Em entrevista a rádios do Interior, a coordenadora Sônia Maria Silva diz que o professor tem que gerir seu aperfeiçoamento
A oferta de programas de capacitação para professores da rede pública estadual atingiu, na administração do governador Geraldo Alckmin, um nível nunca visto na história dos docentes e gestores das escolas de São Paulo. A informação foi transmitida hoje, 27, pela titular da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas (CENP) da Secretaria de Estado da Educação, Sônia Maria Silva, ao falar para as cidades de Botucatu, São Carlos, Itu, Bauru e Bragança Paulista, durante a programação das rádios Clube FM, Jovem Pan AM, Convenção AM, Jovem Auriverde AM e Bragança AM.
Sônia Silva enfatizou a responsabilidade que o professor tem de gerir seu aperfeiçoamento, participando dos programas de capacitação que são oferecidos. “O professor da rede pública só não se atualiza, hoje, se não quiser, porque a formação continuada está ao alcance de todos. Com a política de descentralização de recursos implantada pela Secretaria de Educação, as Diretorias de Ensino – e são 89 DEs em todo o Estado – podem contratar cursos nas universidades locais, de 40 até 80 horas, abertos a todo educador interessado em aperfeiçoamento”, disse a coordenadora.
Nessa política de capacitação constante adotada pela SEE, que passa não só pelo conteúdo acadêmico, mas também pela arte, pela cultura e até a experiência de aprendizado em outros países, alguns programas foram destacados pela professora Sônia Maria Silva, mostrando a abrangência dos cursos de formação para os educadores e o investimento de recursos, que em 2005 já atinge R$ 106 milhões. “Em 2003, a CENP investiu R$ 53 milhões em capacitação, valor que dobrou em 2004, chegando a R$ 112 milhões”.
Um programa de reconhecida importância é o Letra Vida , curso de Formação de Professores Alfabetizadores com o objetivo de formar melhor o professor que ensina a ler e a escrever no Ensino Fundamental, envolvendo crianças jovens e adultos. O universo cultural desses educadores também é trabalhado no Letra e Vida , com filmes, indicação de livros e outras vertentes, para que tenham mais elementos para criar em sala de aula. Sônia Silva explicou que esse aperfeiçoamento é importante para o professor que lida com as séries iniciais, “porque ele aprenderá a trabalhar a diversidade dos seus alunos, pois cada criança tem seu tempo de aprendizagem, tem um ritmo próprio que precisa ser respeitado”.
Segundo ela, às vezes um aluno mostra dificuldades em outras disciplinas que não a leitura e escrita, como Matemática e Ciências, por exemplo. “Na maioria das vezes”, esclarece a professora Sônia, “a dificuldade não é com essas disciplinas e sim com o entendimento do enunciado do problema, ele não sabe interpretar. A competência de leitura e escrita é fundamental para que a criança apreenda todas as áreas do currículo e não chegue à 5ª série com dificuldade de leitura e interpretação”.
Hoje, o programa atinge 32 mil professores na rede estadual, com previsão de formar um total de 45 mil educadores até o final de 2006. A grande novidade deste ano é a parceria que o Letra e Vida firmou com 418 municípios paulistas, levando a formação para 29 mil professores das escolas municipais.
Na pós-graduação
Um gestor envolvido com a sua escola e o entorno dela, sem o perfil do burocrata, articulado com a comunidade e ouvinte atento dos seus anseios. Assim deverão atuar os seis mil gestores que farão, a partir de novembro, o primeiro curso de especialização Latu Sensu em Gestão Educacional, realizado pela Secretaria de Educação/CENP, em parceria com a Unicamp. O curso dará ênfase à formação do líder comunitário, com condições para difundir o empreendedorismo social.
“O propósito é que esse gestor, além de subsidiar a prática pedagógica, saia dos limites da escola para buscar parcerias e crie, naquela comunidade, a noção do pertencimento. Ou seja, fazer de segunda à sexta-feira aquilo que já acontece todos os fins de semana com o Programa Escola da Família: a escola se apropria do bairro e o bairro se apropria da escola. Um dos módulos da especialização traz o conteúdo da Cidade Escola Aprendiz, a ONG criada pelo jornalista Gilberto Dimenstein com foco em educação comunitária e que vai trabalhar na direção de criar esse espaço educativo bairro-escola”.
Outro tema de interesse na área de capacitação são os cursos de extensão universitária que educadores da rede estadual vêm fazendo no Exterior. Há dois meses, voltou da Universidade de Salamanca, na Espanha, um grupo de 30 professores que foram para aprender Língua e Cultura Espanhola, num curso de um mês. O programa, em parceria com o Banco Santander/Banespa, já levou 30 professores para a mesma universidade, em 2004, e selecionará outros 30 para o curso em julho de 2006.
Em novembro, 33 professores seguirão para mestrado na Universidade de Londres. “O compromisso desses educadores é trazer para sala de aula aquilo que aprenderam, trocar com os alunos a experiência e criar com eles situações lúdicas de aprendizado de uma outra cultura. Assim, eles voltam para a rede mais preparados; no caso, no ensino de Inglês e de Espanhol. Uma nova parceria está para ser fechada com universidade em Portugal, com formação para professores de História e de Língua Portuguesa”, adiantou a coordenadora da CENP.
O Programa Bolsa Mestrado é outra vertente da capacitação para professores da rede pública estadual. Sônia Silva disse que já são 1.372 professores matriculados em universidades de várias regiões do Estado, patrocinados pelo governo de São Paulo. “Qualquer professor que tenha um projeto de pesquisa pode se inscrever na sua diretoria de ensino, que analisará o projeto segundo as normas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), órgão do Ministério da Educação. Aprovado, ele fará o seu mestrado. São possibilidades que a Secretaria de Educação oferece para formar um professor mais capacitado em todas as áreas do saber”, observou a coordenadora da CENP.
Vera Souza Dantas