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domingo, 20/11/2022
Notícia

Mês da Consciência Negra: projetos de destaque das escolas estaduais de São Paulo

Trabalhos interdisciplinares, pesquisas, leituras e debates, podcasts, palestras, desfile de moda compõem as atividades de combate ao racismo para além dos muros das escolas

Neste mês da Consciência Negra, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) destaca projetos e ações antirracistas nas escolas da rede estadual. Desde o lançamento da Trilha Antirracista da Seduc-SP, em junho de 2021, as unidades escolares desenvolveram projetos de relevância na luta antirracista.

“Os projetos antirracistas nas escolas têm sido de extrema importância para conscientização inclusive da comunidade escolar, além dos muros. Os estudantes têm levado essa mensagem para fora da escola, têm dado visibilidade à questão de que o racismo existe e que precisa ser combatido. Entendo que quando tivermos essa plena consciência, viveremos a real democracia”, afirma o gestor da Trilha Antirracista e do Programa de Melhoria da Convivência e Proteção Escolar (Conviva SP), Mario Augusto.

Veja a seguir projetos importantes realizados nas escolas estaduais paulistas.

Lugar de escuta, lugar de luta
Em maio, a EE Nossa Senhora da Penha, da zona leste da capital iniciou o projeto pedagógico “Antirracismo: Lugar de Fala! Escola lugar de escuta, lugar de luta!”, que terá a culminância em 26 de novembro com uma palestra da Maria Helena Silva Britto, embaixadora do samba de São Paulo, um slam dos alunos e uma feijoada no almoço coletivo.

A coordenadora pedagógica Natália de Morais Machado Gomes e coordenadora de organização escolar Renata Souza de Oliveira desenvolveram e orientaram ao longo do ano um projeto interdisciplinar, com protagonismo estudantil em que os componentes curriculares Linguagens (Artes, Educação Física), Ciências Humanas e Sociais aplicadas e Língua Portuguesa dialogam a leitura, a reescrita, as artes e a sociedade.

“Todos os anos começamos um trabalho assim, mas nos cansamos da situação ‘vamos trabalhar em novembro’. Como trabalho nesta militância, não pode ser só um dia, a dor do outro tem que doer em mim”, relata Renata Souza de Oliveira.

Para tanto, foram feitas as leituras, com mediação dos professores de Língua Portuguesa, dos livros: Na minha pele, de Lázaro Ramos, Terra sonâmbula, de Mia Couto, Quando me descobri negra, de Bianca Santana, Gato preto, de Edgar Allan Poe. Os estudantes também fizeram ilustrações e reescrita de contos, produziram podcast, trabalharam a música A carne, interpretada pela Elza Soares, assistiram e debateram o filme Medida provisória e o documentário Vidas negras importam.

“A escola tem o papel principal de atuar diretamente na formação do cidadão e construir uma sociedade mais justa com a vivência estudantil, trazendo as experiências vividas e o comportamento enfrentado socialmente, pois acreditamos que uma coisa é um indivíduo branco, culto, estudado, ainda que da periferia, falando de racismo, e outra complemente diferente, é de um estudante negro, pobre e morador em uma periferia muitas vezes violentas, falando a todo momento de dignidade”, conclui Natália Gomes.

De concurso literário a desfile de moda
Em um trabalho contínuo de ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todos os anos séries de forma interdisciplinar, a EE José Florentino de Souza, escola do Programa de Ensino Integral de Braúna, desenvolveu uma série de projetos que culminaram nas apresentações que começaram em 16 de novembro e vão até dia 22.

“Nos componentes de Língua Portuguesa, Inglês, Artes, Educação Física, História, Geografia, Eletivas (Moda/Make), os estudantes fizeram pesquisas sobre a história da cultura afro-brasileira, e dos povos e países do continente africano sobre o racismo estrutural, sobre pessoas negras que realizaram ações importantes no mundo e no Brasil”, explica a diretora Eliane Souza.

Como produtos, produção de literatura de cordel, declamação de poemas, podcasts com relatos, concurso literário com produção de artigos de opinião, apresentação de capoeira, recriações e exposições artísticas e culturais, desfile dos estudantes afrodescendentes para destacar a beleza negra de nossa escola com posterior exposição das fotos do desfile e exibição de vídeo de ex-aluna.

Consciência negra todos os dias
Durante todo o ano, a E.E. Guido Rosolen de Hortolândia realiza atividades de combate ao racismo. “Fazemos rodas de conversas nas classes, divulgando a igualdade de raça, de cor e de gênero. Hoje, por exemplo, recebemos um palestrante, o Carlos Kiss, ator, bailarino, coreógrafo e pesquisador de dança negra com especialização na África do Sul. Ele veio falar sobre a consciência negra, sobre grandes personalidades negras e suas lutas pelos seus direitos”, conta Sofia Carletto Reinaldi, diretora da unidade.

Ainda neste mês, a escola promoveu outras três palestras com os temas “Civilização Bantu e Yorubá”, “Processo de sequestro e escravidão” e “Construção do racismo e exclusão da população negra”. Os alunos também fizeram exposição de mascaras africanas, apresentação musical e de dança.

Da formação na Diretoria de Ensino à sala de aula

Na E.E. Conceição Aparecida Terza Gomes Cardinales, de Hortolândia, o mês de novembro foi dedicado a oficinas para refletir sobre as relações étnico-raciais na sociedade e no ambiente escolar.

A professora de História e coordenadora de área de Ciências Humanas Elisa Nogueira conta que participou da formação de Educação Antirracista na Diretoria de Ensino de Sumaré e compartilhou com os professores e coordenadores da escola para montar as oficinas para todas as turmas do ensino fundamental 2.

“Os alunos foram incentivados a debater sobre o crescimento do racismo e da violência contra o jovem negro no Brasil e se aprofundaram nas pesquisas sobre a população afro-brasileira, sobre grandes personalidades negras que fizeram parte da história do Brasil e do mundo. Os estudantes estão bastante engajados estão fazendo pintura em tela, produzindo textos, lendo obras de autores negros”, relata Elisa Nogueira.

Como resultado, na sexta (18), aconteceu a mostra de todos os trabalhos produzidos pelos estudantes como máscaras africanas, jogral, painéis com desenho de personalidades negras e de mulheres na ciência, além de palestras temáticas.