O II Congresso da Escola da Família, que durante dois dias envolveu mais de dois mil educadores no Palácio das Convenções do Anhembi, na zona norte da capital paulista, terminou com a expectativa de que o programa, implantado pelo Governo do Estado em agosto de 2003, deverá apresentar números ainda mais significativos quando chegar ao seu terceiro ano de vida.
No segundo e último dia, o relato de experiências e vivências das 89 diretorias de Ensino do estado, demonstrou que o envolvimento de alunos, educadores, universitários, voluntários e comunidade com os conceitos do programa está consolidado, as metas foram atingidas e as perspectivas são promissoras.
Na abertura, terça-feira, o governador Geraldo Alckmin anunciou a ampliação do programa para todos os municípios do estado, comemorou com o secretário Gabriel Chalita o Prêmio Interamericano de Responsabilidade Social, concedido pela OEA (Organização dos Estados Americanos) e ainda recebeu um novo parceiro: o projeto Escola Aprendiz, que vai doar softwares educacionais para a Escola da Família.
No encerramento, a coordenadora Cristina Cordeiro falou sobre a concretização do programa. “Com dois anos de Escola da Família podemos dizer que todos os conceitos se concretizaram, se tornaram realidade”. Confirmou a implantação do programa nas redes municipais de ensino e deu detalhes: “Durante o mês de setembro será feita a seleção dos bolsistas que atuarão como educadores universitários nas escolas municipais. No mês de outubro eles devem iniciar as atividades nas escolas”
Todos os relatos das diretorias de ensino foram embasados nos quatro eixos de ação do programa: esporte, cultura, qualificação para o trabalho e saúde. Entre os trabalhos apresentados, está o da escola estadual João Batista Botelho (DE Araçatuba), localizada em uma região rural da cidade de Santo Antonio do Aracanguá. Por estar em uma região de difícil acesso, as crianças e jovens da comunidade têm hoje uma única opção de lazer: a escola. Com salas de leitura, aulas de artesanato, jogos esportivos e muitas outras atividades, a unidade se tornou o ponto de encontro de muitas pessoas que antes não tinham nenhuma atividade de lazer fora de casa, nos finais de semana.
Já a escola estadual Mario Nakata (DE Guarulhos Sul) conseguiu resgatar a auto-estima e proporcionar a inclusão de muitos alunos, entre eles, o estudante cadeirante Eric. Com o empenho de todos os responsáveis pelo programa na escola, incluindo seus 12 bolsistas universitários, Eric reencontrou o sentido de viver. Hoje ele participa de muitas atividades, inclusive o vôlei e o basquete.
Em Cordeirópolis, interior de São Paulo, outro exemplo de dedicação é o da escola Coronel José Levy. Devair, onde um garoto, que antes da implantação do programa vivia dentro de casa, tem hoje uma história bem diferente para contar. Com um problema de má formação no cérebro, Devair tem a audição e a visão comprometidas. Mas isso não o impediu de freqüentar as aulas de violão e melhorar, com isso, a sua qualidade de vida. Devair conquistou o respeito dos colegas e hoje o violão é para ele o instrumento de inclusão que o faz interagir com todos os integrantes da escola.
Ele não foi o único caso apresentado nos relatos dos dirigentes. Em Nazaré Paulista, o aluno Alisson Jorge de Oliveira, portador de deficiência motora, estava marginalizado. Tinha problemas para se locomover e falar. Com a abertura do programa em uma das escolas da região, Alisson entrou para o projeto Desistir Nunca e pôde desenvolver atividades como capoeira, aulas de canto, teclado, hip hop e nas oficinas de informática. Estes são apenas alguns dos exemplos clássicos do programa Escola da Família e que traduzem o sentimento de que é possível sim pensar em uma escola aconchegante, participativa e envolvente.
Paola Martins (com Renata da Silva)
