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terça-feira, 16/08/2005
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Diretores brasileiros e americanos têm muito em comum

Seminário mostra que caminhos para uma escola mais eficiente são iguais nos dois países A realidade vivida por diretores de escolas públicas dos Estados Unidos é muito mais parecida com […]

Seminário mostra que caminhos para uma escola mais eficiente são iguais nos dois países

A realidade vivida por diretores de escolas públicas dos Estados Unidos é muito mais parecida com a dos brasileiros do que se imagina. Assim como no Brasil, pobreza, violência, drogas e desempenho insuficiente também são questões a serem enfrentadas pelos educadores norte-americanos. E pelas experiências relatadas no seminário Gestão Escolar: experiências brasileiras e norte-americanas, que aconteceu na semana passada na Secretaria de Estado da Educação, nos dois países as escolas podem ser um caminho para a solução desses problemas.

No seminário, assistido por mais de 300 supervisores de ensino, houve palestras sobre gestão escolar nos dois países. Seis diretores de escolas estaduais de São Paulo falaram sobre a realidade de suas escolas, seus desafios e possibilidades. Depois, oito diretores de escolas norte-americanas traçaram um panorama da educação e do papel dos diretores nos Estados Unidos. A intenção do seminário é alargar os horizontes culturais e a visão educacional dos envolvidos por meio da troca de experiências, além de estabelecer perspectivas de intercâmbio entre educadores dos dois países.

“Foi uma experiência enriquecedora”, disse a diretora Suzy Rocha Ribeiro. “Existem muito mais coisas em comum entre nós e os diretores americanos do que eu imaginava. E percebemos que nosso trabalho, mesmo com menos possibilidades financeiras, está no caminho certo”.

No seminário, Suzy contou sua experiência à frente da Escola Estadual Jardim Iguatemi, na zona leste de São Paulo. “Quando assumi a direção, em 2002, foram feitos 12 boletins de ocorrência por causa de atos violentos na escola. Nos últimos dois anos, não houve nenhum”. Isso foi conseguido com um projeto pedagógico inovador que incentiva a autonomia dos alunos, a integração entre professores de várias disciplinas e a participação da comunidade. Concursos literários, palestras de escritores, visitas a museus e exposições de arte foram alguns dos recursos utilizados. Como resultado, a escola de 2.400 alunos conseguiu melhores resultados em exames como Saresp e Enem, reduziu os índices de faltas e de evasão e obteve um envolvimento maior dos professores no projeto pedagógico.  

A importância do envolvimento do professor no processo educacional foi citada como fator mais importante para o sucesso da escola pelo norte-americano Daryl Farnum Rock, diretor da Benjamin Banneker Academy for Comunity Development, uma escola pública de ensino médio de um bairro carente de Nova York que conseguiu melhorar significativamente o desempenho de seus alunos nos exames escolares dos Estados Unidos. “O mais importante é o afeto que o professor sente por seus alunos porque isso não se ensina”, disse Daryl. “Conteúdo e pedagogia você aprende, mas afeto não”.

Brian Delgado, diretor de apoio ao estudante da escola High Tech Hight, em San Diego, Califórnia, destacou a importância de o aluno ser conhecido pelos educadores. “Para isso, o ideal são escolas pequenas”, disse Brian. Segundo ele, o trabalho do diretor é superar obstáculos para que os professores e os alunos sejam os verdadeiros donos da escola.

O seminário faz parte do Programa de Intercâmbio de Diretores Escolares, organizado pelo Consed (Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação) e pela Embaixada dos Estados Unidos. Posteriormente, um grupo de diretores de escolas estaduais paulistas irá aos Estados Unidos para falar sobre sua experiência aos colegas norte-americanos.

Além da diretora Suzy Rocha Ribeiro, o seminário teve apresentações de Dalva dos Santos, diretora da Escola Estadual Roberta Maria Lopes Chaves, em Guarulhos, Mirna Bonazzi, da Escola Estadual Dr. Eduardo Vaz, de Taboão da Serra, Maria Arlete Lima da Silva, da Escola Estadual Professora Castinauta de Barros Melo Albuquerque, de Campinas, e Vera Ribeiro dos Santos, da Escola Estadual Euclides Bueno Miragaia, de São José dos Campos.

Dos Estados Unidos, falaram Meredith Pike-Baky, coordenadora de projetos que trabalha com 12 escolas públicas em Larkspur, na Califórnia, Nancy Gusman, diretora de uma escola pública em Charlotte, na Carolina do Norte, Terri Grace Rennard, vice-diretora de uma escola pública em Long Beach, na Califórnia, Linda Harwick, diretora de uma escola pública em Cleveland, Ohio, Randy Jensen, diretor de escola em American Falls, Idaho, e Kevin Butler, diretor de uma escola de Kansas City, Missouri, que atende alunos que foram suspensos ou expulsos de outras instituições.

No final, diretores e supervisores de ensino saíram do seminário satisfeitos e enriquecidos com a troca de experiências entre os educadores. “Os relatos dos colegas norte-americanos me deram muitas idéias que pretendo colocar em prática na minha escola”, disse a diretora Suzy Rocha Ribeiro.