Professores e alunos das primeiras séries do Ensino Fundamental da rede pública estadual de ensino da Capital paulista e Grande São Paulo já começaram a utilizar os materiais de apoio do Programa Ler e Escrever. “Os materiais trazem várias sugestões de abordagem do trabalho de alfabetização. Entre elas, a gente adota as mais convenientes para cada turma”, afirma Ana Paula Matos Soares, professora da 1ª série E da Escola Estadual Professora Julieta Terlizzi Bindo, da Vila Bancária, zona leste da Capital paulista. A Secretaria de Estado d Educação, via FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação), já distribuiu às Diretorias de Ensino da Cogsp – Coordenadoria de Ensino da Região Metropolitana da Grande São Paulo as sete primeiras publicações do programa, sendo que cinco são destinadas a professores e duas, aos alunos. Na terceira semana de aulas da 1ª série E, a professora Ana Paula, com o auxílio de Soraia Rodrigues Pereira, aluna pesquisadora do Ler e Escrever apresentava à classe uma atividade conhecida como Bingo dos Nomes, que está entre as indicadas pelo programa para o início da alfabetização das crianças. “O projeto é bem centrado. Todas as atividades propostas permitem ótima interação com os alunos”, avalia Soraia. A professora Maria de Fátima de Paula diz que os projetos propostos pela Secretaria da Educação vêm sendo desenvolvidos desde 2006, quando chegou à unidade. Para ela, o grande diferencial que chega com o Ler e Escrever é a introdução dos materiais de apoio. “De três anos para cá, todas as propostas vinham sendo desenvolvidas aqui, a partir do Projeto Letra e Vida”, disse Fátima. “Nós já estávamos trabalhando assim, em equipe. Além disso, temos professores que trabalham na Prefeitura e já conhecem o projeto de lá”, explica a diretora, referindo-se ao Ler e Escrever, que nasceu por iniciativa da Secretaria de Educação do Município de São Paulo. Fátima lembra, ainda, que a EE Profa. Julieta Terlizzi Bindo praticamente zerou a retenção de alunos na 4ª série. Aprendizagem contínua Para a professora Ana Paula, o programa é interessante, pois proporciona uma aprendizagem contínua. “Estamos trabalhando o Guia de Planejamento e Orientações Didáticas nas HTPCs (horas de trabalho pedagógico coletivo).” “Não dá para negar que é cansativo (participar de 4 horas semanais nas HTPCs). Mas é importante, porque é um projeto novo, e nós precisamos de um espaço para discuti-lo. São momentos enriquecedores para todos os professores e para as alunas pesquisadoras, que também participam”, disse Ana. “Eu achei muito importante o programa criar esse espaço, no qual elas (as professoras) podem vir às terças e quartas-feiras para estudar e planejar as ações”, diz a coordenadora pedagógica Vilma de Melo Silva. “Mas é essencial a participação dos gestores”, acrescenta. A diretora Fátima diz que as professoras receberam bem o programa. “O grupo aceitou muito bem o Ler e Escrever. Não é um projeto só de 1ª e 2ª séries, é de toda a escola. A escola toda o abraçou visando à alfabetização, sempre mantendo a troca de informações, de conhecimento”, conclui a diretora. Sobre as atividades propostas pelos materiais, como o “Guia de Planejamento e Orientações Didáticas” e a “Coletânea de Atividades”, a professora Ana Paula adota uma postura pró-ativa, sendo que ela mesma está confeccionando letras móveis a serem usadas em classe, uma das indicações de trabalhos incluídas nas publicações. “Cabe a cada professor ter criatividade para trabalhar”, afirma. Alunos pesquisadores Os alunos pesquisadores são universitários de cursos de Pedagogia ou Letras das instituições de ensino superior conveniadas ao Ler e Escrever, dentro do Projeto Bolsa Alfabetização (uma das principais ações do Ler e Escrever). Além de auxiliar os professores de 1ª série do Ensino Fundamental na alfabetização das crianças, eles são responsáveis pela formação de uma importante ponte entre a escola e a academia. Para a aluna pesquisadora Soraia, o Ler e Escrever está sendo fundamental na sua relação com a Faculdade Integrada Paulista (FIP), onde estuda: “A gente leva experiências importantes”. Ao destacar o contato das bolsistas do programa com as demais alunas de sua faculdade, Soraia conta com orgulho: “As colegas dizem: ‘Nossa, vocês estão trazendo tantas experiências'”. “Eu até trabalhava em período integral, e optei por sair do serviço para ficar só na faculdade e me dedicar ao projeto”, conta Soraia, que iniciou no Bolsa Alfabetização em agosto de 2007. Receptividade dos alunos Após parar por alguns minutos a rodada de Bingo dos Nomes, os alunos da 1ª série E, todos de sete anos, contaram sobre suas impressões nesses primeiros dias de aula. “A gente está aprendendo a ler e alguma outra coisa”, disse Ruan. “A gente aprendeu algumas músicas também”, completou. Em resposta à pergunta sobre qual era o nome mais complicado da turma, a maioria deu uma mesma resposta: Vitórya Adriana Letícia, por ser o mais longo de todos. Ajudado pelos colegas de classe, Fabrício contou a história da Bela Adormecida, que aprendeu com a professora Ana Paula. Mesmo brigando contra a própria timidez, o garoto consegue lembrar de toda trama, até seu final apoteótico: “E eles viveram felizes para sempre”.
segunda-feira, 17/03/2008