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quinta-feira, 14/01/2021
Educação Especial

Língua Brasileira de Sinais pode variar conforme regionalismos

Pós-graduação oferecida na Unesp em 2020 reuniu 145 estudantes, sendo 65% deles surdos

Mandioca, macaxeira, aipim e castelinha são nomes diferentes da mesma planta. Semáforo, sinaleiro e farol também significam a mesma coisa. O que muda é só o hábito cultural de cada região. A mesma coisa acontece com a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Embora ela seja a comunicação oficial da comunidade surda no Brasil, existem sinais que variam em relação à região, idade e até o gênero de quem se comunica. A cor verde, por exemplo, possui sinais diferentes no Rio de Janeiro, Paraná e São Paulo. São os regionalismos na língua de sinais.

Essas variações são um dos temas da disciplina “Linguística na Língua de Sinais”, oferecida pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) ao longo do segundo semestre. “Muitas pessoas pensam que a língua de sinais é universal, o que não é verdade”, explica Angélica Rodrigues, professora e chefe do Departamento de Linguística, Literatura e Letras Clássicas da Unesp. “Mesmo dentro de um mesmo país, ela sofre variação em relação à localização geográfica, faixa etária e até o gênero dos usuários”, completa a especialista, também vice-coordenadora do Programa de Pós-graduação em Linguística e Língua Portuguesa da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp em Araraquara.

Os surdos podem criar sinais diferentes para identificar lugares, objetos e conceitos. Em São Paulo, o sinal de “cerveja” é feito com um giro do punho como uma meia-volta. Em Minas, a bebida é citada quando os dedos indicador e o médio batem no lado do rosto. Também ocorrem mudanças históricas. Um sinal pode sofrer alterações decorrentes dos costumes da geração que o utiliza.

Rimar Segala, professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), enviou um vídeo ao Estadão com exemplos de variações. Uma delas é a contagem dos números, de um a dez, que também muda de Estado para Estado. Não existe certo ou errado. Todos os sinais são aceitos. “As pessoas podem achar que a variação é isolada ou negativa, mas não é assim. A variação evidencia a vitalidade da língua”, explica a professora.

O curso da Unesp foi concebido como bimodal, ou seja, possui apresentações em Português e em Libras. Nas aulas online, cada professor apresenta o conteúdo, mas em duas línguas diferentes. Neste semestre, o curso foi o mais concorrido entre todos do programa de pós da universidade. A turma foi formada por 145 alunos, de várias partes do País, com 65% surdos.

Leia a reportagem completa do jornalista Gonçalo Junior, publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, neste link: https://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,oficial-para-comunidade-surda-lingua-brasileira-de-sinais-tem-diferentes-sotaques-pelo-pais,70003565094

Fonte: Unesp