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terça-feira, 14/06/2005
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Solidariedade também se aprende na escola

Estudiosos do tema consideram que o voluntariado educativo proporciona seis tipos de benefícios a quem o pratica Poucas atividades têm o poder de, ao mesmo tempo, melhorar a qualidade da […]

Estudiosos do tema consideram que o voluntariado educativo proporciona seis tipos de benefícios a quem o pratica

Poucas atividades têm o poder de, ao mesmo tempo, melhorar a qualidade da educação, transformar a escola em um ambiente de convivência solidária e preparar o educando para uma antecipação cidadã. O voluntariado educativo é uma delas. Consolidar a sua cultura no Brasil, estimulando-o entre os jovens como instrumento para a construção de um país socialmente mais justo, é a missão do Faça Parte -Instituto Brasil Voluntário desde que foi criado, em 2001.

Para ser educativo, o voluntariado deve combinar a formação escolar com responsabilidade e compromisso sociais. Mais importante do que o desempenho em si da ação voluntária é a sua articulação com os saberes escolares. Estudiosos consideram que o voluntariado educativo proporciona seis tipos de benefícios a quem o pratica O primeiro é de ordem cognitiva. No exercício do trabalho voluntário, sabe-se que um jovem aprende mais e melhor. Do ponto de vista pedagógico, o voluntariado pode enriquecer a abordagem dos temas transversais contribuindo, assim, para a apreensão dos conteúdos de diversas disciplinas, na medida em que permite conjugar teoria com uma prática relevante e humanizadora.

Ao envolver o jovem, por exemplo, na tarefa de fazer a contabilidade de uma creche, redigir cartas para operários analfabetos, desenvolver uma campanha para uso racional de energia ou mesmo conhecer um determinado período histórico por meio do relato de idosos, a prática do voluntariado acaba por fixar melhor, respectivamente, conhecimentos de matemática, português, ciências e historia.

Pesquisa norte-americana atesta que ensinar, fazer na prática e discutir em grupo, atividades inerentes ao trabalho voluntário, ampliam a fixação de conceitos. E são muito mais eficazes do que as tradicionais aulas expositivas, a leitura e as demonstrações. O voluntariado educativo renova a escola, reforçando não apenas o seu papel como um espaço de cidadania mas incorporando alguns de seus pressupostos, como orientar para uma aprendizagem vinculada à vida real e formar espíritos críticos, autônomos e criativos. O segundo benefício é cívico. O trabalho voluntário convida à participação comunitária. Desperta uma consciência de deveres e, mais, o senso de pertencimento a uma coletividade. Ao tomar parte os problemas do seu bairro, o jovem exercita a reflexão, a análise e a capacidade de solução. Tende, portanto, a se tornar um cidadão consciente de suas responsabilidades e mais disposto a mudar o que está à volta. O terceiro benefício é de ordem ética. O voluntariado constitui terreno fértil para a semeadura de valores elevados, como a solidariedade. O compromisso pelo qual as pessoas se obrigam umas às outras e cada uma delas a todas não se desenvolve no plano cognitivo. Representa um valor concernente ao espírito humano que só pode ser modelado a partir de práticas e vivências. Uma das características mais interessantes do trabalho voluntário é que ele transforma tanto quem recebe

como quem doa, proporcionando crescimento mútuo. Na contramão da lógica individualista, ensina a valorizar o outro e a reconhecer-se nele, a lidar com as diferenças e a desenvolver relacionamentos mais saudáveis.

MILÚ VILLELA