O primeiro final de semana do Escola da Família em 2004 teve, além do retorno das atividades nas mais de 5 mil escolas que participam do Programa, um grande encontro para os seus coordenadores. Dirigentes Regionais, Supervisores, Assistentes Técnico-Pedagógicos (ATP) e Coordenadores de Área se reuniram durante quatro dias em Águas de Lindóia para trocar experiência, participar de oficinas, conversar sobre questões vivenciadas por eles e se programar para uma nova etapa do Programa.
A programação do final de semana foi extensa e exigiu muita dedicação e compromisso por parte dos participantes. A abertura do evento foi no mesmo dia da chegada, no dia 9, sexta-feira. A mesa foi composta pela Coordenadora Executiva do Programa, Cristina Cordeiro; pela Assessora Pedagógica da SEE, Profª Leila Iannone; pela Coordenadora da CENP – Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas-, Profª Sônia Silva e pela representante da UNESCO em São Paulo, Âmbar de Barros. Este primeiro encontro foi um momento de boas vindas e de reforço da importância de encontros como esse para o sucesso do Escola da Família.
A manhã do sábado foi extremamente rica para o início deste processo de imersão no Programa, pelo qual os coordenadores passaram. O Profº Paulo César Carrano ministrou a palestra e começou o dia convidando os educadores a refletirem a respeito de qual é a paz que vale a pena. O palestrante deixou claro a existência da paz “do cemitério” – que implica na utilização do medo, da obediência e da submissão para manter uma situação de acomodação e de conforto aparente – e da paz ativa, em qual o Programa acredita e pelo qual ele luta. Na seqüência, Tchaurea Gusmão – Coordenadora Executiva do Programa Escola Aberta – fez um Relato de Experiência sobre as escolas abertas em Pernambuco, Estado onde funciona o programa. O depoimento revelou algumas características locais e a importância de respeitar estas diferenças como forma de se buscar um ideal comum: as escolas como espaços de Paz.
Ainda no sábado, a Profª Leila apresentou aos participantes os resultados da pesquisa externa realizada pela Unesp no mês de dezembro. Um fator interessante foi que os coordenadores confirmaram, através da pesquisa, dados em que acreditavam empiricamente desde o começo: a satisfação das comunidades, a utilização, principalmente por pessoas mais carentes, de equipamentos e espaços escolares para a consolidação da cidadania e, principalmente, a confirmação de que o Programa cumpre suas finalidades e apresenta impactos favoráveis no dia-a-dia da escola. O evento encerrou o dia com a apresentação de uma peça que divertiu o público e os fez refletir a respeito da escola enquanto instituição já consolidada e seus desafios atuais.
O domingo foi dividido entre a realização de oficinas com o grupo da Coordenação Geral do Programa e a exibição e discussão do filme “Tiros em Columbine”. Enquanto os grupos das oficinas falavam sobre seus anseios, suas próprias expectativas e tentavam juntos encontrar novos caminhos através da reflexão, o filme usou um caso americano para discutir a violência. O caso documentado em filme foi ponto de apoio para que os educadores transportassem para o cotidiano de suas escolas seus receios em relação ao tema e a vontade de educarem uma nova geração que busque soluções na paz e não na violência.
Antes de descansarem para o dia de encerramento, o grupo se encontrou mais uma vez durante a palestra da Profª Emilia Cipriano. A palestra “Construindo falou sobre a contradição atual em que a ética é extremamente discutida, mas pouco praticada, ressaltou que o trabalho social dentro da escola é, hoje, condição primordial para que ela sobreviva e destacou que a busca por resultados rápidos pode, às vezes, ir de encontro à consolidação de grandes conquistas.
Ana Paula Teixeira