Nesta terça-feira (25), a Secretaria de Estado da Educação de São Paulo promoveu o “II Encontro Paulista de Grêmios Estudantis”. O encontro reuniu cerca 1,8 mil alunos gremistas no Memorial da América Latina, na capital paulista.
Na ocasião, além das equipes gremistas, estiveram presentes membros de movimentos estudantis, como União Paulista dos Estudantes Secundaristas (UPES), União Nacional dos Estudantes Secundaristas (UNES), União da Juventude Brasileira (UJB) e União da Juventude de São Paulo.
Autoridades do Governo do Estado de São Paulo também participaram o encontro e estiveram dispostos a ouvir as principais demandas e desafios da rede estadual de ensino.
O governador Márcio França ressaltou a importância da atuação dos Grêmios nas principais decisões da escola. “Vocês têm responsabilidades e têm ajuda do Governo de São Paulo. Estamos fazendo o máximo para que todos tenham ensino púbico de qualidade”, disse aos jovens.
Aqueles que não puderam comparecer na cerimônia, o evento foi transmitido ao vivo por streaming para todo território paulista.
Mais do que representantes
Nesta edição, o tema de discussão foi “protagonismo juvenil”. O intuito foi estabelecer o diálogo em virtude do programa estadual recém-lançado “Orçamento Participativo Jovem”.
A iniciativa, anunciada no pacote “Juntos pela Educação” no começo de julho no Palácio dos Bandeirantes, permite que as agremiações da rede estadual recebam uma verba exclusiva para decidir sozinhas como ela deve ser aplicada dentro do ambiente escolar.
No total, foram aprovados 5.098 projetos e, cada um deles, receberá R$5 mil via Associação de Pais e Mestres (APM). O repasse da verba pública será feito de maneira menos burocrática e mais dinâmica para que os jovens não percam interesse na ação.
“As decisões que a escola toma não podem ser comunicadas de cima para baixo. Pela primeira vez, a gente coloca o dinheiro na mão dos alunos para eles tomarem decisões. Eles estão maduros. Mais de 5 mil Grêmios foram capacitados e apresentados aos planos de ações”, explicou o secretário de Estado da Educação, João Cury.
Com o valor em mãos a partir de outubro, os jovens terão que executar projetos de melhorias até o final do ano. Vale ressaltar que as 91 Diretorias de Ensino receberam um manual de como essa verba poderá ser empregada.
“O OP Jovem vem para carimbar o empoderamento dos jovens no papel do Grêmio Estudantil, não só de participação, mas de decisão. Grande parte do valor será para matéria de consumo e material de manutenção das escolas”, afirmou Raphaella Burti, coordenadora do projeto e membro a equipe responsável pelos Grêmios da Secretaria da Educação.
O aluno Daniel Felipe, da E.E. Prof. Teruko Ueda Yamaguti, enxerga essa iniciativa como um importante símbolo da participação democrática dos alunos nas questões centrais da comunidade escolar.
“É pouco importante o quanto vão dar, a questão é como vocês vão usar esse dinheiro e como vão dialogar com o resto dos alunos. A gente quer ver uma sociedade construída através do diálogo e isso começa dentro da própria sala de aula”, reiterou o jovem aos demais colegas.
Cultura como instrumento de educação
Dentro do “Juntos pela Educação”, o Governo de São Paulo também lançou o programa “Cultura Ensina”, uma proposta de estabelecer parcerias com instituições que garantam aos estudantes e professores visitas gratuitas a centros culturais e exposições, convites para espetáculos cênicos (teatro, dança e circo), além da instalação de salas de cinema em auditórios escolares.
O Encontro dos Grêmios foi um momento para enfatizar os benefícios que a cultura e a educação trazem no desenvolvimento de habilidades socioemocionais dos alunos. A iniciativa surgiu a partir das demandas das próprias equipes gremistas.
“Demos um passo fundamental ao aproximar a cultura da educação. Mais de 100 mil alunos já participaram. O futuro de todos nós está na cultura, na educação e na democracia. É isso o que os grêmios fazem hoje”, certificou o secretário de Estado da Cultura, Romildo Campello.
Direitos da infância
Outra convidada do Encontro é Anna Luiza Calixto, autora de quatro livros sobre defesa dos direitos da criança. A escritora saiu da rede estadual em 2017, mas já levou para mais de 30 escolas da região de Atibaia ideias sobre protagonismo juvenil, liberdade de expressão, acesso à educação e combate ao trabalho infantil. Com apenas 16 anos, a estudante também mantém um canal no YouTube.
Debates sobre o bullying e a nova Base Nacional Curricular Comum também estiveram na programação.
