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sexta-feira, 06/04/2018
Educação Especial

#ConcursoDorinaNowill: aluna da rede leva título para a cidade de Hortolândia

Suellen Cristina é deficiente visual e foi premiada na sede da Fundação Dorina Nowill para Cegos

Nesta quinta-feira (5), aconteceu na sede da Fundação Dorina Nowill para Cegos, em São Paulo, o evento de premiação do concurso de vídeos “Dorina Nowill: um mundo além das barreiras”. A primeira colocada entre os finalistas foi Suellen Cristina da Silva Teixeira, 16, após ser a mais votada entre o público, na internet. Suellen é de Hortolândia, aluna da E.E. Euzébio Antonio Rodrigues, e seu vídeo está disponível neste link.

Suellen conta que nunca tinha participado de algum concurso. “Essa foi a primeira vez, e eu fiquei muito contente com o resultado”, comemora. “A professora Valéria mandou mensagem no meu celular falando que tinha uma notícia muito boa para me dar”, lembra a estudante. Participar do concurso e vencer foi muito bom, mas o gostinho especial foi por ter a oportunidade de conhecer pessoalmente a Fundação Dorina Nowill, “pois já havia lido um livro escrito pela senhora Dorina Nowill”, explica Suellen.

“No vídeo eu conto que, apesar da minha deficiência, vivo uma vida normal, lavo a roupa, a louça e ando de bicicleta. No triciclo eu vou com a mamãe, na bicicleta normal eu vou sozinha. O papai vai com um sininho e eu vou seguindo o som”, esclarece.

Estudiosa e entusiasta da Matemática, a pequena aluna pretende usar o tablet que ganhou no concurso realizado pela Fundação Dorina Nowill e pela Educação para colocar arquivos pessoais e, também, para estudar. “Eu gosto bastante de estudar, nem sempre tiro nota alta, mas eu gosto”, explica com sorriso no rosto.

Prematura de seis meses, Suellen Teixeira nasceu portadora de deficiência visual. Impossibilitada de viver com os pais, sua avó Dijanira Rosa da Silva Teixeira logo tratou de pegar a guarda da criança. Desde então, sua vida mudou bastante. “A Suellen é um presente que Deus me deu, o melhor presente da minha vida. Sou feliz por cuidar dela e por ver que ela está progredindo na vida”, relata a mãe-avó.

Ao falar do dia a dia da filha, Dijanira explica que é como se Suellen não tivesse deficiência. “Ela faz de tudo. Ajuda nas tarefas de casa, dobra todas as roupinhas das gavetas no quarto dela e muito mais”. Ainda se recuperando da emoção, Dijanira fala que quando ficou sabendo do concurso já tinham feito quase tudo. “Aí só esperei o resultado, e eu acho que fiquei mais emocionada do que ela. Muita ansiedade!”

Ser portadora de deficiência visual é aprender a não desistir a cada obstáculo, mesmo quando esses obstáculos não são físicos. “Eu gostaria que o mundo fosse um pouco melhor, principalmente sobre o trato pessoal. Às vezes ela sofre um pouco, pois as pessoas não querem dar oportunidade por ela ser deficiente visual, não querem fazer as coisas juntamente com ela. E isso machuca o meu coração”, lamenta Dijanira.

Orientada pela professora Valéria Paixão, que leciona Artes para o Ensino Médio, Suellen no começo teve que quebrar a barreira da vergonha. Tanto a educadora, quanto os alunos da escola tiveram que ter paciência, mas conseguiram conquistar a atriz. Valéria tem um canal no Youtube e levou toda a sua experiência para que Suellen conquistasse o maior número de visualizações possível. Deu certo!

“Então é assim, toda essa parte mais artística, de comunicação, eu entro mesmo. Eu agarro. Abraço a causa”, Valéria conta aos risos. Suellen deve voltar para Hortolândia nessa sexta-feira (6), e, segundo a professora Valéria, “a escola está esperando a aluna com um corredor de aplausos”, acrescenta.

Maria Beatriz de Souza, diretora da Euzébio, acredita que essa foi uma grande oportunidade para se aprender. “Aprender com a superação, com o empenho, com a vontade que ela tem de conhecer e com a doçura e o sorriso dela todos os dias”, ilustra. Ela acrescenta que “o concurso acabou envolvendo não só a Suellen, mas toda a escola. O jovem, o adolescente envolvido acabou conhecendo a história da Dorina, foi solidário e garantiu a vitória da Suellen. O concurso saiu dos muros da escola, pois a comunidade escolar inteira foi mobilizada a votar”, conclui.

Na Diretoria de Ensino de Sumaré, a dirigente escolar, Dirceuza Biscola Pereira, entende que “ter escolas que mobilizam a comunidade faz toda a diferença. Além disso, com esses resultados os alunos são os verdadeiros valorizados”, garante.

Conjunto Braille Bricks

Durante a cerimônia de premiação, o secretário da Educação José Renato Nalini e Nair Passos Fleury, presidente do Conselho Deliberativo da Fundação Dorina Nowill, assinaram Protocolo de Intenções com o objetivo de ampliar o repertório de materiais acessíveis para a educação de crianças com deficiência visual na rede estadual, com a oferta do “Braille Bricks” e a qualificação de professores nas 91 Diretorias de Ensino.

O documento prevê que a Educação concederá apoio para as ações ofertadas pela Fundação e garantirá a distribuição dos “Conjuntos Braille Bricks” nas escolas do Estado que fazem parte das 91 DE’s. Além disso, dois profissionais de cada diretoria deverão passar por formação para que todo o potencial do material seja utilizado. O conjunto didático será doado pela Fundação Dorina Nowill, que também cederá educadores que ministrarão a formação dos representantes da Educação.