• Siga-nos em nossas redes sociais:
sexta-feira, 28/06/2002
Últimas Notícias

Mutirão da Cidadania e Concerto pela Paz mobilizam alunos da rede estadual de ensino. Um dos projetos inclui a volta do Hino Nacional nas escolas

Cerca de 10 mil estudantes da rede pública de ensino estiveram nesta sexta-feira (dia 28), participando do Concerto pela Paz na Escola. O evento aconteceu no Ginásio do Ibirapuera e […]

Cerca de 10 mil estudantes da rede pública de ensino estiveram nesta sexta-feira (dia 28), participando do Concerto pela Paz na Escola. O evento aconteceu no Ginásio do Ibirapuera e marcou o lançamento do Mutirão da Cidadania, que começa a ser desenvolvido nas escolas no mês de julho.

Segundo o secretário da Educação, prof. Gabriel Chalita, o objetivo deste trabalho é fortalecer o conceito de cidadania nas crianças e adolescentes da rede estadual de ensino do Estado de São Paulo

O Mutirão da Cidadania começará no próximo dia 04.07 nas 6.100 escolas da rede pública do Estado.

O projeto é composto por 10 ações a serem desenvolvidas com os 6 milhões e 100 mil alunos do Estado de São Paulo. Um dos projetos desenvolvidos, inclui a volta do Hino Nacional nas escolas.

 

Idéia do secretário estadual Gabriel Chalita já foi adotada por algumas unidades

MARCOS DE MOURA E SOUZA

Uma vez por semana, antes do início da primeira aula de cada período, as 7 e as 13 horas, os alunos da 1.ª à 4.ª série da Escola Estadual Professor Geraldo Homero de França Ottoni, em Pirituba, na zona oeste, perfilam-se no pátio diante de uma Bandeira do Brasil e cantam – compenetrados, alguns com a mão no lado esquerdo do peito – o Hino Nacional. São 300 a 350 crianças de 7 a 12 anos. Algumas ainda enrolam a língua nas palavras mais complicadas, mas seguem em frente. No fim do dia, um aluno é destacado para recolher a bandeira, dobrá-la e entregá-la a um dos professores.

A cerimônia ainda é rara nas unidades da rede pública de São Paulo. Mas, no que depender do secretário estadual da Educação, Gabriel Chalita, passará a ser realizada na maioria delas.

O hasteamento, com execução do hino, é um dos dez pontos de um programa batizado pelo governo como Mutirão da Cidadania, que Chalita apresenta hoje em evento no Ginásio do Ibirapuera. Entre os pontos estão projetos de incentivo ao voluntariado, à coleta seletiva de lixo, à valorização do ambiente escolar e à criação de grêmios estudantis. As escolas não serão obrigadas a adotar as propostas. “Cidadania não se constrói por decreto”, diz o secretário. “Estamos sugerindo e as escolas, dentro da sua autonomia, vão avaliar se esses pontos podem ajudar no desenvolvimento da cidadania.”

A sugestão do hino, em particular, vem sendo apresentada por Chalita nos últimos dois meses, em visitas às escolas. A reação, diz ele, tem sido positiva. O secretário afirma que, além de ser uma tentativa de resgatar valores de nacionalidade, o hino pode ser usado como base para o ensino de certas disciplinas. A secretaria promete começar a distribuir às escolas já na próxima semana uma publicação sobre como os professores podem se valer do hino em trabalhos interdisciplinares.

O secretário diz que não há nenhuma lei que obrigue a execução do hino nas escolas. O Ministério da Educação (MEC), informa, porém, que pela lei 5.700 de 1.º de setembro de 1971, promulgada pelo governo Médici (e mantida na Constituição de 1988), as escolas do ensino fundamental e médio são obrigadas a hastear a bandeira e a executar o hino uma vez por semana no ano letivo. Mas a determinação parece ter caído no esquecimento.

Chalita chegou a ouvir comentários de que a instituição do Hino Nacional seria uma volta ao passado, ao período do governo militar em que sua execução era associada ao regime. “Para alguns pode lembrar a ditadura, mas também lembra as diretas-já e Ayrton Senna”, costuma responder o secretário.

Embora seja a favor do teor das medidas incluídas no pacote de cidadania, o presidente eleito do Sindicato dos Profissionais do Ensino do Estado de São Paulo (Apeoesp), Carlos Ramiro de Castro, vê o projeto como eleitoreiro. “Muitas dessas idéias já foram anunciadas antes, mas não foram concretizadas”, diz. “Não dá para ser contra grêmios e valorização das escolas, mas queremos uma discussão sobre a grade curricular, sobre o aumento do número de aulas na área de humanas, que levam de fato à socialização dos alunos e a uma cidadania consciente”