na frente dos acontecimentos”, segundo Beatriz. “Quando os tsunamis ocorreram, nós já tínhamos abordado o fenômeno em sala de aula, então os alunos sentiram-se felizes por estarem por dentro”, diz ela.

Para Beatriz, que segue a doutrina de Paulo Freire, o aluno deve ser estimulado a “reexaminar sua própria realidade, seu espaço geográfico. O educador é obrigado a dar o caminho. Com alunos com uma longa trajetória é lógico que haverá mais dúvidas e mais trabalho para o professor. Como a complexidade do trabalho é maior, então muitas vezes até extrapolamos o período de duas horas de aula, assim os alunos se sentem mais confiantes”, comenta Beatriz.

Os projetos desenvolvidos anualmente são escolhidos pela própria turma: saúde bucal, saúde e doenças sexualmente transmissíveis, prosa e verso (estímulo à redação), comunicação e telecomunicações (os alunos visitaram a redação do Comércio da Franca, jornal local), conservação da água e desmatamento. Este ano estará em pauta o tema discriminação e racismo – já discutido em 1997 e proposto pela turma deste ano em razão da polêmica sobre a política de implementação de cotas nas universidades pelo governo federal. Beatriz adianta que a discussão não se restringirá apenas às cotas, especialmente porque os alunos negros, segundo sua própria observação, têm aumentado sua participação na salas.

Aline Viana