A EE Professora Maria Peccioli Giannasi , na Zona Sul da Capital, é a prova de que é possível fazer uma escola não apenas da família, mas também da comunidade. Com seus 2.500 alunos circulando em três períodos durante a semana, a escola continua agitada nos fins de semana, repleta de atividades para os mais variados gostos e faixas etárias.
Com menos de um mês de vida, a programa “Escola da Família”, que propõe a abertura de todas as 6 mil escolas do Estado aos sábados e domingos, mostra que chegou para ficar. No último sábado a agitação começou logo cedo na Maria Peccioli Giannasi. Às 9 horas os portões da escola já estavam abertos e todos os seus espaços eram utilizados por mais de 300 alunos e moradores do Jardim Ângela.
A escola disponibiliza as salas, o pátio e a quadra para o desenvolvimento das atividades, divididas por turnos, com turmas de aproximadamente 40 pessoas. As salas são usadas para alfabetização de adultos, grupos de estudos, aulas de inglês, espanhol, pintura e desenho. Há também espaço para axé, street dance, judô, shutsu, dança de salão, xadrez, oficinas de artesanato e de bordados. No pátio e na quadra, são disputados jogos de tênis de mesa, handebol, capoeira e futebol de salão.
O que mais chama a atenção, segundo os freqüentadores da escola, é o amor que os educadores mostram pelo seu trabalho. A diretora Rosangela Karam não vê problemas em estar na escola inclusive nos fins de semana. “Trabalho e supervisiono cada detalhe para que o programa continue dando certo por muitos anos. Num bairro que não oferece outras opções, como parques e clubes, os moradores vêem na escola um local de lazer garantido a cada fim de semana”, comenta.
O corpo de voluntariado também é muito participativo. Hoje a escola conta com 15 voluntários, que desenvolvem as mais diversas atividades, desde o auxilio na supervisão do programa até o desenvolvimento de aulas de desenho, capoeira, teatro e dança.
As ruas do bairro onde fica a escola estavam vazias no último sábado e a escola, completamente lotada. A coordenadora de área da Diretoria de Ensino da região Sul, Adriana Rodrigues dos Santos, cuida de 20 escolas e trabalha todo fim de semana. “O programa tem apenas um mês e já está muito ativo. Estamos conseguindo parceiros, como supermercados que doam alimentos para curso de culinária e locadoras de vídeo que emprestam seus filmes para a sessão cinema.” Adriana não pára. Com formação em Educação, Física está criando um projeto próprio na sua área, que pretende desenvolver nas escolas. De segunda a sexta- feira participa de reuniões sobre o andamento do programa e ao mesmo sai à procura de novos parceiros.
O funcionamento da escola aos sábados e domingos pode funcionar também com uma solução para o dia a dia de muitas crianças. É o caso de Karina Souza Rodrigues, de 9 anos. Os pais de Karina trabalham de segunda a segunda. Antes de as escolas abrirem seus portões nos fins de semana, ela ficava em casa assistindo televisão. “Hoje, faço aula de pintura e desenho e pratico várias atividades, como capoeira e dança. Nunca mais me senti sozinha”, diz a aluna da 3.ª série.
Paola Martins