Educação em Saúde Mamária. O tema, a princípio, pode parecer estranho no que diz respeito ao dia-a-dia de uma sala de aula. Mas não é, se levarmos em conta os objetivos do Instituto Se Toque, parceiro da Secretaria da Educação na iniciativa lançada nesta segunda-feira, dia 25, durante uma videoconferência para 120 educadores das Diretorias de Ensino Campinas Leste e Oeste. A transmissão feita dos estúdios da Rede do Saber, na sede da Secretaria, contou com as presenças da secretária de Estado da Educação, Maria Lucia Vasconcelos, e da presidente do Fundo Social de Solidariedade e Desenvolvimento Social e Cultural do Estado, Monica Serra, idealizadora do Instituto .
A idéia, que já foi implantada com sucesso na rede municipal, é transformar crianças e adolescentes em agentes de mudança dos hábitos de prevenção de doenças como o câncer de mama nas próprias famílias. “O câncer é uma doença que ainda hoje assusta. Mas eu estou aqui na condição de quem teve câncer de mama e se recuperou. A vida às vezes nos dá algumas oportunidades e não podemos desperdiçá-las. Se eu não tivesse feito os exames preventivos anuais não estaria aqui dizendo a vocês que eu tive câncer.”
Maria Lucia lembra que a doença ficou para trás. “Hoje não tenho mais câncer. Passei por uma fase difícil e ela agora está terminando. Vou contar isso como uma história do passado porque eu fui obediente, disciplinada, e no meu caso, o tumor foi percebido logo no começo”, revelou Maria Lucia ao afirmar o quanto a prevenção e o diagnóstico na fase inicial são decisivos no processo de cura.
Bons resultados
Animada com resultados anteriores, Monica Serra explicou que a preocupação da mulher em se prevenir passou a ser maior após a implantação da campanha na rede municipal de ensino. “A procura pelo exame de mamografia aumentou em quatro vezes nos locais por onde a iniciativa já passou. Agora nossa idéia está sendo exportada para o Panamá, Costa Rica e Chile”, comemorou a primeira-dama.
Monica Serra também explicou detalhes sobre o Colar da Vida, idealizado por ela a partir de uma ação do Instituto Se Toque, presidido por Lucia Maria Bludeni. Trata-se de um colar de pérolas sintéticas, e os diferentes tamanhos das bolinhas estão associados ao grau de periculosidade dos nódulos – detectáveis por meio do auto-exame – e as respectivas chances de cura. A peça será distribuída gratuitamente aos alunos e professores das escolas públicas visitadas pela campanha. “Queremos que as crianças levem o Colar da Vida para casa. Assim as crianças irão sempre se referir ao colar como um símbolo de prevenção, lembrando as mães sobre a importância de se cuidar”, complementou Monica.
Mais sobre o Se Toque
Durante a videoconferência conduzida pelas professoras Eleuza Guazzelli, da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas (Cenp), e Mary Kawauchi, coordenadora do Programa Escola da Família, com a participação de Alexandre Travassos, do Instituto Se Toque, foi confirmado que a iniciativa será desenvolvida nesta primeira fase com alunos das séries finais do ensino fundamental (5ª a 8ª).
Palavra de especialista
A transmissão para supervisores de ensino, assistentes técnico-pedagógicos (ATPs) de Ciências e do Escola da Família e educadores profissionais possibilitou ainda que o médico Eduardo Blanco, com doutorado em Radiologia e pós-doutorado em Ginecologia pela USP, explicasse detalhes da doença e tirasse dúvidas dos educadores de Campinas ao vivo.
Usando uma linguagem simples e direta, o especialista usou slides para mostrar como o câncer atinge o seio, como funciona o procedimento cirúrgico para retirá-lo, e quais os principais fatores de risco da doença. Blanco revelou que mulheres acima dos 50 anos são as mais propensas a desenvolver a doença. As que têm outros casos na família (mãe, irmã etc) e sofrem de obesidade também estão mais sujeitas a desenvolver o tumor de mama.
Próximas etapas
A próxima etapa do processo de implantação do Se Toque será dia 14 de julho, com a realização de uma orientação técnica para educadores universitários (2 de cada escola de Campinas) e monitores educacionais. A vivência terá como objetivo a elaboração de um projeto. Depois disso, a campanha será finalmente levada à comunidade por meio da equipe do Programa Escola da Família. A idéia deverá chegar ainda às Diretorias de Ensino de Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Sorocaba e Marília.
Celso Bandarra