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quarta-feira, 16/05/2018
Alimentação Escolar

Videoconferência sobre Plantas Alimentícias Não Convencionais será no dia 22 de maio

A iniciativa visa a conscientização para o cultivo das PANC’s como alternativa de alimentação saudável

Toda terceira semana de maio, na Secretaria da Educação se comemora a Semana de Educação Alimentar. Em 2018, o tema é “Educação Alimentar e Nutricional – como inovar na sua escola através das seguintes ferramentas de ensino: hortas contemporâneas, hortas alternativas e PANC’s”. Com isso, haverá no dia 22 de maio, às 14h30, uma videoconferência sobre “Hortas Escolares: Permacultura e PANC”.

As PANC’s (Plantas Alimentícias Não Convencionais) são alimentos naturais que as pessoas não comem simplesmente pela falta de costume ou por não terem o conhecimento de que podem ser consumidas. Com isso, o Programa Escola da Família sentiu a necessidade de encontrar um parceiro com bastante experiencia no assunto para que o tema fosse debatido na Educação estadual. “Foi o PEF que trouxe o Instituto Kairós para conversar com a gente sobre esse assunto”, lembra Giorgia Russo Tavares, assessora de Gabinete e Nutricionista.

“Quando conhecemos o que são as PANC, a equipe PEF/DAAA/CGEB foi na Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) conhecer o trabalho que é feito por lá. E a gente enxergou que se trata de plantas extremamente nutritivas e que se adaptam ao nosso Meio Ambiente. Ou seja, não precisam de muita manutenção para crescerem. É uma grande opção para as nossas hortas escolares”, completa Giorgia Russo.

Domenica Leonel Verrone, assessor técnico I do Centro de Serviços de Nutrição da Secretaria da Educação, esteve juntamente com a Giorgia na plantação da USP. “A horta é linda! A gente visitou e experimentou os alimentos. É toda feita em caixas de isopor e em galões d’água cortados ao meio. Eu até fiquei imaginando como uma horta tão bonita consegue sobreviver no centro de São Paulo”, conta Domênica.

No dia da visitação, um técnico foi colhendo e relatando o que era cada planta e para que servia. Depois, todos se reuniram na cozinha experimental, onde as folhas foram lavadas e preparadas para que pudessem provar os sabores. “Eu gostei da salada de manga verde e do bolo de beldroega, que tem valor nutricional bem alto”, comenta Domênica aos risos.

Segundo Giorgia Russo, o Instituto Kairós vivenciou muitas hortas nas escolas da prefeitura, e agora está trazendo essa vivência para as escolas estaduais. “Enquanto nossas hortas morrem durante as férias, com a PANC é o contrário. Elas dominam o espaço, crescem facilmente. Então é uma opção muito boa”, esclarece a nutricionista.

A ação, que será exposta na videoconferência, dá continuidade ao trabalho da equipe de Educação Ambiental da CGEB – Coordenadoria de Gestão da Educação Básica, que fala sobre sustentabilidade e permacultura. As hortas escolares são ferramentas importantes para trabalhar a educação saudável e o Meio Ambiente. Geralmente, é comum que as hortas plantadas nas escolas sofram com as férias escolares, pois as ações de cultivo diminuem com a ausência dos estudantes.

Ana Maria Stuginski, do Programa Escola da Família e chefe do Departamento de Mobilização Escola Comunidade da FDE/SEE esclarece que a intenção é “expandir essa cultura de cultivo das PANC’s em escolas com espaços destinados às hortas, pois são fáceis de serem cultivadas, diferentemente das hortaliças”, entende. “E outra coisa, é a comunidade se apropriando disso. Reavivar a cultura das PANC’s é muito bom”, completa Ana Maria.

Sobre a parceria com o Instituto Kairós, Ana Maria vibra por que cada parceiro tem as suas especificidades que talvez a própria Secretaria da Educação ainda não tenha, e “a riqueza das parecerias está aí”, acredita a chefe do Departamento de Mobilização Escola Comunidade da FDE/SEE. Para ela, a VC servirá para conscientizar as escolas sobre a importância de recuperar a cultura do cultivo de Plantas Alimentícias Não Convencionais.

As PANC’s não são algo novo. Pelo contrário, elas sempre existiram, e o ideal é procurar caminhos para que cada vez mais a comunidade escolar se aproxime do natural. “E a escola é um caminho fértil, pois consegue contribuir para a construção de uma cultura mais consciente para o consumo de alimentos. Para que as crianças sejam mais críticas sobre o que estão consumindo”, elucida Ana Maria Stuginski.

A natureza nos oferece uma abundância de plantas comestíveis. No entanto, com o avanço o mercado foi industrializando o setor alimentício, e com o tempo o molde de alimentação foi ficando restrito. As pessoas, quando querem comer um macarrão ao molho sugo, logo identificam o vermelho do molho ao tomate. Mas, se esquecem que a fruta é sazonal. “Com as PANC’s você tem condições de diversificar. Então o conceito muda, ao invés de comer um molho de tomate você come um molho vermelho, que pode ser feito de diversas maneiras”, ilustra Ana Flávia Borges Baduê, do Instituto Kairós.

A programação da VC conta com a abertura do Instituto Kairós, que falará sobre conceitos e formas de cultivo, seguida pela equipe da CGEB Educação Ambiental, que fará um link do tema com o currículo do Estado. Depois, o DAAA (Departamento de Alimentação e Assistência ao Aluno) trará informações sobre os aspectos nutricionais e também como utilizar as PANC’s (Plantas Alimentícias Não Convencionais) no PNAE. Por fim, o Programa Escola da Família relatará as oficinas sobre PANCs e Sustentabilidade para as famílias.

Neste contexto, o DAAA, por meio do Centro de Supervisão e Controle do Programa de Alimentação Escolar (CEPAE), incentiva que as Diretorias de Ensino e as unidades escolares promovam ações educativas, visando ampliar continuamente o conceito de alimentação acessível, saudável e saborosa, com o objetivo de promover saúde e qualidade de vida à comunidade escolar.

Alimentação consciente

Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), um terço dos alimentos produzidos no mundo é desperdiçado anualmente. O desperdício de frutas e hortaliças consumidas no Brasil chega a ser de 20% a 30%, desde a colheita até a mesa do consumidor.

Em contrapartida, 1,7% da população brasileira ainda vive em estado de insegurança alimentar. No entanto, a quantidade exagerada de alimentos desperdiçados seria suficiente para diminuir a fome de parte significativa da população. Nesse cenário, o aproveitamento integral dos alimentos vem de encontro às ações que visam minimizar esse problema de saúde pública.

Os resíduos vegetais descartados, habitualmente, não fazem parte do nosso cardápio, muitas vezes por falta de informação e conhecimento dos benefícios desses alimentos e das formas corretas de preparo. A utilização de cascas, folhas e talos pode diminuir os gastos com alimentação, melhorar qualidade nutricional das refeições e reduzir o desperdício de alimentos.

Utilizar as folhas, as cascas e os talos de alimentos só gera benefícios, como: preparações mais nutritivas; maior economia na renda familiar; variação do cardápio; diminuição do desperdício; aquisição de novas técnicas culinárias e receitas; criação de novas preparações; melhor utilização dos recursos, promovendo a sustentabilidade; partes não convencionais (folhas, talos, cascas e sementes) são muitas vezes mais nutritivas que o alimento comumente consumido.