Foi com o objetivo de conscientizar os adolescentes sobre a violência doméstica contra a mulher, que a psicóloga e professora de ciências Valdeti da Silva, da E.E. Miguel Munhoz Filho, na região Sul da capital, criou o projeto “Dia Internacional da Mulher”. A estratégia utilizada inclui palestras e debates abertos sobre casos famosos de violência e fatos próximos aos alunos, todos os anos na semana de 8 de março.
Valdeti tem 42 anos e dedica 22 deles à educação pública, deu início ao projeto quando ouviu de uma aluna o relato da perda de uma tia por violência doméstica. “Como educadora, me sinto na obrigação de ajudar os meus alunos, de mostrar para eles que eles não estão sozinhos”, disse.
O trabalho começou em 2011, apenas com os alunos das turmas em que a professora lecionava, mas aos poucos foi ganhando adesão de outros professores e hoje contempla toda a unidade, que atende cerca de 1.700 alunos dos Anos Finais e Ensino Médio. Valdeti explica que no início do ano, o projeto é pauta no planejamento escolar.
“Cada professor trabalha uma determinada área do assunto. O professor de História, por exemplo, apresenta referências históricas do feminismo e da força que a mulher foi conquistando na sociedade. Eu fico com a parte de apresentar casos famosos de violência contra a mulher e também de ouvir as histórias que os alunos compartilham, amparada pela Lei Maria da Penha”, explicou a professora.
Durante a execução do projeto, os alunos são convidados a compartilhar com os colegas casos próximos de violência, mas aqueles que não se sentem confortáveis em dividir a experiência em grupo, procuram o auxílio individual da professora. “Eu sinto que eles confiam em mim, que eles se sentem seguros e eu os encorajo a pedirem ajuda, a se prevenirem, a evitar o ciclo repetitivo no ambiente familiar. Eu mostro os meios para eles não se calarem”, disse.
Para a educadora, o principal objetivo do projeto é causar um impacto na vida dos adolescentes que se perceba na sala de aula e que diminua a incidência de violência também no ambiente escolar. “Nós sentimos que os alunos estão se respeitando mais, que quando acontece alguma ocorrência na escola, eles mesmos já tentam resolver, porque nós buscamos transmitir os valores não somente de respeito à mulher, mas de toda a sociedade”, explicou.
Valdeti é uma das quase 200 mil servidoras da rede estadual de ensino que mostram que pequenos gestos podem fazer a diferença. “Ser mulher é uma conquista diária e uma luta contínua. Eu tenho orgulho de ser mulher e de estarmos cada vez mais conquistando muitas áreas, mas a luta ainda não terminou”.