Iniciativa ajuda a incentivar a leitura e a formar espírito crítico, segundo o projeto que a ANJ leva a 3 milhões de estudantes de todo o Brasil
Mais de 52 mil alunos de ensino fundamental e médio de escolas da região de Araçatuba têm espaço reservado em jornal local para a publicação de notícias da comunidade e produções literárias. Trata-se do projeto cultural “Folha da Região na Sala de Aula” que envolve 53 escolas e mais de 43 mil alunos da rede estadual de ensino.
O programa começou em 1993 com a inclusão de uma escola estadual e algumas particulares. Daí por diante não parou mais de crescer. Hoje, conta com 71 unidades de ensino, entre estaduais, municipais e particulares, além de entidades e instituições como Sesi, Apae e Febem.
Além de Araçatuba, mais 11 municípios da região fazem parte do projeto (Bento de Abreu, Birigui, Brejo Alegre, Buritama, Guararapes, Mirandópolis, Penápolis, Piacatu, Rubiácea, Santo Antonio do Aracanguá e Valparaíso).
O objetivo é desenvolver nos alunos atitudes de cidadania e de opinião, com análise crítica de acontecimentos da região. Visa também propor, sugerir, associar e formar grupos voluntários de ajuda nas escolas ou nas comunidades, além de propiciar o hábito de leitura e produção de textos.
A Diretoria de Ensino de Araçatuba é uma das que têm parceria com o jornal Folha da Região. Com mais 16 empresas privadas patrocinadoras (bancos, laboratórios, hospitais, empresas de transportes, indústrias e sindicatos), as escolas fazem muito sucesso com o programa.
De acordo com a coordenadora do projeto da Diretoria de Ensino de Araçatuba, Nilza Colli, essa iniciativa procura incentivar o aluno a trabalhar os fatos locais. “Com este projeto é possível colocar o aluno no contexto de informações para que ele se envolva de uma maneira mais ativa”.
No jornal Folha da Região, há uma página destinada à publicação de matérias elaboradas pelos próprios alunos. São divulgados textos opinativos, poéticos, narrativos e outros que sejam pertinentes aos assuntos do momento.
Os alunos exploram manchetes jornalísticas, notícias, reportagens, textos publicitários, opinativos, enfim, tudo o que estiver de acordo com os objetivos propostos pelos professores e alunos. Eles analisam ideologias, preconceitos, linguagens e pertinências de assuntos. Trabalha-se também a oralidade e a produção de textos que podem ser publicados no mural da escola.
Para este ano estão programadas visitas das escolas de Araçatuba à Folha da Região para que os alunos conheçam o dia-a-dia dos profissionais da redação e saibam como é produzido o jornal. Os estudantes observam as manchetes principais, a primeira página e cada assunto publicado nos cadernos. O objetivo é saber qual a função dos temas e a que público leitor se destina.
Além do espaço reservado no jornal local, os alunos também produzem jornais e revistas das próprias escolas, com tiragens expressivas e periodicidades mensais ou bimestrais. Os assuntos são os mais variados possíveis: lazer, atividades artísticas, aniversariantes, notícias da comunidade local, esportes, curiosidades, horóscopos e produções literárias.
Cerca de 41 jornais de grande e médio porte em todo o Brasil possuem projetos semelhantes. A proposta é um incentivo da Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e atende a mais de três milhões de estudantes em todo o país, espalhados por mais de nove mil escolas em 15 Estados brasileiros.
Desenvolvimento do projeto
No final de cada ano letivo são abertas as inscrições para as escolas que queiram participar do projeto no ano seguinte. Estas inscrições podem ser realizadas nos jornais ou nas Diretorias de Ensino.
As escolas, divididas em duas ‘bandas’, recebem sugestões de atividades e exemplares de jornais para serem trabalhados em todos os componentes da grade curricular. Semanalmente são enviados para cada escola 20 jornais do mesmo dia e em meses alternados.
O projeto desenvolve-se de forma interdisciplinar. Além disso, os professores são informados sobre os concursos de produção de textos (narrativas, poesias) e orientados por assuntos freqüentes ocorridos nas edições de jornais.
Os concursos são organizados pelos jornais locais e acompanhados pelas oficinas pedagógicas das diretorias de ensino. Estas oficinas também capacitam os professores com sugestões de atividades e trocas de experiências.
Paola Martins
